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Indústria

- Publicada em 06 de Dezembro de 2016 às 22:08

Fiergs prevê crescimento tímido para ano que vem

Nunes e Müller apresentaram os prognósticos para o próximo ano

Nunes e Müller apresentaram os prognósticos para o próximo ano


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Dados divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) mostraram que o Rio Grande do Sul teria mais ganhos econômicos retrocedendo uma década ou mais do que avançando para 2017. Para o próximo ano, na melhor das hipóteses, o Rio Grande do Sul pode expandir seu Produto Interno Bruto (PIB) em 1,5%.
Dados divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) mostraram que o Rio Grande do Sul teria mais ganhos econômicos retrocedendo uma década ou mais do que avançando para 2017. Para o próximo ano, na melhor das hipóteses, o Rio Grande do Sul pode expandir seu Produto Interno Bruto (PIB) em 1,5%.
Em cenário mais realista, avançaria 0,4% e, em condições novamente adversas, cairia mais 1,8% além dos 3,2% previstos para 2016. Com esse resultado, lamentou o presidente da entidade, Heitor Müller, o Estado acumula mais de 15 anos de estagnação na quantidade de produtos, se levado em conta o volume produzido no Rio Grande do Sul.
Apenas entre 2012 e 2016, a queda acumulada pelo PIB da indústria chega a 9%. Neste contexto, uma analogia feita pelo presidente da Fiergs compara o setor produtivo a um paciente que precisará continuar ligado aos aparelhos para poder respirar. Motivos para a asfixia não faltam, e as perspectivas de melhora não são abundantes, sobretudo com o que Müller define como desindustrialização recente do Estado.
"Entre 2014 e 2015, fecharam cerca de 2 mil indústrias no Rio Grande do Sul. Até o Paraguai está subindo a serra gaúcha para oferecer incentivos para que empresas daqui se instalem por lá, onde pagarão apenas 10% de imposto se venderem para o mercado interno e nada se exportarem", desabafou Müller, lembrando que também houve migração recente de companhias gaúchas para outros estados, ausências que elevaram os prejuízos locais. 
Apesar de defender algumas das reformas propostas atualmente pelo Palácio Piratini para contenção dos gastos, com extinção de algumas fundações, por exemplo, Müller é crítico com a alta carga tributária e os gastos públicos gaúchos. Com impostos acima da média dos outros estados, o Rio Grande do Sul, de acordo com o executivo, tem "exportado" empresas "rio Mampituba acima".
Mesmo em um cenário mais positivo, diz o presidente da Fiergs, o Estado deverá apenas diminuir um pouco das perdas. No Rio Grande do Sul, a produção acumula 28 retrações em 30 meses, a queda na produção física beira os 20% no período. Para o economista da Fiergs André Nunes, o cenário gaúcho só deverá ser menos dramático no próximo ano caso a agricultura não venha a ser afetada pelo La Niña e os possíveis períodos de estiagem. O agronegócio é praticamente uma das únicas apostas de elevar a produção do Estado em 2017. "O problema é a imprevisibilidade do clima", pondera Nunes.
No âmbito nacional, a melhor projeção vem de um cenário em que há aprovação da chamada PEC dos Gastos e a manutenção do atual governo federal. Nunes diz que, sem essas condições básicas, haverá contaminação geral na confiança empresarial e todas as projeções tendem a ir ladeira abaixo. "Quando o empresário não acredita mais em melhorias, demite ou fecha a empresa. Essa é a tendência", avalia Nunes.
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Ameaça dos Estados Unidos à China e zona do euro preocupam o setor

Assim como o cenário nacional é incerto, o movimento político econômico mundial é cheio de mistérios. Da eleição do protecionista Donald Trump aos nebulosos números chineses de desaceleração, uma série de fatores pode impactar o fluxo global de negócios, as exportações brasileiras e a cotação do dólar.
Nos Estados Unidos, o risco é de redução geral de importações e da alta dos juros, que pode fazer migrar para o mercado norte-americano bilhões de investimentos. Na Rússia, afetada pela queda do petróleo, as compras de países estrangeiros devem ser reduzidas (e impactar diretamente o agronegócio gaúcho, especialmente no setor de carnes). Outro problema ainda a ser descoberto pelo mundo é o atual momento econômico chinês, diz o economista da Fiergs André Nunes. "Não sabemos qual é o tamanho da desaceleração da China." Na Europa, novas eleições em diferentes países e a expansão nacionalista podem levar mais nações a seguir o Reino Unido e abandonar o mercado comum e sua moeda. O que, fatalmente, afeta outras moedas mundo afora.