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Economia

- Publicada em 06 de Novembro de 2016 às 21:33

Economia do País começa trajetória de recuperação neste trimestre

Thiago Copetti
Economista sênior do Santander Brasil, Adriana Dupita está na linha dos executivos otimistas com o cenário econômico do Brasil em curto e médio prazos. A posição leva em conta indicadores pontuais, conversas com empresários e análises do atual cenário. "A nossa visão, no Santander, é que a economia do País deve começar uma trajetória de recuperação já neste quarto trimestre do ano Achamos que é uma visão consistente pelos dados que temos, mesmo com o terceiro trimestre mais fraco do que esperávamos. Mas não foi tão ruim a ponto de revisarmos nossas projeções de crescimento", diz.
Economista sênior do Santander Brasil, Adriana Dupita está na linha dos executivos otimistas com o cenário econômico do Brasil em curto e médio prazos. A posição leva em conta indicadores pontuais, conversas com empresários e análises do atual cenário. "A nossa visão, no Santander, é que a economia do País deve começar uma trajetória de recuperação já neste quarto trimestre do ano Achamos que é uma visão consistente pelos dados que temos, mesmo com o terceiro trimestre mais fraco do que esperávamos. Mas não foi tão ruim a ponto de revisarmos nossas projeções de crescimento", diz.
Adriana, que também é professora convidada dos MBAs da Fundação Getulio Vargas de São Paulo e esteve na Capital, na última semana, em evento da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), é confiante quanto ao retorno dos investimentos, à redução da inflação e do desemprego e a aprovação da Reforma da Previdência até 2018. Em entrevista ao Jornal do Comércio, Adriana explica o que a leva à essa visão positiva para a economia.
Jornal do Comércio - Quais as razões para o seu otimismo com a economia brasileira para os próximos meses?
Adriana Dupita - A confiança do empresário cresceu bastante nos últimos tempos. A curva futura de juro básico (Selic) que é importante para investimento, também indica melhoras. Outra coisa importante são os indicadores de aumento no consumo de bens de capital. Tudo isso indica que estamos a caminho de uma recuperação. Claro que ainda é complicado dizer, neste momentos, já estamos em recuperação, mas é a nossa expectativa. Nossa previsão é de alta de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. Um ciclo já iniciado de queda da Selic é muito importante. Acreditamos que chegue a 9,5% no final do próximo ano. Isso a partir de cortes de 0,50 ponto base em cada reunião do Copom a partir de agora. Há uma convergência de fatores aliados a isso, que pode levar ao crescimento, com maior controle fiscal e convergência de inflação para o centro da meta. Existe um processo importante de desinflação, de retorno do mercado de trabalho. Potencialmente, podemos ter uma inflação em torno de 5% em 2017 se tivermos um posição de câmbio favorável e dentro das nossas projeções. É otimista, sim. Mas não tanto.
JC - Quando falas em retomada dos investimentos, isso vem de onde? Governo, empresas, investidores estrangeiros?
Adriana - Não é governamental, pode ter certeza. O governo está em fase de aperto fiscal. E não apenas do governo federal, mas estados e municípios também. Estamos começando a ter uma mudança de qualidade nos investimentos de infraestrutura, com o setor privado entrando mais forte no segmento, mais alinhado com a pratica internacional. Mas não é desse tipo de investimento que estamos falando. Mesmo se saírem as concessões que o governo tem falado, sem atraso e nem outros riscos, o prazo para construção dessa infraestrutura não ocorrerá ano que vem. Estamos falando em investimento em produção mesmo. Já há empresas com gargalos na capacidade produtiva. Se olharemos em números agregados, como nível de ociosidade do uso da capacidade, parece que não há esse gargalo. Mas isso é uma média da indústria como um todo. E há peso grande do setor automobilístico, que tem mais sofrido com a crise. Se olharmos setor a setor, há segmento sentido a capacidade não compatível com a produção.
JC - Que setores são esses?
Adriana - Especialmente setores que exportam. São eles, provavelmente, que vão liderar essa linha de investimentos no prazo mais curto, de agora até o final do ano que vem. São principalmente bens de consumo, produtos duráveis e não-duráveis. Agora, precisamos lembrar que investimento não é apenas expansão da capacidade. Se uma empresa reforça seus estoques, que ficaram muito baixos, isso é investimento também. Outra coisa que notamos, menos por indicadores e mais por percepção e conversas, é que há agora mais investimento em produtividade, informatização, capacitação. É o que tenho notado em conversas com as empresas. Quem tem condição financeira de fazer esse tipo de investimento está fazendo.
JC - Qual o papel da queda de juros neste cenário?
Adriana - Um dos grandes efeitos colaterais da queda de juros é que o financiamento é um investimento que tende a retornar em breve. É difícil pensar em investimentos com juros de 14% ao ano. Parece muito, mas estimamos alta de 6% nos investimentos das empresas em 2017, mesmo frente à projeção de PIB ter alta de apenas 2%. Vale lembrar que 6% não é muito frente a queda enorme dos últimos anos.
JC - Essa visão otimista também é influenciada pela aprovação da PEC nº 241?
Adriana - Mesmo sem a PEC, o governo federal tem muito pouco dinheiro, se pensarmos em tudo que precisa ser feito no País. Em tese, o investimento do governo não precisa ser congelado. A PEC não impõe isso. É um congelamento real, onde se pode elevar investimento de acordo com aumento na receita. Mas, hoje em dia, não dá para pensar no setor público como o motor dos investimentos.
JC - Os investimentos privados em infraestrutura dependem de órgãos como Bndes e ligados ao governo. Não é um mercado para bancos privados?
Adriana - Acho que sim. Notamos no governo vários fatos na direção correta dos futuros investimentos no setor, no sentido de colocar o foco na qualidade de serviço em vez de no valor das tarifas. Hoje, as empresas que atuam no segmento se financiam basicamente com a Caixa e o Bndes, ou com debêntures e mercado de ações, mas isso deve mudar substancialmente no ano que vem, com a queda do juro.
JC - Outro complicador e entrave na economia e para as contas do governo é a Previdência. Acredita que a reforma realmente saia em curto prazo?
Adriana - Sim, sairá. Se não sair, será um complicador inclusive para a PEC 241. Se os deputados que aprovaram a PEC não aprovarem a Reforma da Previdência, quebram o projeto, e aí terão que escolher onde, em que rubricas, cortarão recursos. Então, há um incentivo correto e um caminho para a Reforma da Previdência, em 2018. Não acho que será aprovada como a PEC, praticamente sem alteração ao que foi apresentado pelo governo. Como é um assunto que mexe mais diretamente no bolso do cidadão, é legítimo que se tenha um debate mais apurado sobre as regras. Não será fácil, mas sairá.
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