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Economia

- Publicada em 15 de Dezembro de 2016 às 22:36

Para Fetag, 2016 'maltratou' produtor familiar

Dirigentes da federação apresentaram balanço e expectativas do setor

Dirigentes da federação apresentaram balanço e expectativas do setor


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Guilherme Daroit
Mesmo com uma produção de alimentos dentro da normalidade, 2016 não deixará saudades à agricultura familiar gaúcha. As dificuldades na tomada de crédito, a alta nos custos de insumos e a queda nos preços pagos aos produtores em boa parte das culturas são apontados como marcas de um ano que não agradou aos pequenos e médios agricultores. "Só não dizemos que é um ano para esquecer, porque, para não repetir os erros no futuro, precisamos lembrar de 2016, que maltratou bastante o setor", argumenta o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag), Carlos Joel da Silva.
Mesmo com uma produção de alimentos dentro da normalidade, 2016 não deixará saudades à agricultura familiar gaúcha. As dificuldades na tomada de crédito, a alta nos custos de insumos e a queda nos preços pagos aos produtores em boa parte das culturas são apontados como marcas de um ano que não agradou aos pequenos e médios agricultores. "Só não dizemos que é um ano para esquecer, porque, para não repetir os erros no futuro, precisamos lembrar de 2016, que maltratou bastante o setor", argumenta o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag), Carlos Joel da Silva.
Entre as principais críticas da entidade, que concedeu coletiva de imprensa de balanço de fim de ano nesta quinta-feira, está a redução nos financiamentos. Seguindo estatísticas do Banco Central, a Fetag acusa 148.830 contratos assinados via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) no Estado neste segundo semestre. Isso significa uma queda de 11% em relação a 2015. Já no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), a redução é ainda maior, de 19% - foram 17.434 os contratos assinados no período.
Em termos de valores totais, houve aumento de 1% em termos nominais no Pronaf, para R$ 3,45 bilhões, e queda de 28% no Pronamp, para 1,53 bilhão, mas ambos significam redução real quando se leva em conta a inflação. Sem crédito junto aos bancos, argumenta a entidade, os produtores precisam buscar financiamento junto às indústrias ou outros meios. O problema é que, assim, ficam excluídos do seguro rural, sem garantias aos riscos de intempéries.
O aumento dos juros no mais recente Plano Safra também teria gerado um impacto de R$ 102 milhões ao Rio Grande do Sul. "Tudo isso afeta diretamente a agricultura, pois é menos dinheiro no bolso para os produtores", defende Silva. A situação é agravada, na visão da entidade, pelo aumento médio de 13% no custo dos insumos em relação a 2015, seguido por quedas nos preços em várias culturas.
A soja (-9,4%), o trigo (-20,72%) e os suínos (-8,9%) foram usados como exemplos de produtos que tiveram redução nos preços pagos aos produtores. A Fetag bate os dados com o aumento de 7,11% no valor da farinha de trigo e de 7% no óleo de soja para questionar quem lucra com o sistema. "Alguém está ganhando, mas não é o produtor. O agricultor perde em uma ponta e, mesmo assim, o consumidor paga mais caro na outra, por isso que o produtor chora", defende Silva.
Questionado sobre para onde iria o dinheiro, Silva afirmou haver uma "caixa preta" nas informações nesse sentido, e lembrou que a indústria também diz não ser ela. "Alguém explora a cadeia. E ganha tanto quando vai bem como quando vai mal", ressalta Silva.
Para 2017, apesar das críticas, a Fetag acredita que os produtores continuarão plantando, mas vê novos problemas quanto à comercialização da produção. A recessão do País e o aumento do desemprego tendem a reduzir ainda mais a aquisição de alimentos pela população, na visão de Silva. Ao contrário do grande produtor, os pequenos não teriam capacidade de armazenagem nem diversidade de culturas para se proteger de problemas pontuais. "O familiar ainda tem o compromisso dos financiamentos, que precisa pagar de qualquer jeito", justifica Silva, sobre a falta de proteção à queda nos preços.
A entidade ainda aproveitou o evento para se posicionar quanto às medidas de ajustes em andamento. Em âmbito estadual, a Fetag criticou abertamente a proposta de extinção da Fundação Estadual de Pesquisa Agropécuária (Fepagro) e da Fundação de Economia e Estatística (FEE), além das mudanças no Laboratório Farmacêutico do Estado (Lafergs), hoje vinculado à também ameaçada Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (Fepps).
Já no nível federal, Silva criticou a falta de definição quanto à volta do Ministério do Desenvolvimento Agrário, a aprovação da PEC do Teto dos Gastos e, principalmente, a reforma da Previdência. "Quem mais lucra nesse País são os bancos, que são, também, quem mais deve", disparou o presidente, que defendeu auditoria na dívida pública, a tributação sobre lucros e o combate à sonegação como alternativas.
 
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