Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Economia

- Publicada em 08 de Dezembro de 2016 às 00:27

Farsul projeta safra recorde no próximo ano

Crítico do modelo de crédito e seguro rural, Gedeão Pereira defende adoção de planejamento plurianual

Crítico do modelo de crédito e seguro rural, Gedeão Pereira defende adoção de planejamento plurianual


TIAGO FRANCISCO/SISTEMA FARSUL/DIVULGAÇÃO/JC
Guilherme Daroit
Caso as previsões da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) se confirmem, 2017 deverá marcar mais uma quebra de recorde na produção de grãos no Rio Grande do Sul. A projeção da entidade é de uma safra de 33,4 milhões de toneladas, expansão de 6,2% em relação à última temporada. A grande expectativa é fruto, principalmente, de recorde também na área plantada, que passou dos 8,6 mil hectares, e de um clima que, segundo a Farsul, dá sinais iniciais positivos.
Caso as previsões da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) se confirmem, 2017 deverá marcar mais uma quebra de recorde na produção de grãos no Rio Grande do Sul. A projeção da entidade é de uma safra de 33,4 milhões de toneladas, expansão de 6,2% em relação à última temporada. A grande expectativa é fruto, principalmente, de recorde também na área plantada, que passou dos 8,6 mil hectares, e de um clima que, segundo a Farsul, dá sinais iniciais positivos.
"Se o clima ajudar, e o La Niña vem apresentando sinais moderados até aqui, teremos a maior produção da história gaúcha", afirmou o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, durante coletiva de fim de ano da entidade. Principal cultura do Estado, a soja deverá continuar sua expansão, chegando às 16,9 milhões de toneladas, aumento de 4,4% em relação a 2016. A grande parte do crescimento na área plantada, que deverá atingir 5,7 milhões de hectares, continua vindo da Metade Sul, para onde a cultura avança sobre áreas tipicamente de pecuária.
Mesmo assim, Gedeão afirma que a nova fronteira da soja acaba ajudando a própria criação de gado. "Tira-se essa área da pecuária por alguns meses, mas, depois da colheita, retorna ao criador com boas pastagens", afirma. A região Sul foi também a que mais sofreu em 2016, principalmente por conta das quebras na safra do arroz por conta das chuvas. Ao Norte, a situação foi melhor, com bons resultados em torno do tripé já consolidado na região: soja, milho e trigo.
Este último, aliás, depois de duas safras problemáticas, teve, neste inverno, um resultado melhor do que o esperado em termos de produção. A projeção da safra do trigo, ainda não completada, segue em torno das 2,2 milhões de toneladas, mas há indícios de que extrapolará esse patamar. "Não se surpreendam se passar das 2,7 milhões de toneladas", afirma o coordenador da Comissão de Trigo da entidade, Hamilton Jardim. A cultura, entretanto, sofre muito com os preços, que estão sendo praticados abaixo do preço mínimo. E, na visão da Farsul, com uma atuação tardia do governo federal nas políticas de garantia de preço.
"Não é possível que só consigamos empatar os custos, justo na nossa maior safra da história", argumenta Jardim. O coordenador atribui à soma da frustração com os preços e às grandes quebras de 2014 e 2015 a causa de pouco otimismo para o trigo em 2017. Entre as culturas mais relevantes, o cereal deve ser o único com perda de área (-7,4%), e de produção (-6,3%).
Uma das principais críticas da entidade foi reservada ao financiamento rural e ao seguro agrícola. Gedeão argumenta que a Farsul atua de forma a tornar o segmento mais próximo ao norte-americano, ou seja: planejamento plurianual (hoje, é feito safra a safra) e com cobertura também à qualidade dos grãos. "Hoje, se o produtor brasileiro tem algum problema de intempérie, é praticamente alijado do crédito no próximo Plano Safra", defende. Em 2016, em específico, a entidade critica a seletividade trazida pela escassez de recursos, que são derivados dos depósitos à vista e em poupança, e que deixou sem crédito um número considerável de produtores.
Outra crítica acontece por conta da divulgação aberta e pública dos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), visto pela Farsul como "de segurança nacional", por conter dados inclusive pessoais dos produtores. "Qualquer rival nosso pode agora ter acesso a qualquer informação sobre nossa base de produção", comenta o vice-presidente da Farsul. O mal-estar levou a federação a enviar carta ao Planalto exigindo a exoneração do ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho.
As projeções da Farsul ainda indicam um PIB do setor agropecuário do Brasil em torno de -4,8% em 2016, com uma retomada forte no ano que vem, chegando a 5,5% em 2017. "Em virtude, principalmente, da recuperação da safra também em nível nacional", argumenta o economista-chefe da instituição, Antônio da Luz. Os cálculos para o PIB total do País indicam -3,54% em 2016, virando para uma leve elevação para 2017, de 0,86%. "Um crescimento pequeno perto de tudo o que perdemos", relativiza Luz. Na economia gaúcha, a projeção da Farsul é de um crescimento de 0,8% do PIB para 2017.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO