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Energia

- Publicada em 04 de Novembro de 2016 às 15:45

Para Parente, Petrobras está em recuperação

Parente (c) diz que empresa começa a sair da pior fase de sua história, que ocorreu nos últimos dois anos, graças a novo conselho e nova diretoria

Parente (c) diz que empresa começa a sair da pior fase de sua história, que ocorreu nos últimos dois anos, graças a novo conselho e nova diretoria


FLÁVIO EMANUEL/AGÊNCIA PETROBRAS/JC
A Petrobras está em "trajetória firme de recuperação", mas ainda há uma distância até que as metas de recuperação sejam completamente cumpridas, afirmou o presidente da companhia, Pedro Parente, na semana passada, em palestra de abertura da Rio Oil & Gas, no Riocentro. Segundo ele, os dois últimos anos foram os piores da história da companhia. Mas "medidas foram tomadas para reverter esse cenário, como a formação de um novo conselho e uma nova diretoria, e um programa de desinvestimento 'ambicioso'", disse Parente.
A Petrobras está em "trajetória firme de recuperação", mas ainda há uma distância até que as metas de recuperação sejam completamente cumpridas, afirmou o presidente da companhia, Pedro Parente, na semana passada, em palestra de abertura da Rio Oil & Gas, no Riocentro. Segundo ele, os dois últimos anos foram os piores da história da companhia. Mas "medidas foram tomadas para reverter esse cenário, como a formação de um novo conselho e uma nova diretoria, e um programa de desinvestimento 'ambicioso'", disse Parente.
O presidente da Petrobras elogiou o presidente da República, Michel Temer, também presente ao evento. "Parte dos resultados se deve à visão e iniciativa do presidente, por oferecer condições" de desenvolvimento do setor, afirmou Parente. O executivo elogiou a decisão do Congresso de acabar com a exclusividade da operação no pré-sal da Petrobras e abrir a liderança da região para outras petroleiras.
De acordo com ele, sem essa medida, o investimento no setor seria retardado, porque a Petrobras não teria como arcar. "O pré-sal deve atrair bilhões em investimento nos próximos anos, da Petrobras e da iniciativa privada", disse. O presidente da estatal ainda pediu mudanças na política de conteúdo local, para que os fabricantes de equipamentos nacionais sejam premiados pela competitividade e não tenham reserva de mercado.
Segundo Parente, a Petrobras está ao lado da indústria local. "O que mais geraria emprego e renda? Produzir apenas para as empresas daqui no mercado fechado ou fornecer para exportações?", questionou. Apesar de ainda carregar o título de petroleira mais endividada do mundo, a Petrobras começa a reconquistar a confiança dos investidores e a reverter os estragos deixados pelas denúncias de corrupção levantadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Com uma alta de 168% em suas ações acumulada no ano, a estatal já conseguiu subir neste ano três degraus em um ranking de valor de mercado que reúne as grandes companhias do setor. A Petrobras, que chegou a ocupar o terceiro lugar em maio de 2008, hoje é a 8ª colocada. Em janeiro deste ano, seu pior momento, estava situada na 11ª posição.
Em entrevista, o presidente da estatal comemora a escalada da empresa, mas diz que "a parte mais difícil vem agora. Executar um plano que inclui a redução de custos e de investimento, sem reduzir as metas e com ganho de produtividade, além de um programa de desinvestimento relevante, o que requer muita disciplina". O projeto da Petrobras é correr com os ajustes para alcançar, em 2018, os mesmos indicadores das petroleiras que possuem grau de investimento, o selo de boa pagadora que perdeu em fevereiro de 2015.
A principal meta é a redução do comprometimento do caixa com pagamento de dívida. A ideia é chegar a um indicador de alavancagem (relação entre dívida líquida e geração de caixa) de até 2,5 em dois anos. Hoje, o indicador está em torno de 5. "Desejo o grau de investimento o mais cedo possível. A gente tem de fazer a nossa parte e o 'upgrade' (elevação da nota de risco) vem como consequência", acrescentou Parente.
Há duas semanas, a agência de classificação de riscos Moody's elevou a nota da companhia, mas continuou indicando ao mercado que a petroleira ainda não faz parte do seleto grupo de empresas globais isentas de risco. A companhia continua considerada com grau especulativo e precisa avançar cinco degraus para recuperar o selo de boa pagadora.
Um dos pontos de alerta é a investigação sobre a companhia nos Estados Unidos, relacionada à corrupção e suborno. A ação afetará o caixa da empresa em um montante que ainda não está claro, destacou a Moody's. Na semana passada, a estatal fechou acordo para encerrar quatro ações individuais contra a empresa, no valor de US$ 353 milhões. Essas ações tramitam em junto com outras 23, além de uma ação coletiva, em Nova Iorque.
A Petrobras colhe hoje os benefícios da melhora do mercado internacional de petróleo. A empresa também ganha com a alta do real frente ao dólar, por causa do endividamento em moeda norte-americana. Para o mercado financeiro, também foram positivas as mudanças regulatórias feitas pelo presidente Temer, para reduzir a interferência do governo nos negócios.
A principal delas foi a que libera a operação do pré-sal a qualquer petroleira, e não só à Petrobras. O mercado avalia que suas reivindicações para o setor estão sendo atendidas por Parente, pelo Executivo e pelo Congresso. O contentamento do mercado é indicado pela valorização das ações da empresa.

Parcerias feitas melhoram a governança

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, defendeu o plano de venda de ativos da estatal como uma maneira de contribuir para a melhoria da governança da companhia, abalada após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
"Além da diluição do risco e dos investimentos, talvez o mais importante em atrair parceiros seja a melhoria da governança. Quando temos parceiros, temos que nos comportar da melhor maneira possível", afirmou o executivo, em discurso de encerramento da feira Rio Oil & Gas.
A Petrobras planeja vender quase US$ 35 bilhões de ativos até o final de 2019. Parente lembrou que é um valor bem superior aos cerca de US$ 15 bilhões levantados pelo governo Fernando Henrique Cardoso com a privatização das teles.
Parente ressaltou que o plano de socorro da Petrobras, com venda de ativos e redução de custos, é semelhante ao que vem sendo implementado por diversas empresas globais de petróleo. "O curioso é que a Petrobras, por força do momento em que vive, embarca em um programa que seria necessário de qualquer forma, semelhante ao que toda a indústria embarcou", comentou.
Em sua fala, o presidente da Petrobras frisou que a indústria ampliou custos e investimentos nos momentos em que petróleo era caro e está tentando se adaptar ao novo cenário de preços. "A indústria convive com preços muito inferiores aos que já tivemos e está baseada em um nível de investimentos muito mais compatível com a receita em que já tivemos", comentou.
Segundo ele, cada US$ 1 de receita no setor de petróleo gera US$ 0,97 em investimentos. "Isso mostra que é uma indústria que tem remunerado muito mal seus investidores. É uma indústria que, sem dúvida, precisa de um novo modelo de negócios", declarou.
Parente evitou falar dos negócios específicos da estatal de petróleo, baseando seu discurso em uma visão mais ampla do setor. Ele concluiu seu discurso dizendo que o governo tem anunciado medidas para alterar as regras do setor com o objetivo de atrair mais investimento estrangeiro para o País.
"Eu vejo claramente um novo momento para o setor", finalizou o executivo, que colocou entre os principais desafios do setor petrolífero a resistência de centrais sindicais e de partidos de oposição às medidas que estão sendo propostas. A abertura da feira teve a presença do presidente Temer, que passou a mensagem de que o governo ouvirá as demandas da indústria para facilitar a atração de investimentos.

Estatal pode ganhar reforço milionário do governo neste ano

A Petrobras pode ganhar uma reforço de caixa bilionário até o fim deste ano. Segundo Márcio Felix Bezerra, secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), a estatal deve se tornar credora da União na renegociação dos contratos da cessão onerosa.
Em 2010, a Petrobras realizou uma megacapitalização para poder fazer frente aos investimentos. Na época, para não perder o controle na empresa, o governo federal cedeu à estatal o direito de produzir até cinco bilhões de barris em áreas do pré-sal.
Esse processo foi chamado de cessão onerosa. "A Petrobras adquiriu os barris quando o petróleo estava a quase US$ 100. Hoje, está a metade. Estamos vendo a visão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e da Petrobras. Tudo leva a crer que a Petrobras tenha algo a receber", diz o secretário. "Esse valor é que está em discussão."
Segundo Bezerra, há uma expectativa de cerca de 10 bilhões de barris na cessão onerosa, dos quais a Petrobras tem direito a tirar 5 bilhões de barris. Uma das alternativas possíveis seria permitir que outras empresas operassem e arcassem com o ressarcimento.
"Será que esses 5 bilhões que estão lá não conseguem pagar a Petrobras de alguma maneira? Pode ser que não precise mudar a lei. Há várias formas de monetizar isso. Se trouxermos terceiros para a área da União?", indaga o secretário.
"Aí, os terceiros, por exemplo, pagariam à Petrobras. Pode ser uma solução desse tipo. Pode fazer uma negociação que envolva as partes, dentro da lei. Até o fim do ano, chegamos a um acordo. E, depois, vamos discutir como pagar", afirma Bezerra.
Do outro lado, a Petrobras informou que vai criar um Comitê de Minoritários para acompanhar o processo de revisão do contrato de cessão onerosa. "O Comitê será composto pelos dois conselheiros eleitos pelos acionistas minoritários, Guilherme Affonso Ferreira e Marcelo Mesquita de Siqueira Filho."
"Além deles, haverá um membro externo independente com conhecimento de análise técnico-financeira de projetos de investimento", disse a empresa. A Petrobras destacou que "os valores deverão ser pactuados a partir de laudos de certificadores independentes."

Companhia quer contratar as empresas da Lava Jato

Parente (c) diz que empresa começa a sair da pior fase de sua história, que ocorreu nos últimos dois anos, graças a novo conselho e nova diretoria

Parente (c) diz que empresa começa a sair da pior fase de sua história, que ocorreu nos últimos dois anos, graças a novo conselho e nova diretoria


FLÁVIO EMANUEL/AGÊNCIA PETROBRAS/JC
A Petrobras está estudando alternativas para voltar a contratar empresas que foram incluídas em sua lista negra após a deflagração da Operação Lava Jato. Atualmente, há 32 companhias impedidas de fazer negócios com a estatal. Segundo o diretor de governança da Petrobras, João Elek Junior, a petroleira está concluindo a definição de parâmetros para avaliar quais dessas investigadas estão aptas a voltar a participar de licitações. O bloqueio completa dois anos no dia 29 de dezembro.
"Algumas empresas têm feito um esforço admirável. Já fizeram acordo de leniência, fizeram grandes desembolsos e implantaram mudanças muito grandes", disse Elek, em entrevista na feira Rio Oil & Gas. Ele evitou citar nomes, mas lembrou que as construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Correa, por exemplo, já fecharam acordos de leniência com o Ministério Público Federal.
Elek argumentou que o bloqueio às empresas deveria ser temporário e, por isso, a estatal vem conversando com os órgãos responsáveis sobre a possibilidade de retomar as contratações. A ideia é fazer uma espécie de auditoria na gestão dos fornecedores bloqueados. O executivo justificou que o bloqueio aos grandes fornecedores torna os projetos maiores mais difíceis de serem executados.
"Se tenho um projeto grande, e não há empresa grande o suficiente, que tenha condições financeiras para executar, preciso pulverizar entre pequenas empresas", explicou. Em 2015, a Petrobras lançou um programa de avaliação dessas empresas, também com o objetivo de acelerar seu retorno às licitações, mas o programa não levou a nenhum desbloqueio.
Elek explicou que, a partir dos questionários enviados pela estatal às empresas naquela ocasião, a Petrobras precisou pedir novas informações e recomendou a necessidade de medidas adicionais de melhoria de governança.
Em julho, a Petrobras e o governo fecharam acordo de R$ 1,1 bilhão com a holandesa SBM, que se tornaria a primeira grande empresa envolvida na Lava Jato a deixar a lista. Em setembro, porém, a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal decidiu não homologar o acordo, alegando que não houve colaboração efetiva do grupo holandês.

Petroleira era símbolo de desajuste, afirma Temer

Parente (c) diz que empresa começa a sair da pior fase de sua história, que ocorreu nos últimos dois anos, graças a novo conselho e nova diretoria

Parente (c) diz que empresa começa a sair da pior fase de sua história, que ocorreu nos últimos dois anos, graças a novo conselho e nova diretoria


FLÁVIO EMANUEL/AGÊNCIA PETROBRAS/JC
O presidente Michel Temer afirmou, na semana passada, que a Petrobras era símbolo de algo que estava "inteiramente desajustado" e que a nova diretoria está colocando a empresa nos eixos. Os comentários foram feitos durante abertura da Rio Oil & Gas, principal feira do setor de petróleo do País, no Rio de Janeiro.
Temer esteve na feira como forma de passar confiança ao setor e incentivar o investimento no segmento, que passa por reformas regulatórias sugeridas pela base de seu governo. A última vez em que um presidente da República esteve na feira foi em 1982, com o general João Batista Figueiredo.
Nos governos do período em que o PT esteve à frente da administração do País, ministros e secretários executivos de ministérios costumavam participar das cerimônias de abertura. Temer já havia participado na condição de vice-presidente de Dilma Rousseff.
Durante sua fala, o presidente afirmou que o Executivo e o Legislativo estão comprometidos em apoiar mudanças nas leis que regulam o setor de petróleo e gás no País. Ele afirmou que os parlamentares estão dando "apoio extraordinário" às medidas que modificam as regras do setor.
Segundo o projeto de lei do senador licenciado e ministro de Relações Exteriores, José Serra (PSDB), a Petrobras deixa de ser obrigada a atuar em todos os campos do pré-sal, algo visto com bons olhos pelo restante da indústria, porque aumenta a participação privada no setor.
Temer falou da necessidade de a Petrobras dividir as obrigações no pré-sal com outras companhias como forma de reativar o segmento, castigado pelo declínio recente do preço do petróleo e também pelas perdas provocadas com a Operação Lava Jato.
O presidente afirmou que a nova lei permitirá que a "nossa riqueza petrolífera seja integralmente explorada". Ele elogiou a atuação do atual presidente da Petrobras, Pedro Parente, e pediu aplausos da plateia, formada por executivos de petroleiras e prestadoras de serviços nacionais e estrangeiras.
O tom da abertura foi de otimismo com as novas regras. "A Petrobras era o símbolo de algo que estava inteiramente desajustado. Com Pedro Parente, e por sua atuação, ela passa a ser uma das empresas mais ajustadas no País", garantiu Temer.