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Turismo

- Publicada em 21 de Novembro de 2016 às 00:13

Vendas de pacotes de final de ano retraem cerca de 20%

Cidades como Gramado (foto) e Canela têm chamado a atenção de quem quer alternativas para as comemorações

Cidades como Gramado (foto) e Canela têm chamado a atenção de quem quer alternativas para as comemorações


FREDY VIEIRA/ANA PACHECO/DIVULGAÇÃO/JC
Este ano, o trade turístico do Litoral e da Serra gaúcha deverá se beneficiar do cenário de instabilidade econômica no País. Isso porque, apesar do interesse em embarcar para destinos tradicionais como o Rio de Janeiro e praias do Nordeste, por exemplo, os consumidores gaúchos estão mais contidos este ano. "Está se vendendo pouco, em vista dos reflexos da crise, com o agravante de que não haverá feriado no Natal, nem no Reveillon. Muita gente está optando em seguir de carro para as praias do Sul ou cidades como Gramado e Canela", resume o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grande do Sul (Abav-RS), João Augusto Machado. No entanto, o dirigente opina que agências e operadoras não devem registrar crescimento nas comercializações de dezembro frente a 2015. "Se não for pior, o desempenho do período deverá ficar na mesma média do ano passado."
Este ano, o trade turístico do Litoral e da Serra gaúcha deverá se beneficiar do cenário de instabilidade econômica no País. Isso porque, apesar do interesse em embarcar para destinos tradicionais como o Rio de Janeiro e praias do Nordeste, por exemplo, os consumidores gaúchos estão mais contidos este ano. "Está se vendendo pouco, em vista dos reflexos da crise, com o agravante de que não haverá feriado no Natal, nem no Reveillon. Muita gente está optando em seguir de carro para as praias do Sul ou cidades como Gramado e Canela", resume o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grande do Sul (Abav-RS), João Augusto Machado. No entanto, o dirigente opina que agências e operadoras não devem registrar crescimento nas comercializações de dezembro frente a 2015. "Se não for pior, o desempenho do período deverá ficar na mesma média do ano passado."
"O lazer está bem fraco, as vendas diminuíram em torno de 30%", confessa a diretora da MC Turismo, Cintia Cristina Martins. "A demanda reduziu em função do mercado, o pessoal tem se limitado a pesquisar, cotar e ir atrás de promoções." De acordo com a empresária, em 2015, as comercializações de final de ano já foram complicadas. "Mas 2016 está sendo pior, apesar de que algumas operadoras com pacotes mais populares estão vendendo", pondera. No caso da MC Turismo, os tradicionais destinos da Europa sequer foram vendidos. "Isso que era o forte em outros anos. Desta vez, os mais procurados foram Nova Iorque, Cancún e Buenos Aires."
O presidente da Abav-RS afirma que a procura se mantém normal, mas o que está influenciando as decisões são os preços aplicados pelas companhias aéreas e em hospedagens da maior parte dos destinos brasileiros, além dos valores convertidos em dólar no caso de pacotes para o exterior. "Para se ter uma ideia, um casal com duas crianças precisa desembolsar cerca de R$ 25 mil para se hospedar em um resort no Rio de Janeiro na última semana de dezembro", revela o dirigente. "Em muitos casos, está bem mais caro viajar para uma localidade brasileira do que para países da Europa", concorda a diretora da operadora Personal Turismo, Jussara Leite.
Para piorar, aponta a empresária, as pessoas ainda estão com de perder seus empregos, "fora a questão do parcelamento dos salários dos servidores público estaduais". "Os preços assustam, e - por mais que tenha recuado frente ao mesmo período no ano passado - o câmbio ainda sofreu uma alta de 8%, o que vem impactando negativamente na escolha dos consumidores."
Jussara lembra que, historicamente, os preços de pacotes de final de ano sobem entre 20% e 30%, mas admite que, apesar da crise ainda ser um empecilho para as vendas do período, o segmento espera uma reação de última hora por parte dos consumidores. "Há quem esteja esperando o dólar baixar, mas, segundo a previsão dos bancos e agentes financeiros isso não vai acontecer antes de janeiro", observa.
Machado acredita que a situação poderia ser diferente se houvesse um recuo nos valores cobrados. "Os preços têm assustado os consumidores", reforça. O pensamento vai de encontro ao adotado pelos hoteleiros da Serra gaúcha, que, neste ano, resolveram maneirar nos valores das diárias. "Os preços caíram na maioria dos estabelecimentos, até para se adequar ao bolso dos consumidores, ainda que esteja ocorrendo uma boa procura. Mas a ideia é não afugentar os clientes", explica o presidente do Sindtur/Serra Gaúcha, Fernando Boscardin.
No caso das operadoras e agências, não há como baixar preços, porque os pacotes são formatados com os valores estabelecidos pelas empresas de transporte e hospedagem, aponta Machado. Jussara afirma que a saída para o segmento buscar driblar a crise é apostar em ações que podem ser criadas a partir de eventos específicos. "No caso da Personal, temos investido em fretamentos para levar torcedores para assistir um final de campeonato ou a um show, por exemplo, em outros estados. É preciso estar atento às oportunidades que surgem."

Saída é ajustar preços dos pacotes ao orçamento

De acordo com o diretor do STB Trip & Travell, Beto Conte, a clientela do setor que optou por encarar os preços dos pacotes tem realizado ajustes no orçamento para se adequar ao novo cenário traçado, "tanto pela crise econômica do País, quanto pelas variações cambiais mais recentes." Como os planos e necessidades de viajar para descansar permanecem, o que tem ocorrido é uma migração do turismo internacional para o doméstico, e mudança no tipo de hotelaria, bem como redução da duração das viagens, aponta Conte.
"Percebemos também uma tendência de se aproveitar destinos mais próximos, como Montevidéu, Buenos Aires e praias de Santa Catarina. Na contramão, Conte admite que houve dificuldade para se vender destinos tradicionais, como o Nordeste. "O pessoal acabou adaptando orçamento para viagens que podem ser feitas de carro."
O gestor da STB afirma que as vendas na agência continuaram ocorrendo, apesar das mudanças. "No entanto, nossos consultores tiveram mais trabalho para readequar os pacotes, e investiram em criatividade e bom senso na hora de fazer a programação, ajustando as demandas ao novo cenário." Na avaliação do Presidente do Sindtur/Serra Gaúcha, Fernando Boscardin, esta é a saída cabível. "Tem momentos da economia que a gente sabe que mesmo que tenha procura a maioria das pessoas não tem condições de pagar preços altos. É preciso adaptar para não deixar de vender."