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Empresas & Negócios

- Publicada em 15 de Novembro de 2016 às 16:25

Brasil investeem indústria 4.0

Apesar da grave crise econômica, o Brasil corre para não perder o bonde da nova revolução industrial, a chamada era da produção 4.0. As empresas brasileiras que competem internacionalmente, como Embraer e Ambev, e multinacionais com unidades produtivas aqui, como a Volkswagen e a Jeep, estão entre as mais avançadas neste novo conceito.
Apesar da grave crise econômica, o Brasil corre para não perder o bonde da nova revolução industrial, a chamada era da produção 4.0. As empresas brasileiras que competem internacionalmente, como Embraer e Ambev, e multinacionais com unidades produtivas aqui, como a Volkswagen e a Jeep, estão entre as mais avançadas neste novo conceito.
Segundo especialistas, trata-se do novo paradigma da competitividade industrial, um passo adiante na automação das fábricas, com a crescente substituição de trabalhadores em funções repetitivas, em busca da máxima eficiência nos processos produtivos. Nesse novo cenário, formado por "fábricas inteligentes", a tecnologia tem papel crucial. Combina robôs automatizados, capazes de interagir com outras máquinas e com seres humanos, uso de impressoras 3D, internet das coisas e integração de sistemas, entre outros.
"É a união da internet das coisas, por meio de chips implantados no maquinário, com a automatização industrial, que gera inteligência à manufatura", explica Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral especializado em competitividade. Arruda estima que o ganho de produtividade gerado pela implementação dos conceitos 4.0 pode chegar a 40%. O novo modelo, diz, foi criado pelos alemães e já é considerado tão revolucionário para a indústria quanto o uso da energia elétrica, no começo do século XX, ou da informática, nos anos 1970. "Os usos digitais e tecnológicos nos processos produtivos, sem passar por pessoas, têm trazido ganhos massivos em eficiência."
A linha de montagem dos carros da Jeep, na fábrica da montadora instalada em Pernambuco, parece um cenário de filme futurista. Robôs montam o carro praticamente sozinhos - da fuselagem à pintura, com capacidade para montar 45 carros por hora.
"Para cada carro, são rastreados os dados das peças montadas e assegurados os parâmetros de qualidade. A planta também é totalmente integrada aos fornecedores. Todos operam sob o mesmo sistema de comunicação, em tempo real, para garantir o fluxo logístico, reduzindo o nível de estocagem" - diz Pierluigi Astorino, responsável por Engenharia de Manufatura da FCA, que controla a Jeep.
Aperfeiçoar os processos, reduzir a praticamente zero os erros e agilizar a fabricação são ganhos citados por todos os que investem na indústria 4.0. A Embraer, fabricante brasileira de aeronaves, já embarcou na nova onda. Uma dos conceitos dessa revolução industrial, o chamado paper less (sem papel, na tradução livre) está implementado desde 2012 em sua fábrica.
Antonio Carmesini, diretor de Engenharia de Manufatura da Embraer, diz que eram necessários de 80 mil a cem mil desenhos para a construção de um avião de grande porte e eles eram manuseados na produção. Hoje, tudo é digitalizado. Além de reduzir custos, diz, há uma maior precisão da leitura, já que os desenhos são em 3D, e não mais 2D como no papel. Isso possibilita ajustes em tempo real nos desenhos que estão na fábrica.
Desde 2015, conta ainda, a Embraer tem instalados sensores nos equipamentos das suas linhas parar monitorar o funcionamento de cada um deles. "Evitamos paradas não programadas, por exemplo, que podem atrasar a entrega de uma aeronave. Se o sensor indica um nível de trepidação, ou temperatura mais elevada, já sabemos que há um problema e o que fazer para saná-lo", explica.
Apesar do avanço em grandes empresas, pesquisa da Confederação nacional da Indústria (CNI) para mapear a quantidade de iniciativas 4.0 na indústria nacional conclui que a "indústria brasileira precisa competir globalmente e se encontra atrás nessa corrida". Setenta e três por cento das empresas afirmaram usar ao menos uma tecnologia digital e o fazem na etapa de processos. Outras 47% utilizam na etapa de desenvolvimento da cadeia produtiva e apenas 33% em novos produtos e novos negócios.
As soluções da produção 4.0 cabem nos mais diferentes ramos. Nas fábricas da Ambev, por exemplo, todo o sistema de resfriamento de cerveja, que antes era feito por pessoas, já está automatizado. Assim, a empresa elimina variações de temperatura, que podem afetar a qualidade da bebida, e economiza energia.
Nas unidades da Volks no Brasil, todos os projetos já nascem de um modelo digital, integrando o conceito de paper less. Produtos são simulados em 3D, o que acelera a produção. O objetivo é atingir um estágio já vivido na produção alemã, onde o consumidor escolhe a cor de seu veículo na concessionária, e a informação é passada à linha de produção, onde máquinas recebem o pedido e fazem as customizações necessárias de cada unidade.
Na Alemanha, onde nasceu o conceito, já há unidades fabris totalmente 4.0, que funcionam sem pessoas e com as luzes apagadas (a chamada dark manufacture). Um modelo que, naturalmente, tem efeito direto nos empregos.
Cezar Taurion, presidente da Litteris Consulting, especializada em tecnologia, admite que "indiscutivelmente haverá redução de vagas" nas fábricas. E estima que numa fábrica com mil funcionários na produção, sobrariam cem na transformação para a produção 4.0. Novas funções, porém, pondera, tendem a ser criadas: "Não vai afetar só os operários, mas também os administrativos com a inteligência artificial. O desafio para manter o nível de emprego é capacitar".
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