O premiê italiano, Matteo Renzi, renunciou ontem após o Senado do país aprovar o orçamento de 2017, etapa prévia à demissão do chefe de governo. Depois de ter sua proposta de reforma constitucional derrotada em referendo, Renzi anunciou no domingo que deixaria o cargo de primeiro-ministro.
Na segunda-feira, contudo, o presidente Sergio Mattarella pediu que Renzi adiasse sua renúncia para depois da aprovação do orçamento de 2017. Inicialmente, a votação estava programada para sexta-feira, mas foi antecipada. "Sergio Mattarella me pediu para permanecer até a aprovação da lei orçamentária, e eu não podia me comportar como um menino que faz caprichos e leva a bola embora porque perdeu a partida", declarou o premiê na ocasião.
O premiê italiano havia proposto e defendido a reforma na Constituição, a maior mudança no texto desde a Segunda Guerra (1939-1945). Com sua ameaça de renunciar no caso de o referendo não ser aprovado, o voto passou a ser visto como uma maneira de punir o governo. O grau da derrota indica a dimensão da insatisfação.
Renzi assumiu o cargo em 2014 como uma promessa política. Mas sua popularidade está em queda devido à persistência dos entraves econômicos, apesar das promessas do governo.
O orçamento de € 27 bilhões reverte uma planejada alta no imposto sobre valor agregado. Especialistas avaliam que deve haver uma rápida formação de um governo interino, que possa ajudar a garantir a estabilidade em meio ao risco de crise bancária no país.
O que não se sabe é qual será a duração do próximo gabinete. A atual legislatura termina só em 2018, mas há pressões de todos os lados para que sejam realizadas eleições antecipadas já no primeiro semestre de 2017.