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Energia

- Publicada em 19 de Dezembro de 2016 às 18:18

Projetos eólicos esperam por obras de transmissão

Energia gerada pelo vento já representa aproximadamente 6,5% da matriz elétrica nacional

Energia gerada pelo vento já representa aproximadamente 6,5% da matriz elétrica nacional


BETO RODRIGUES/GRUPO CEEE/DIVULGAÇÃO/JC
Depois de registrar mais um ano sem novos contratos eólicos no Estado, os investidores do setor esperam que 2017 seja diferente. No entanto, para que novas usinas alimentadas com a força dos ventos possam ser erguidas no Rio Grande do Sul, será necessário que se resolva as limitações do sistema de transmissão na região.
Depois de registrar mais um ano sem novos contratos eólicos no Estado, os investidores do setor esperam que 2017 seja diferente. No entanto, para que novas usinas alimentadas com a força dos ventos possam ser erguidas no Rio Grande do Sul, será necessário que se resolva as limitações do sistema de transmissão na região.
O secretário estadual de Minas e Energia, Lucas Redecker, enfatiza que 2017, para a energia eólica no Rio Grande do Sul, dependerá diretamente da questão de obras de responsabilidade da Eletrosul. Há cerca de dois anos, a estatal federal arrematou o lote A do leilão de transmissão de energia que compreendia a construção de sete subestações e outras 14 ampliações, além de mais 18 linhas, atingindo R$ 3,2 bilhões em investimentos. A empresa, que não conseguiu terminar as estruturas contratadas, está encaminhando uma parceria com a Shanghai Electric para finalizar as ações. Redecker ressalta que existem diversos projetos eólicos gaúchos prontos para entrarem em um leilão (mecanismo que permite a comercialização da energia a ser produzida), quando o problema de transmissão for resolvido.
No final de novembro, quando participou de evento no parque eólico de Osório, o diretor geral do Operador Nacional do Sistema (ONS) Elétrico, Luiz Eduardo Barata, foi questionado se os empreendimentos eólicos do Rio Grande do Sul poderiam participar de algum certame já no primeiro semestre de 2017. Inicialmente, o dirigente afirmou que achava que ainda não. No entanto, em um segundo momento, Barata declarou que dependerá da Eletrosul conseguir equacionar a situação das obras. "Dizer agora, se vai poder ou não vai poder (ingressar em uma disputa), não seria muito prudente", comentou, posteriormente.
O sócio-diretor da Brain Energy Energias Renováveis Telmo Magadan argumenta que é fundamental que o planejamento da expansão da geração de energia ocorra em paralelo ao da transmissão. O empresário aposta suas fichas que no próximo leilão, a ser realizado em 2017, os complexos gaúchos poderão voltar a concorrer. "Toda a informação que se tem é que a Eletrosul está resolvendo isso", destaca.
A Brain Energy pretendia participar do último certame (marcado para o dia 19 de dezembro, que acabou cancelado pelo governo federal) com 150 MW eólicos (cerca de 4% da demanda elétrica gaúcha) a serem implementados no município de Tapes. A ideia é que esse projeto volte a ser inscrito nas disputas de 2017. O investimento previsto na estrutura é de cerca de R$ 800 milhões. Magadan destaca que a energia eólica cresceu cinco vezes mais do que se previa entre 2012 a 2016, chegando a cerca de 10 mil MW, representando aproximadamente 6,5% da matriz elétrica nacional. O executivo é um dos pioneiros no desenvolvimento da energia eólica no País, participando da construção do parque de Osório, a primeira usina dessa natureza a operar no Brasil, em 2006.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Energia Eólica do Rio Grande do Sul (Sindieólica-RS), Ricardo Rosito, é outro que frisa que é preciso, com a maior urgência, que as linhas que foram leiloadas em 2014 sejam concretizadas. "No mínimo, é importante ter um cronograma claro para os investidores terem a segurança para voltarem a investir", sustenta. O dirigente acrescenta que parte do Nordeste também passa por essa mesma dificuldade com linhas de transmissão em virtude da recuperação judicial da Abengoa.
O empresário cita ainda o problema da desaceleração econômica do País, que faz com que o consumo regrida e, consequentemente, diminuam as expectativas de demanda e volume de energia comprado nos leilões, causando até cancelamentos de certames. Rosito recorda que o leilão mais recente em que um projeto gaúcho saiu vencedor aconteceu em 2014, que viabilizou apenas R$ 200 milhões em investimentos. "O último ano que efetivamente tivemos grande êxito foi em 2013, com R$ 2,4 bilhões em aportes", considera o presidente do Sindieólica-RS.

ABEEólica aponta para necessidade de aumentar a oferta e alerta sobre risco hidrológico

O ano de 2017 será um desafio para a energia eólica no País, adianta a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum. A dirigente frisa que, como o Brasil está enfrentando turbulências econômicas e políticas, está diante de um debate sobre a demanda de eletricidade. "Fizemos um estudo muito profundo para mostrar ao governo que não há energia real de sobra no sistema", ressalta.
Conforme Elbia, existe sobra de contrato e não um excedente de garantia física. "Temos um saldo em teoria e papel, mas na prática e do ponto de vista operacional, foi superestimado e, além disso, desapareceria rapidamente em um cenário de baixa hidrologia ou recuperação econômica mínima", alerta. A dirigente enfatiza que a energia eólica tem sido fundamental nos últimos anos para o sistema elétrico e a indústria foi capaz de montar uma cadeia produtiva eficiente e com altos investimentos.
A presidente da ABEEólica afirma que a contratação de pelo menos 2 mil MW de energia eólica por ano é fundamental para dar um sinal de investimento e segurança para todo o setor. Dentro desse cenário, 2017, segundo Elbia, será um ano em que o governo brasileiro terá que tomar importantes medidas estratégicas e agir de forma clara para manter o segmento da energia eólica e mostrar seu compromisso com as questões climáticas.
O ano de 2017 será um desafio para a energia eólica no País, adianta a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum. A dirigente frisa que, como o Brasil está enfrentando turbulências econômicas e políticas, está diante de um debate sobre a demanda de eletricidade. "Fizemos um estudo muito profundo para mostrar ao governo que não há energia real de sobra no sistema", ressalta.
Conforme Elbia, existe sobra de contrato e não um excedente de garantia física. "Temos um saldo em teoria e papel, mas na prática e do ponto de vista operacional, foi superestimado e, além disso, desapareceria rapidamente em um cenário de baixa hidrologia ou recuperação econômica mínima", alerta. A dirigente enfatiza que a energia eólica tem sido fundamental nos últimos anos para o sistema elétrico e a indústria foi capaz de montar uma cadeia produtiva eficiente e com altos investimentos.
A presidente da ABEEólica afirma que a contratação de pelo menos 2 mil MW de energia eólica por ano é fundamental para dar um sinal de investimento e segurança para todo o setor. Dentro desse cenário, 2017, segundo Elbia, será um ano em que o governo brasileiro terá que tomar importantes medidas estratégicas e agir de forma clara para manter o segmento da energia eólica e mostrar seu compromisso com as questões climáticas.