A construtora Andrade Gutierrez confessou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ter feito parte de um cartel que dividiu a construção de pelo menos oito arenas da Copa do Mundo de 2014. A empreiteira mineira revelou ainda que o conluio envolveu até o Estádio do Morumbi (SP), que depois acabou ficando fora da Copa.
As informações constam de um novo acordo de leniência da Andrade com o Cade divulgado ontem. Além da construtora mineira, também participaram Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Carioca Engenharia e Queiroz Galvão.
O Cade tem detalhes de cinco arenas construídas pelo cartel: Castelão (Fortaleza), Dunas (Natal), Maracanã (Rio), Pernambuco e Fonte Nova (Salvador). Nelas, a Andrade tomou parte. Nas demais, a construtora entregou documentos mostrando a participação de concorrentes. Dois deles foram mantidos em sigilo porque estão sob investigação no âmbito da Operação Lava Jato.
Segundo o superintendente-geral do Cade, Eduardo Frade Rodrigues, as investigações serão aprofundadas com provas fornecidas, inclusive, pelo próprio Ministério Públicol. De acordo com os documentos fornecidos, a Andrade disse ter conhecimento de que a Camargo Corrêa participou das reuniões da divisão dos estádios, mas só tinha interesse na reforma do Morumbi, cotado para o Mundial. A Camargo, porém, desistiu logo que a Arena Corinthians foi escolhida, em junho de 2010, para receber a abertura do evento. Não se sabe se o cartel também atuou no estádio do Corinthians.