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Porto Alegre, domingo, 13 de novembro de 2016. Atualizado �s 20h09.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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ARTES C�NICAS

Not�cia da edi��o impressa de 14/11/2016. Alterada em 11/11 �s 17h38min

Pe�a que promove a cultura negra � destaque no Teatro do Sesc

Qual a diferen�a entre o charme e o funk? volta a cartaz nesta sexta-feira

Qual a diferen�a entre o charme e o funk? volta a cartaz nesta sexta-feira


ANDR/ OLMOS/DIVULGA��O/JC
Michele Rolim
Nos últimos anos o grupo Petragô vem se destacando no cenário gaúcho pelas produções relevantes à cultura negra brasileira. Com um repertório composto por duas peças premiadas, Qual a diferença entre o charme e o funk? (volta em cartaz sextas e sábados, às 20h, no Teatro do Sesc até o dia 26 de novembro com ingressos a R$ 30,00) e AfroMe. Nos dois trabalhos do grupo, o negro é o protagonista.
Os integrantes são majoritariamente do Departamento de Artes Dramáticas (DAD) do Instituto de Artes da Ufrgs - Bruno Cardoso, Bruno Fernandes, Camila Falcão, Kyky Rodrigues, Laura Lima, Manuela Miranda, Silvana Rodrigues e o diretor Thiago Pirajira. "Com a questão da política de ações afirmativas começou a crescer o número de alunos negros no DAD. Quando havia a produção de espetáculos sempre entrávamos nos papéis menos importantes, conversamos então sobre trabalharmos juntos", conta Silvana Rodrigues.
A atriz aponta que existem pessoas negras trabalhando no teatro no Estado, mas dentro da universidade isso é recente. "A partir do momento que você está dentro de um espaço acadêmico e o saber é legitimado, tu peitas diferente a sociedade", diz.
Já no primeiro trabalho somou-se ao grupo o diretor Thiago Pirajira. No momento que foi convidado, ele estava, ao lado de Julia Rodrigues, realizando o seu primeiro trabalho de direção profissional no qual a temática da negritude era mote da criação.
Com textos autorais, a coisa mais importante que o grupo quer mostrar à plateia, segundo Pirajira, é "a perspectiva da vida. As peças têm esse caráter motivacional. Trazemos as dores, mas elas são uma alavanca pra cantar pra subir". Silvana completa: "Nós queremos fazer qualquer papel ou trabalho, mas antes, juntos, temos que falar que existimos, que produzimos cultura e saber, e somos seres humanos complexos como qualquer outro", pontua.
Em relação ao mercado de trabalho, ainda persiste a dificuldade de visibilidade dos artistas negros. "Quando vão nos procurar para um trabalho, tu tens que ser muito habilidosa, tu tens que ser muito mais, não pode ser atriz, esse ser o dobro é inerente a pessoa negra de qualquer cargo, não é diferente na arte e isso é extremamente cruel", afirma Silvana que afirma que a dificuldade aumenta quando se é uma mulher.
Logo no início que o grupo surgiu havia um questionamento sobre o fato de pessoas negras estarem todas juntas. "Tem uma questão da branquitude, muitas vezes trabalham só pessoas brancas, e isso jamais é questionado, então o trabalho de qualquer grupo no qual as pessoas são negras também não deveria ser questionado", avalia Silvana.
O grupo é formado por atores negros, mas também conta com a colaboração de artistas brancos. "São pessoas que trabalham objetivamente com a gente, e que reconhecem que estão dentro de um lugar de privilégio socialmente", diz o diretor e completa: "O que fizemos fizemos não é um trabalho terapêutico, ou somente de engajamento político, é um trabalho de arte, independente do tom de pele de cada um, estamos trabalhando profissionalmente".
Os dois espetáculos do grupo são sinônimos de casa cheia. No entanto, o que se percebe é que quem vai aos espetáculos do grupo, na sua maioria, são pessoas que não frequentam habitualmente o teatro porto-alegrense. "É público que não costuma estar no teatro talvez por não se sentir representado pelas narrativas que estão postas, já as pessoas que costumam ir, agora que estão indo, depois que ganhamos prêmios, um outro fator legitimador", avalia Silvana.
Para Pirajira, as políticas afirmativas foram dispositivos que colaboraram para esse movimento em diferentes esferas e a internet também ajudou nesse processo. "À medida que o tempo vai passando, vamos reconhecendo coisas que já existiam, mas que não eram visibilizadas", comenta.
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