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Cinema

- Publicada em 10 de Novembro de 2016 às 22:22

Cenas nobres e sentimentais

A constatação de Claude Chabrol de que o melodrama nada mais é do que uma leve ampliação da realidade tem neste A luz entre os oceanos uma confirmação e também a reafirmação de que o gênero, transposto ao cinema por mãos competentes e pela sensibilidade enriquecida pela inteligência, dificilmente terá suas sugestões desperdiçadas. O gênero tem na tela momentos significativos nos quais temas manipulados de forma a acentuar dramaticamente suas possibilidades propiciaram a criação de filmes que terminaram por se tornar clássicos. São muitos os que merecem ser citados, mas certamente poucos discordarão de que A ponte de Waterloo, de Mervyn LeRoy, e Tarde demais para esquecer, de Leo McCarey, não poderão estar ausentes da lista dos melhores. São exemplos significativos e que ilustram com perfeição a concretização na tela daquelas virtudes derivadas do trabalho de diretores dotados de segurança e imaginação e de intérpretes de talento acima da média. Há também o caso de Douglas Sirk, que mesmo não sendo uma unanimidade, soube abordar o gênero com dignidade. E ninguém poderá negar em várias obras-primas de Chaplin a clara presença de elementos do gênero, tratados com genialidade. Um olhar para tal cinema também poderá confirmar, nos casos em que ele é abordado com aquele equilíbrio que evita o exagero e procura a emoção, que ele pode ter entre seus méritos observações reveladoras sobre o relacionamento entre seres humanos.
A constatação de Claude Chabrol de que o melodrama nada mais é do que uma leve ampliação da realidade tem neste A luz entre os oceanos uma confirmação e também a reafirmação de que o gênero, transposto ao cinema por mãos competentes e pela sensibilidade enriquecida pela inteligência, dificilmente terá suas sugestões desperdiçadas. O gênero tem na tela momentos significativos nos quais temas manipulados de forma a acentuar dramaticamente suas possibilidades propiciaram a criação de filmes que terminaram por se tornar clássicos. São muitos os que merecem ser citados, mas certamente poucos discordarão de que A ponte de Waterloo, de Mervyn LeRoy, e Tarde demais para esquecer, de Leo McCarey, não poderão estar ausentes da lista dos melhores. São exemplos significativos e que ilustram com perfeição a concretização na tela daquelas virtudes derivadas do trabalho de diretores dotados de segurança e imaginação e de intérpretes de talento acima da média. Há também o caso de Douglas Sirk, que mesmo não sendo uma unanimidade, soube abordar o gênero com dignidade. E ninguém poderá negar em várias obras-primas de Chaplin a clara presença de elementos do gênero, tratados com genialidade. Um olhar para tal cinema também poderá confirmar, nos casos em que ele é abordado com aquele equilíbrio que evita o exagero e procura a emoção, que ele pode ter entre seus méritos observações reveladoras sobre o relacionamento entre seres humanos.
O diretor americano Derek Cianfrance é um sério candidato a estar presente entre os melhores, pois são muitos os méritos deste seu novo filme, realizado em regime de coprodução entre a Nova Zelândia e o Reino Unido e tendo por base um romance de M.L. Stedman. O cineasta, a se julgar por um de seus filmes anteriores, O lugar onde tudo termina, aprecia narrativas em que um casal tem de enfrentar inúmeras dificuldades e nas quais a presença da criança é também um elemento relevante na trama. Mas seu cinema não se apoia unicamente na força das situações vindas do roteiro e explora de maneira notável as possibilidades decorrentes da força das imagens. Se o rosto humano, valorizado por intérpretes talentosos, é privilegiado por planos expressivos, o cenário, por sua vez, é utilizado com brilhantismo e se transforma em fator dos mais relevantes para acentuar o tema da solidão e do isolamento que o protagonista procura depois de suas experiências nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial. O cineasta utiliza com perfeição elementos visuais e através do velho piano consegue armar uma cena notável, quando, ao mesclar o temor de uma mulher dos anos 10 do século passado com uma inesperada descoberta, conclui o trecho com uma reconciliação que também solidifica a relação do casal.
Sentimentalismo pode não faltar, mas a nobreza também está presente, para que o necessário equilíbrio seja alcançado. A cena final, outro momento alto do filme, reúne os dois elementos de maneira precisa e acentua a valorização da vida. As palavras são poucas, mas sendo necessárias terminam por expor o tema central. O conflito abordado durante a narrativa, a partir da cena do cemitério, também é perfeitamente desenvolvido, pois ao mesclar o túmulo, na verdade um cenotáfio, com o batismo, reúne a morte e a vida, o que sintetiza a trajetória do homem que traz em seu passado a participação na guerra e no presente está participando de um processo destinado a manter uma existência. O cineasta também explora o tema do instinto em conflito com a realidade. E quando tudo se revela o drama então criado é de uma intensidade que se espalha por todos os personagens. Talvez a autora do romance e o próprio diretor do filme tenham pensado nos diversos dramas vividos por avós e crianças, filhas de pais desaparecidos, na Argentina, depois do fim da ditadura. Aqui, é claro, o impulso foi outro, mas a essência se assemelha. Por isso, o epílogo é algo no qual a nobreza se impõe, sem afastar a emoção.
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