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- Publicada em 15 de Dezembro de 2016 às 22:40

Cangaceiros, gaúchos e sangue no sertão

O covil do diabo (Dublinense, 288 páginas), romance mais recente do jornalista e escritor porto-alegrense Júlio Ricardo da Rosa trata, nada mais, nada menos, do que um sangrento confronto entre cangaceiros e gaúchos no chão rachado do sertão. Não é pouca coisa e, já nas primeiras linhas, na descrição do cenário e na apresentação dos primeiros diálogos, o leitor sente o clima da narrativa. Como se sabe, criar clima narrativo é das tarefas mais difíceis para o escritor.
O covil do diabo (Dublinense, 288 páginas), romance mais recente do jornalista e escritor porto-alegrense Júlio Ricardo da Rosa trata, nada mais, nada menos, do que um sangrento confronto entre cangaceiros e gaúchos no chão rachado do sertão. Não é pouca coisa e, já nas primeiras linhas, na descrição do cenário e na apresentação dos primeiros diálogos, o leitor sente o clima da narrativa. Como se sabe, criar clima narrativo é das tarefas mais difíceis para o escritor.
Rosa, durante os anos 1980, escreveu sobre cinema para os jornais Zero Hora, Correio do Povo e Jornal do Comércio, e publicou romances como O viajante imóvel (2012) e O segredo de Yankclev Schmid (2014, finalista do Prêmio Açorianos de Literatura). A experiência de redigir sobre a sétima arte influenciou na escrita de O covil do diabo, como vamos comentar adiante.
A narrativa gira em torno do capitão Valêncio Torres, o bandido mais perigoso do sertão nordestino. Ele mata, rouba, faz o que quer - chega até a atacar a casa do coronel Ramiro Batista, homem que tem prestígio e poder, mas não consegue deter o bando do cangaceiro. Para enfrentar seu inimigo, o coronel recruta homens igualmente sanguinários: os gaúchos. Então um confronto tão violento quanto inusitado irá ganhar o chão rachado do sertão.
Na orelha, o premiadíssimo escritor e jornalista Luís Dill diz: "a tensa expectativa descrita no início do livro bem poderia estar sintetizada nessa linguagem cinematográfica a ser comparada a algum faroeste de Sergio Leone. Já a cena sangrenta que se segue - bem como outras - cairia bem na obra de Quentin Tarantino". Faz sentido. Rosa já escreveu sobre cinema para jornais e, até hoje, o faz com conteúdo e profundidade no seu blog Viagens Imóveis. Logo salta aos olhos a opção pela oralidade dos discursos, e aí está o grande mérito do romance, afinal correr riscos faz parte da literatura. Lembremos de Machado de Assis, de Oswald de Andrade de Guimarães Rosa, só para citarmos alguns.
Realmente, a sedutora e envolvente linguagem cinematográfica e a força e a naturalidade dos diálogos mostram logo de início um romance diferenciado.
Várias vozes narram a história. O cangaceiro perseguido, o jornalista que ambiciona escrever um grande romance, o advogado incumbido de organizar o cerco, o gaúcho em busca da última batalha e o coronel em busca de vingança e de progresso para sua terra. A polifonia torna a leitura dinâmica, e as revelações vão se sucedendo para os leitores, camadas sobre camadas, nuances sobre nuances, mostrando por inteiro os homens e as mulheres da história.
Está certo Dill quando escreve na orelha: "Depois de O viajante imóvel e O segredo de Yankclev Schmid, Júlio Ricardo da Rosa se consolida de vez como um romancista criativo e com dicção própria.

lançamentos

  • Vila do IAPI - Orientações para conservação (Editora da Cidade, Centro Municipal de Cultura, 106 páginas), pesquisa de Manuela Franco Lopes da Costa, organização dela e Luiz Antonio Bolcato Custódio, com colaboração de Flavia Boni Licht e Baiard Brocker, esclarece sobre a vila e sua inclusão no conjunto de bens culturais do município.
  • Manual de eventos (Educs, Coleção Hotelaria, 445 páginas), quarta edição atualizada, do consagrado jornalista, professor e homem de turismo Renato Brenol Andrade, clássico no gênero, sistematiza conhecimentos para o sucesso de iniciativas na indústria turística. Trata de conceitos, turismo, mercado, marketing, eventos, gastronomia e outros tópicos.
  • Golpes e fraudes (Oikos, 144 páginas), de Leonel Baldasso Pires, delegado de polícia, professor e escritor, serve, acima de tudo, para o leitor se proteger das mil falcatruas que andam por aí. Por telefone, correio, computador, cartão de crédito e nas ruas, mil fraudes e golpes acontecem.

Depressão

A coisa não está fácil. Inter caindo (mas dizem que o rio ganha força nas quedas e que tem mola no fundo do poço), economia, política e ética desse jeito, Bob Dylan Nobel, Trump na cabeça, o colega jornalista Júlio Ribeiro agredido ao vivo num programa de TV, assaltantes levando até cercas de alumínio das casas, Rio Grande do Sul na maior pindaíba da História, Grêmio campeão acachapando os pobres colorados, centro de Porto Alegre daquele jeito e por aí vai. Quero ir para Pasárgada!
Mas o título lá de cima é para falar num assunto que é chato, triste, mas que não pode ser varrido para debaixo do tapete, especialmente em época de Natal e nesses tempos onde boa parte das torcidas brasileiras estão deprê. Depressão, segundo a Organização Mundial da Saúde, é a doença mais incapacitante entre todas as outras que acometem as pessoas em todo o planeta. Sete por cento da população mundial, cerca de 500 milhões de pessoas, sofrem com o sintoma da doença e 334 milhões são mulheres. Mal do século XXI, atinge todas as idades e classes sociais. Compreensão e acolhimento por parte da família são essenciais e nunca é demais lembrar que dinheiro, poder e glamour nunca foram sinônimos de felicidade plena. Padre Marcelo, Selton Mello, Jim Carrey e Princesa Diana são algumas celebridades que passaram pelo problema, que deve ser desmistificado e colocado de modo a acabar-se com o preconceito contra a depressão.
No ano passado, o jornalista Ricardo Boechat, minutos antes de começar um programa de rádio, sofreu um colapso, um apagão, no estúdio. Não conseguia ler os textos, pensar. O médico diagnosticou depressão. Um amigo lhe mandou o vídeo do pastor norte-americano Élder Holland sobre depressão. Boechat resolveu falar abertamente sobre o ocorrido, sobre os dados da OMS e dizer que o tema é grave, não deve ser escondido e que é preciso tomar medidas preventivas para não "pifar o motor".
Observar a temperatura do "motor interno", falar sobre o assunto, eliminar a fadiga excessiva, reservar um tempo para se sentir bem, alimentar-se bem, curtir aromas, praticar atividades físicas, mudar o comportamento, utilizar cores adequadas, dançar, curtir filmes, livros e hobbies interessantes, interessar-se por música e religiosidade, usar medicamentos e suplementos alimentares, utilizar tratamentos clássicos e alternativos e o que mais a criatividade e a individualidade permitirem certamente vai ajudar a espantar a vontade fazer nada, o porre do não desejo.
Segundo o Dr. Jacob Pinheiro Goldberg, especialista em depressão, a atual situação financeira e política do Brasil tem o mesmo efeito devastador dos invernos rigorosos europeus, que tornam muitas pessoas depressivas durante a estação. Mas vamos em frente. Ao menos temos sol, e assim fica mais fácil caminhar, correr, dançar, se exercitar, produzir serotonina e endorfina e outros ingredientes vitais. Luz solar, caminhar, vade retro, depressão! Viva a vida!

a propósito...

Há poucos dias, a On line Editora (www.revistaonline.com.br) lançou, em formato de revista, um guia com 301 dicas para não ter depressão, um verdadeiro manual de sobrevivência com o que você precisa saber para identificar os sintomas, dar adeus à tristeza, aprender a ser feliz e buscar tratamentos de sucesso, além de indicar livros para tratar do problema.
Vale lembrar a frase de Andrew Salomon, escritor nova-iorquino especializado em psicologia e que enfrentou a depressão: "O oposto de depressão não é felicidade, e sim vitalidade". Para encerrar este texto, deixo para os leitores as seguintes palavras: A hora mais escura é a que antecede o nascer do sol.