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Opinião

- Publicada em 22 de Novembro de 2016 às 16:22

Uma chance à civilidade

Lívia Araújo
Se acontecesse hoje, o atropelamento proposital e criminoso aos participantes da Massa Crítica, dadas as suas características, poderia ser chamado de atentado. Um outro incidente parecido, de um homem que atropelou centenas de cidadãos na cidade francesa de Nice, no mês de julho, gerou investigação imediata sobre a hipótese, posteriormente confirmada, de um ataque terrorista. Por sorte, em Porto Alegre, não houve mortos.
Se acontecesse hoje, o atropelamento proposital e criminoso aos participantes da Massa Crítica, dadas as suas características, poderia ser chamado de atentado. Um outro incidente parecido, de um homem que atropelou centenas de cidadãos na cidade francesa de Nice, no mês de julho, gerou investigação imediata sobre a hipótese, posteriormente confirmada, de um ataque terrorista. Por sorte, em Porto Alegre, não houve mortos.
Cinco anos atrás, quando o bancário Ricardo José Neis, após discutir com participantes do evento, ganhou uma certa distância dos ciclistas, acelerou seu automóvel, atingiu diretamente 17 pessoas e fugiu, parte da mídia tratou o fato como um "acidente".
As centenas de testemunhas que estavam na Cidade Baixa naquele dia 25 de fevereiro de 2011, eu entre elas, sabem que aquilo não teve nada de acidental, assim como pessoas de todo o mundo que se chocaram com as imagens que correram a internet. Solidárias aos porto-alegrenses, elas realizaram atos de repúdio em metrópoles como Buenos Aires, Paris e São Francisco, cidade norte-americana onde a Massa Crítica acontece há 24 anos sem o registro de um ato tão bárbaro. Essa barbárie ocorreu na capital do Rio Grande do Sul.
Essas tentativas de homicídio triplamente qualificadas, que passam a ser julgadas hoje, não podem nunca ser esquecidas, principalmente pela realidade em que vivemos.
Todo o Estado sofre com uma criminalidade e violência intensas, que contaminam não só a segurança dos cidadãos, mas todas as nossas relações, a exemplo da virulência que pulsa nas redes sociais e afasta parentes e amigos.
A punição exemplar a um ato que denota, nas palavras da promotora pública Lúcia Helena Callegari, "um egoísmo total" é a chance de provar que nossa cidade não aprova que a discordância contra qualquer ideia, incluindo a realização da Massa Crítica, seja enfrentada com tentativas de assassinato. É uma chance de recuperarmos, como um todo, nossa civilidade.
Não foi acidente.
Jornalista
 
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