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Agronegócios

- Publicada em 23 de Novembro de 2016 às 19:01

Ruralistas articulam saída de Sarney Filho do Meio Ambiente

Atuação do ministro na pasta é considerada 'ideológica' pela FPA

Atuação do ministro na pasta é considerada 'ideológica' pela FPA


EVARISTO SA/AFP/JC
Além das suspeitas atuais que recaem sobre o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, acusado de tráfico de influência no Ministério da Cultura, o Palácio do Planalto se vê envolvido em nova crise dentro de outra pasta. Deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pedirão ao presidente Michel Temer (PMDB) a saída do ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, do cargo.
Além das suspeitas atuais que recaem sobre o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, acusado de tráfico de influência no Ministério da Cultura, o Palácio do Planalto se vê envolvido em nova crise dentro de outra pasta. Deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pedirão ao presidente Michel Temer (PMDB) a saída do ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, do cargo.
Descontentes com o trabalho do titular, cuja condução da pasta é classificada como "ideológica", os ruralistas têm uma audiência prevista para a próxima quarta-feira (30), no Palácio do Planalto. Além de exporem a Temer as críticas ao ministro, devem até sugerir um candidato para substituí-lo. O nome do ex-ministro e ex-líder do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), está cotado para ser colocado na mesa.
A possibilidade de Aldo ser confirmado, porém, é mínima. Aldo tem ligação com os governos de Lula e Dilma Rousseff, tendo passado pelo comando da Articulação Política, Ciência e Tecnologia, Esportes e Defesa. Outro entrave natural à sua indicação seria o fato de ele ser do PCdoB, partido de oposição ao governo Temer. Pesaria ainda o fato de Aldo ser amigo próximo de Sarney Filho.
Por outro lado, Aldo tem prestígio entre os ruralistas desde o tempo em que foi o relator do projeto que criou o Código Florestal Brasileiro. O presidente da FPA, deputado Marcos Montes (PSD-MG), negou que o nome de Aldo será levado a Temer, mas admitiu a sugestão feita dentro da reunião da bancada ruralista. "Aldo provou que, independentemente do partido dele, é grande nacionalista e a ideia saiu na reunião da FPA. Todos acharam bom, mas não vou levar o nome ao presidente", disse Montes. Aldo não comentou o assunto. O ministro Sarney Filho também não quis se manifestar.
Se os ruralistas adotam cautela ao falar de Aldo, as críticas e o pedido para que Sarney Filho saia do cargo são escancaradas. "É muito grande a insatisfação e o que mais nos machuca é que vão lá para fora, como fizeram em Marrakesh, contam as conquistas que o Brasil teve no avanço da preservação ambiental e chegam aqui e fazem quase um boicote", disse o deputado Marcos Montes. "Vamos colocar ao presidente a extrema preocupação do setor rural com a atuação ideológica no ministério. Ajudamos a tirar o governo passado e agora temos que abrir o caminho para o presidente governar."
Na visão dos ruralistas, o governo tem dificultado os avanços do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para o Programa de Regularização Ambiental (PRA). O Ibama, com aval do MMA, tem procurado avançar com uma proposta de reformulação das regras de licenciamento ambiental, proposta que, apesar de acelerar o processo e desburocratizar uma série de medidas de licenciamento, é visto pelo agronegócio e pelo setor elétrico como um projeto conservador e insuficiente.
Apesar das críticas, a gestão Temer é encarada como um retrocesso para questões indígenas, um dos temas centrais na agenda ruralista. Temer revogou portarias que reconheciam terras indígenas com processo de homologação em andamento. Paralelamente, o Congresso avança com diversos projetos que impõem pressão ainda maior sobre as terras indígenas e seus processos de demarcação, sobretudo em Estados como o Mato Grosso, fortemente marcado por processos de desrespeito às terras indígenas.

Reajuste do tabaco firmado com a Souza Cruz é de 8,35%

É de 8,35% o índice de reajuste do preço do tabaco para a safra 2016/2017. O percentual foi firmado com a empresa Souza Cruz com a assinatura do protocolo entre as entidades representativas dos fumicultores e a indústria fumageira. "Nossa primeira proposta havia sido 10,9% de reajuste, considerando a nossa variação do custo de produção de 7,3%. Desta forma, o percentual de 8,35%, além de repor a variação do custo de produção, garante um ganho real aos fumicultores, o que consideramos um avanço", explica a representação.
As demais empresas recebidas - Alliance One, Philip Morris, JTI, Universal Leaf e China Brasil Tabacos - não apresentaram proposta. "Com a assinatura do protocolo com a Souza Cruz, esperamos que as demais empresas pratiquem este reajuste e nos procurem para a assinatura do protocolo, até 15 de dezembro."
A definição de preço do tabaco já em novembro é considerada um avanço para as entidades. "Estabelecer esse preço ainda este ano, para que os fumicultores já iniciem a comercialização do seu produto cientes do preço que irão receber é importante para o bom andamento da safra", destacam os representantes dos fumicultores.

Estudo revela possibilidade para setor de suínos

Um estudo desenvolvido pelo Laboratório de Epidemiologia Veterinária da Universidade de Brasília está concluindo que o risco da carne suína carrear o vírus da febre aftosa é desprezível. Hoje, a vacinação contra a doença impede o acesso do produto brasileiro a alguns mercados internacionais, como o Japão. "O setor de suínos está buscando argumentos para mostrar que a imunização do rebanho bovino não carrega nenhum risco sobre a carne suína", explica o presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal, Rogério Kerber.
O Fundesa, em parceria com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips) está financiando a pesquisa. Um estudo semelhante já havia sido realizado em 2009, envolvendo Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Agora, alguns pontos estão sendo atualizados no estado gaúcho, explica o coordenador do projeto, Vitor Picão Gonçalves, da UnB. A ideia, segundo ele, "é avaliar - ao longo da cadeia de produção de suínos - onde estariam os riscos de introdução do vírus, caso estivesse circulando em bovinos e, com isso, também saber como fazer uma gestão para melhorar a biosseguridade". Em palestra na programação do Avisulat 2016, o professor Gonçalves apresentou o resultado preliminar dos trabalhos, que será concluído até o final do ano.
Além de servir como argumento para tratativas com parceiros comerciais, o resultado do trabalho poderá embasar políticas de atuação em defesa sanitária, tanto por parte dos veterinários das indústrias integradoras, como do serviço oficial. "Vamos entregar este documento também ao Ministério da Agricultura para que contribua nas negociações com possíveis importadores da carne suína brasileira", afirma kerber.