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Indústria

- Publicada em 20 de Novembro de 2016 às 17:03

Fábricas brasileiras operam com menor nível de ocupação em 16 anos

Em outubro, montadoras usavam apenas 55,9% do seu potencial

Em outubro, montadoras usavam apenas 55,9% do seu potencial


HONDA/DIVULGAÇÃO/JC
A indústria brasileira atravessa seu pior momento em pelo menos 16 anos. De janeiro a outubro, a ocupação média das fábricas está em 73,9%, o menor índice desde 2001, quando a Fundação Getúlio Vargas (FGV) começou a fazer o levantamento. Nesses 16 anos, a média histórica de ocupação de capacidade da indústria é de 80,9%.
A indústria brasileira atravessa seu pior momento em pelo menos 16 anos. De janeiro a outubro, a ocupação média das fábricas está em 73,9%, o menor índice desde 2001, quando a Fundação Getúlio Vargas (FGV) começou a fazer o levantamento. Nesses 16 anos, a média histórica de ocupação de capacidade da indústria é de 80,9%.
"A grande ociosidade na indústria mostra a profundidade da crise econômica", diz a coordenadora da Sondagem Industrial do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Tabi Thuler Santos. Segundo ela, dos 19 segmentos pesquisados, 80% estão com a ocupação baixa ou extremamente baixa. O segmento que está em pior situação é o de automóveis. Em outubro, as montadoras usavam 55,9% da capacidade das fábricas, menor nível mensal de ocupação também em 16 anos.
A japonesa Honda, que investiu R$ 1 bilhão numa nova fábrica em Itirapina (SP), por exemplo, continua com a planta fechada e sem perspectivas de utilizá-la no curto prazo. O presidente da Honda do Brasil, Issao Mizoguchi, afirma que nem o início da produção de um novo veículo da marca no País, o utilitário-esportivo compacto WR-V, será suficiente para ativar a fábrica. A unidade está pronta desde o fim de 2015, deveria ter sido inaugurada no início deste ano, mas segue fechada, com todos os equipamentos da linha de montagem aguardando a melhora do mercado. "Pode ser que a fábrica fique ainda um ano ou mais parada, não sabemos", afirma o executivo.
Um dos efeitos dessa grande ociosidade na indústria, segundo especialistas, é adiar pelo menos para 2018 uma retomada do investimento na produção, com abertura de novas fábricas e contratações. Segundo José Ricardo Roriz Coelho, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o próximo ano ainda será de "arrumação da casa", antes de se pensar em novos investimentos.
"Como pensar em investimentos se as empresas não estão gerando caixa para pagar as despesas financeiras?", diz Coelho. Segundo ele, o primeiro passo é ocupar a capacidade ociosa, acertar as pendências financeiras e com o Fisco, para depois decidir investir, se houver um aumento da procura.
Roriz acredita que, se as reformas propostas pelo governo, como a PEC do Teto de Gastos e a da Previdência, forem aprovadas, os empresários recolocarão os investimentos no orçamento das companhias para 2018. Esses orçamentos começam a ser elaborados no segundo semestre do ano que vem. "Mas isso, se tudo correr bem e as reformas forem realmente implementadas", diz. Nesse contexto, afirma, 2017 será ainda um ano de ocupação da capacidade de produção.
 

Segmento do aço trabalha com 60% da capacidade

O setor do aço tem 83 plantas desativadas desde 2014, entre altos-fornos, laminações e refino. Só em altos-fornos são cinco desativados e, em aciarias, oito. O setor opera com 60% da capacidade, que é de 50,3 milhões de toneladas de aço bruto ao ano. Normalmente, para atingir um ponto de equilíbrio em suas receitas (break even), as siderúrgicas precisam operar com 80% a 85% de sua capacidade.
O presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, Alexandre de Campos Lyra, diz que, apesar de sinais de melhora em índices como o que mede a confiança dos consumidores, "não estamos vendo nenhuma recuperação no mercado". Mesmo que o mercado interno cresça 5% nos próximos anos, sem uma melhora nas exportações, o setor levaria cerca de 10 anos para voltar a operar com 80% da capacidade.