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Economia

- Publicada em 13 de Novembro de 2016 às 20:57

Andrade Gutierrez tenta virar a página da Lava Jato

A passos lentos, empresa tenta adequar o custo fixo à sua nova realidade de mercado

A passos lentos, empresa tenta adequar o custo fixo à sua nova realidade de mercado


VANDERLEI ALMEIDA/AFP/JC
O sócio-fundador da Andrade Gutierrez, Gabriel Andrade, costumava dizer que o segredo de sucesso do grupo estava na confiança que a empresa inspirava nas pessoas - e no mercado. "Desde o início, buscamos apostar em pessoas de boa índole e com muita vontade de aprender", disse o empresário, em vídeo de comemoração dos 65 anos da empresa, no fim de 2013. Mas, nos últimos dois anos, com o envolvimento do grupo na Operação Lava Jato e a prisão de importantes executivos da companhia, essa filosofia se perdeu.
O sócio-fundador da Andrade Gutierrez, Gabriel Andrade, costumava dizer que o segredo de sucesso do grupo estava na confiança que a empresa inspirava nas pessoas - e no mercado. "Desde o início, buscamos apostar em pessoas de boa índole e com muita vontade de aprender", disse o empresário, em vídeo de comemoração dos 65 anos da empresa, no fim de 2013. Mas, nos últimos dois anos, com o envolvimento do grupo na Operação Lava Jato e a prisão de importantes executivos da companhia, essa filosofia se perdeu.
O mercado já não tem mais tanta confiança na empresa, cuja reputação - comemorada por Gabriel Andrade, único dos fundadores ainda vivo - ficou bastante arranhada com o escândalo. Hoje, com a queda de receitas e a carteira de obras minguando, a empresa tenta se adequar à nova realidade. A ideia é se concentrar nos negócios de construção, que são a origem da empresa, e reduzir a pesada despesa fixa do grupo.
Em dois anos, a Andrade Gutierrez enfrentou um turbilhão de problemas, a maioria causada pela própria gestão da empresa, como é o caso da Lava Jato. O escândalo trouxe enormes prejuízos, fechou o mercado de crédito para o grupo e escancarou práticas de corrupção por parte dos executivos dentro da holding. A isso, juntam-se questões macroeconômicas, como a crise interna do País, e o fim das obras dos eventos esportivos (Copa e Olimpíada).
A combinação desses fatores derrubou o volume de projetos da empresa em R$ 8 bilhões e continuará tendo reflexos negativos. Em 2014, a carteira de obras da empreiteira somava R$ 30 bilhões; no ano passado, esse valor caiu para R$ 25 bilhões; e em março deste ano, estava em R$ 22 bilhões, segundo a agência de classificação de risco Fitch Ratings.
Nas últimas semanas, no entanto, a companhia mineira, criada em 1948, teve um sopro de otimismo: conquistou dois novos contratos. O maior deles, de cerca de R$ 2 bilhões, será para construir as linhas de transmissão que a elétrica Equatorial acabou de arrematar no leilão no fim do mês passado. O outro, de pouco mais de R$ 100 milhões, é para duplicar uma estrada no interior de São Paulo. Fontes afirmam que para conseguir os contratos, a empresa teve de oferecer um preço bem abaixo da média de mercado.
As duas obras, porém, não resolvem o problema da empresa, cuja carteira total deve cair 26% neste ano. Por outro lado, a notícia tem um efeito psicológico importante dentro da empresa e no mercado. "O ambiente operacional ainda é muito ruim. O grande desafio é conquistar novas obras", afirma o diretor sênior da Fitch, Mauro Storino.
Outra esperança é que, com o acordo de leniência fechado em maio, as negociações para retomar a prestação de serviço para a Petrobras avancem de forma mais rápida. A estatal já admitiu que estuda a reintegração de algumas empresas investigadas pela Lava Jato ao seu quadro de fornecedores. Uma delas seria a Andrade Gutierrez, que fechou acordo para pagar multa de R$ 1 bilhão parcelado em 12 anos.
Mas enquanto a retomada de mercado ocorre a passos lentos, a empresa tenta adequar o custo fixo à nova realidade da companhia. Como toda empresa em crise, o primeiro ajuste ocorreu na folha de pagamento. Desde o início da Lava Jato, o grupo já cortou 30% do quadro de funcionários, seja na área administrativa ou nas obras.
Agora chegou a fase de enxugamento da infraestrutura física. Com unidades em três capitais (Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo), o grupo começou a reduzir a do Rio e aumentar a de São Paulo, considerada mais barata. A área de engenharia esta sendo transferida para a capital paulista, que até então abrigava apenas a área comercial. Os andares que forem sendo desocupados no prédio do Rio serão devolvidos à imobiliária.
Paralelamente, o grupo tenta diminuir outros gastos mais básicos. Se um assunto pode ser resolvido por conference call, por exemplo, os pedidos de viagens são recusados. Ainda assim, a organização sofisticada da construtora, que está entre as duas maiores de País ao lado de Odebrecht, é difícil de enxugar. A companhia detém uma série de certificados de qualidade para participar de obras que demandam uma estrutura muito pesada, afirmam fontes próximas da empresa.
 
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