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- Publicada em 29 de Dezembro de 2016 às 22:13

A canção e as dinâmicas culturais e sociais

O alcance da canção (Arquipélago, 392 páginas, R$ 55,00), organizado pelos professores Luís Augusto Fischer e Carlos Augusto Bonifácio Leite, nasce como obra de referência ao mesmo tempo coesa e eclética, apresentando ao leitor 22 ensaios com reflexões muito instigantes sobre o vasto mundo da canção popular, a partir de trabalhos realizados na Ufrgs nos últimos 25 anos. Na universidade, Fischer, professor e doutor em Letras, autor, entre muitas outras obras, da novela Quatro negros e do Dicionário de porto-alegrês, criou a cadeira de Canção Popular e, com colegas, o Núcleo de Estudos da Canção, para pesquisa sobre canções populares.
O alcance da canção (Arquipélago, 392 páginas, R$ 55,00), organizado pelos professores Luís Augusto Fischer e Carlos Augusto Bonifácio Leite, nasce como obra de referência ao mesmo tempo coesa e eclética, apresentando ao leitor 22 ensaios com reflexões muito instigantes sobre o vasto mundo da canção popular, a partir de trabalhos realizados na Ufrgs nos últimos 25 anos. Na universidade, Fischer, professor e doutor em Letras, autor, entre muitas outras obras, da novela Quatro negros e do Dicionário de porto-alegrês, criou a cadeira de Canção Popular e, com colegas, o Núcleo de Estudos da Canção, para pesquisa sobre canções populares.
Carlos Augusto Bonifácio Leite, também professor da Ufrgs, poeta e compositor, autor do livro de poemas Entrechos ou valos do silêncio (Prêmio Açorianos), pesquisa sobre Noel Rosa, tropicalismo e cinema brasileiro.
Os ensaios dos organizadores e de Demétrio Xavier, Homero Vizeu Araújo, Paulo Coimbra Guedes, Arthur de Faria, Katia Suman, Leticia Batista, Lolita Campani Beretta, Marcos Miraballes Sosa, Carlo Pianta, Caroline Soares de Abreu, Leandro Ernesto Maia, Demirse Marilva Ruffato, Sérgio Karam, Álvaro Santi, Fernanda Valim Côrtes Miguel, Ian Alexander, Rita de Cássia Cavalcante, Jackson Raymundo, Eron Rafael dos Santos e Luciana Prass falam de Donga, Noel, Atahualpa Yupanqui, bossa nova, Gal Costa, Caetano, Bob Dylan, Cortázar e o jazz, Califórnia da Canção, o vai e vem da canção porto-alegrense, Manguebeat e muitos outros temas.
A obra é feita, como se vê, para quem quer mais que apenas ouvir canções. Na apresentação, está escrito: "A educação de nossa sensibilidade, no Brasil, se dá com a canção. Nós celebramos, sofremos, vivemos com ela. Nada mais justo e adequado que a já centenária história da canção brasileira seja cada vez mais tornada acessível a todos. Conhecendo a história do cancioneiro, compreendemos melhor esse vetor essencial da cultura brasileira. Ninguém aprendia samba no colégio, disse o sábio Noel Rosa: mas todos agora podem aproximar-se dele e dos demais gêneros cancionais mediante um acesso crítico, que este livro proporciona".
Os autores dos ensaios têm formações diversas, interesses múltiplos e diferentes olhares sobre o mundo das letras, das melodias, dos arranjos e dos mil aspectos do cancioneiro. Ganha o leitor. O que une os autores é certamente a preocupação de firmar um diálogo entre a canção e as dinâmicas culturais e sociais.
As palavras de Luís Augusto Fischer - "todo mundo tem direito ao Noel Rosa, e esse direito será mais bem atendido se os letrados se encarregarem dele" - sintetizam o alto e afinado espírito do livro.

lançamentos

  • Cicatriz (Ateliê Editorial, 102 páginas), do poeta, ficcionista e professor mineiro Eduardo Guimarães, autor de A trama no tapete, Cidade e corpo (poemas) e O homem que tinha dentes demais (novela) traz versos contidos, precisos e delicados, como: A mulher lhe veio aos braços / e lhe veio toda / em tantas mulheres / inesperada fortuna / de desigualdades.
  • As provinciais (É Realizações, 296 páginas) do grande matemático, físico, literato e religioso Blaise Pascal, reúne as 18 cartas com lógica implacável e ironia sutil, anônimas, vendidas clandestinamente em Paris, em defesa de Antoine Arnauld, amigo julgado pelos teólogos de Paris por se opor aos jesuítas.
  • Habitat (Libretos, 120 páginas), do curador, artista plástico e ministrante de oficinas Amaro Abreu, mostra grandes trabalhos de arte urbana, com cores, traços, detalhes e formas únicas. "A imaginação do artista infinda, assim como multiplica nossa capacidade de percepção do mundo terrestre, mundano, o que vivemos dia a dia", diz Marina Martinuzzi sobre a obra.

Partiu 2016, viva a Secretaria da Cultura!

Ultimamente tem voado muitos anos loucos. Os roaring twenties, os anos loucos da década de 1920, com efervescência nas artes, na cultura, na política, no comportamento e na economia (como o crash Bolsa de Nova Iorque em 1929, causando a Grande Depressão), parecem até leves perto deste 2016. Donald Trump na cabeça, Bob Dylan no Nobel, Grêmio campeão, Inter na segundona, George Michael nos deixando em plena noite de Natal (ele que tem uma canção natalina pop belíssima), Grã-Bretanha saltando da Europa, onde nunca foi muita grudada e onde nem tinha bem entrado ainda, Roberto Carlos mandando tudo pro inferno no especial... meu Deus! E olha que 2016 ainda não terminou. Aguarde.
Escrevo no dia 26 de dezembro, segundona. Este ano teima em não acabar. Dizem que 2016 se resume em três palavras: as iniciais PQP! Decerto no Réveillon o Putin e o Trump estarão na China vestidos de gueixa, abanando leques, comemorando a união deles com os vermelhos... Tudo é possível neste mundo de Deus ou sem Deus, se você prefere ou se é ateu, graças a Deus, como o Mateus.
Para não dizer que não falei no poder da cultura, da flor, da paz, do amor e do humor, quero cumprimentar Roque Jacoby, Marcio Pinheiro, Márcia de Borba Alves, Maristela Bairros, Lucia Jahn, Lou Borghetti, Marcus Mello, Álvaro Santi, Jorge Brittes, Airton Tomazzoni, Maureen Mandelli Corrêa e demais integrantes da Secretaria Municipal da Cultura (2013-2016) pelo trabalho realizado. Festa Nacional da Música, Bibliotáxi (mais de 30 mil livros na rua), Acampamento Farroupilha, Festival de Teatro de Rua, Carnaval, Feira do Livro, POA Jazz Festival e Cia Municipal de Dança, shows no Anfiteatro e no Araújo, e oficinas culturais descentralizadas, entre outras atividades, marcaram a gestão que envolveu milhões de participantes. Porto Alegre agradece.
O prefeito Nelson Marchezan Jr., após planejar a reforma do secretariado, teve a inteligência, a sensibilidade e o bom senso de manter bem viva a Secretaria Municipal da Cultura e merece parabéns pela atitude. Escolheu o diretor de teatro e administrador cultural Luciano Alabarse para secretário, e o professor universitário Eduardo Wolf como secretário adjunto. São dois nomes de reconhecida trajetória e competência, e desejamos a eles muita força, coragem e brilho na condução dos trabalhos desta cidade com forte vocação cultural.
Em almoço oferecido pela revista Voto, Marchezan Jr. falou sobre cultura, sobre as indicações e explicou que a visão de cultura da nova administração pretende contemplar todas as pessoas, de modo plural e democrático, e, de modo especial, aquelas que ainda hoje não tiveram oportunidade de ter acesso aos muitos bens culturais que Porto Alegre oferece e vai oferecer.
Porto Alegre é cinemeira, carnavalesca, jazzeira, sambista, multimusical, multicultural, tem dezenas de teatros, livrarias, galerias de arte, cinemas, museus, feiras culturais e um público exigente e carinhoso que artistas de todo o Brasil adoram.

a propósito...

Não apenas por estar no centro geográfico do Mercosul, Porto Alegre tem todos os atributos para ser a capital do Mercosul. Os potenciais culturais, artísticos, turísticos, educacionais e econômicos de nossa cidade são conhecidos. Muitos já estão em desenvolvimento. Há muito por fazer, a gente sabe.
Luciano Alabarse e sua equipe, atuando sempre que possível em conjunto com as demais secretarias, certamente manterá a bela tradição da Secretaria da Cultura e nossa vocação para o pensamento, a reflexão e o fazer no campo livre e infinito da cultura. Boa sorte, Luciano, Deus te abençoe!