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Teatro

- Publicada em 16 de Novembro de 2016 às 13:45

Peça de Patsy Cecato em nova versão

A dramaturga e diretora Patsy Cecato resolveu atualizar e revisitar seu texto Hotel Rosa Flor (editado em livro pelo IEL em 2002), transformando-o em Hotel Rosashock, com a participação de um elenco estritamente masculino, vivendo papéis exclusivamente femininos. Acho que a experiência, tanto para a dramaturga, que foi levada a mexer em algumas falas, quanto para a diretora, que teve de enfrentar um elenco certamente nada fácil de dirigir, deve ter sido bastante positiva. Na presente versão, nenhuma personagem foi essencialmente modificada, nem mesmo em seu nome. Continuamos tendo uma indecisa proprietária de um pequeno hotel, às voltas com sua separação; uma Condessa falsificada; uma camareira trapalhona, mas muito humana; uma dupla de relacionamento complicado, que acaba sendo resolvido no decorrer do enredo, e uma dona-de-casa que, enfim, descobre sua liberdade e sua própria identidade.
A dramaturga e diretora Patsy Cecato resolveu atualizar e revisitar seu texto Hotel Rosa Flor (editado em livro pelo IEL em 2002), transformando-o em Hotel Rosashock, com a participação de um elenco estritamente masculino, vivendo papéis exclusivamente femininos. Acho que a experiência, tanto para a dramaturga, que foi levada a mexer em algumas falas, quanto para a diretora, que teve de enfrentar um elenco certamente nada fácil de dirigir, deve ter sido bastante positiva. Na presente versão, nenhuma personagem foi essencialmente modificada, nem mesmo em seu nome. Continuamos tendo uma indecisa proprietária de um pequeno hotel, às voltas com sua separação; uma Condessa falsificada; uma camareira trapalhona, mas muito humana; uma dupla de relacionamento complicado, que acaba sendo resolvido no decorrer do enredo, e uma dona-de-casa que, enfim, descobre sua liberdade e sua própria identidade.
O tema das identidades femininas é uma constante na obra da Patsy Cecato, que tem boas observações e é capaz de imaginar situações hilárias que bem caracterizam alguns absurdos da vida cotidiana. Nesta segunda versão, algumas situações são um pouco radicalizadas e precisam de maior cuidado no tratamento, justamente pela intervenção de um elenco travestido, o que gera um problema para a diretora: é claro que ela precisa tirar efeito deste travestimento, mas, ao mesmo tempo, não pode simplificar primariamente as situações. É aqui que entra, significativamente, a qualificação do elenco. O resultado, enfim, é muito bem, dentro da perspectiva de um espetáculo para divertir, com liberdade, inteligência e tiradas hilárias excelentes, em parte dependentes da qualidade dos intérpretes. O espetáculo serve, igualmente, por aproximar atores que normalmente se apresentam em espetáculos diversos, quase que sem atuarem em conjunto, para promover uma espécie de encontro e de balanço destes shows que muitos deles têm realizado. Tais espetáculos divertiram e se tornaram moda.
Depois, cansaram e saíram de cartaz. Aqui, tendo uma sólida base em enredo bem articulado e bem desenvolvido, a diretora pode se dar ao luxo de introduzir algumas passagens que, embora gratuitas, porque interrompem a trama e nem chegam mesmo a ilustrar a ação dramática, divertem e evidenciam os talentos dos intérpretes convidados.
Dados os descontos de que assisti ao trabalho praticamente em sua estreia, quando o nervosismo é evidente e exige que alguns acertos de ritmo sejam feitos posteriormente, o espetáculo agrada e é muito divertido, mostrando um grupo coeso e bem afinado. Carlos Paixão está verdadeiramente irreconhecível na dividida Rosa Flor e deverá, evidentemente, crescer durante a temporada; João Carlos Castanha é impagável na figura da Condessa: sua figura pequena contrasta fortemente com a personalidade forte da Condessa, e suas tiradas são genuinamente cômicas: cada entrada sua em cena é uma apoteose. Áquila Mattos é simplesmente brilhante enquanto Deise, a camareira, na figura ingênua de uma trapalhona que, não obstante, tem sonhos para o futuro e termina por realizá-los; Luiz Manoel Oliveira Alves incorpora a figura de Helena, uma dona-de-casa que, após a separação, começa a descobrir sua própria liberdade; a figura é extremamente valorizada por um figurino verde choque de extremo bom gosto; Everton Barreto se transforma verdadeiramente na figura de Maíra, personalidade forte, que acaba descobrindo novos interesses amorosos ao longo da trama; Andryos Otto Montanari vive uma explosiva Beatriz, modelo sexy e sedutora que, não obstante, é emocionalmente dependente e ingênua. Caio Prates faz uma participação especial que é sempre divertida em suas entradas, embora deva começar a pensar em renovar seu repertório.
A produção de Gustavo Saul foi cuidadosa, garantindo belos figurinos de Kika Freitas, cenário simples, mas intimista, de Valéria Verba, iluminação de Bruna Immich. Nilton Gafree Jr. assina a direção coreográfica, importante para dar naturalidade à movimentação cênica dos intérpretes, e Manoela Wilhelms Wolff responde pela direção musical, tendo especial cuidado com a escolha das incidências sonoras e seus efeitos. Patsy Cecato, ao escolher como ambiente um hotel, facilitou sua tarefa de desenvolver tramas paralelas para cada personagem. Assim, o enredo é dinâmico, divertido e algumas dessas linhas acabam se cruzando, resolvendo-se entre si. Neste sentido, a nova versão e montagem foi muito mais um desafio para a diretora do que propriamente para a dramaturga. Quem sai ganhando é o público, que se diverte.
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