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Geral

- Publicada em 10 de Novembro de 2016 às 19:16

Fósseis descobertos no Rio Grande do Sul mudam percepção da história evolutiva dos dinossauros

Descoberta realizada em São João do Polêsine ajuda na compreensão da evolução dos dinossauros

Descoberta realizada em São João do Polêsine ajuda na compreensão da evolução dos dinossauros


LUIZ MUNHOZ/Ulbra/Divulgação/JC
Em entrevista coletiva, nesta quinta-feira (10), pesquisadores da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e Universidade de São Paulo (USP) anunciaram a descoberta de fósseis que mudam a percepção da história dos dinossauros. A descoberta foi publicada em artigo na revista científica americana Current Biology.
Em entrevista coletiva, nesta quinta-feira (10), pesquisadores da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e Universidade de São Paulo (USP) anunciaram a descoberta de fósseis que mudam a percepção da história dos dinossauros. A descoberta foi publicada em artigo na revista científica americana Current Biology.
Os fósseis descobertos pelos paleontólogos da Ulbra Canoas, Sergio Furtado Cabreira e Lúcio Roberto da Silva, estavam em terrenos sedimentares do Período Triássico Superior localizados no município de São João de Polêsine, na região central do Rio Grande do Sul. Desde 2009 eles trabalhavam no caso, com auxílio dos paleontólogos Max Langer (USP) e Alexander Kellner (UFRJ).
Sergio Cabrera apresentou as descobertas que passam a fazer parte da filogenia internacional dos dinossauros. De acordo com o paleontólogo, os esqueletos de um dinossauro e de outro pequeno animal, de um grupo que é considerado “precursor” dos dinossauros, foram encontrados juntos, em rochas do Período Carniano, de um período entre 237 e 227 milhões de anos atrás. Cabreira afirmou que o dinossauro carnívoro, agora chamado Buriolestes schultzi, está entre os mais completos dinossauros primitivos encontrados no mundo até hoje.
Os seus ossos e dentes parecem intocados pelo tempo. Segundo os estudos, Buriolestes tem um crânio de apenas 13 centímetros (13 cm) e seus dentes são pontudos, muito recurvados para trás, com as bordas serrilhadas como facas de cortar carne. Buriolestes teria em torno de um metro e meio (150 cm) de comprimento e cinquenta centímetros (50 cm) de altura, pesando não mais que sete quilos (7 kg). Classificado como um sauropodomorfo, Buriolestes seria o único dinossauro deste grupo a ter hábitos alimentares carnívoros.
O segundo fóssil apresentado pelos pesquisadores é um diminuto animal bípede, do grupo dos lagerpetídeos, ao qual os pesquisadores batizaram de Ixalerpeton polesinensis. Este pequeno esqueleto é considerado como sendo de animais que precederam os dinossauros e apenas alguns poucos ossos isolados haviam sido encontrados até hoje. Neste caso, porém, foram encontradas partes do crânio, quase toda a coluna vertebral e parte da cauda. Também foram encontrados partes dos membros anteriores, da cintura pélvica e ossos dos membros inferiores de diversos espécimes. Isto evidenciaria que estes pequenos animais viveriam em bandos.
Segundo os pesquisadores, Ixalerpeton seria um pequeno animal insetívoro, com uns quarenta centímetros (40 cm) de comprimento e quinze centímetros (15 cm) de altura. Pesando não mais que cento e cinquenta gramas (150 g), os especialistas explicam que ele era veloz, corria aos saltos, fato constatado devido aos seus pés apresentarem ossos metatarsais extremamente longos.
O pesquisador Max Langer, um dos autores do artigo, referiu que pequenos detalhes nestes esqueletos bem preservados revelam características ósseas importantes para se compreender a anatomia ancestral dos dinossauros. Segundo ele, as principais descobertas anatômicas sugerem que os ancestrais dos dinossauros sofreram adaptações dos ossos das vértebras, da pelve, do fêmur e das articulações do tornozelo, no sentido de tornar a locomoção bípede mais eficiente. O paleontólogo informou que a dentição altamente especializada de Buriolestes sugere que o ancestral de todos os dinossauros também deveria ser um animal pequeno e carnívoro. Para Langer, a origem dos dinossauros deve ter ocorrido antes de 230 milhões de anos e, provavelmente, no antigo supercontinente Gondwana, em terrenos que hoje viriam a ser a América do Sul (Brasil e Argentina).
Alexander Kellner, pesquisador do Museu Nacional da UFRJ e um dos autores do artigo, salienta que a pesquisa e importância científica dos achados não param com a publicação do estudo. Ele explica que o Buriolestes e o Ixalerpeton foram encontrados juntos, se abre uma importante janela para a pesquisa das paleofaunas onde viviam dinossauros e espécies bem próximas.
Segundo Kellner, um dos próximos passos da pesquisa é analisar o crânio do Ixalerpeton com o micro tomógrafo computadorizado, tendo como objetivo revelar detalhes da caixa craniana (onde fica alojado o cérebro) de um animal proximamente relacionado aos dinossauros. “Será algo espetacular para a compreensão do surgimento desses répteis que dominaram a Era Mesozóica", garante.
Confira fotos dos fósseis encontrados:
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