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Lava Jato

- Publicada em 19 de Outubro de 2016 às 18:00

Cunha é preso em Brasília por ordem de Sérgio Moro

Ex-presidente da Câmara embarcou para Curitiba após ser preso

Ex-presidente da Câmara embarcou para Curitiba após ser preso


Wilson Dias/Agência Brasil/JC
O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso ontem em Brasília pela Polícia Federal, que também esteve em sua casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso ontem em Brasília pela Polícia Federal, que também esteve em sua casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
A prisão e a busca foram autorizadas pelo juiz federal Sérgio Moro na terça-feira, que passou a tratar do caso do ex-parlamentar depois que ele perdeu o foro privilegiado com a cassação de seu mandato.
Moro afirmou, no despacho em que decreta a prisão do ex-presidente da Câmara, que há indícios de que o político pratica crimes de forma "reiterada", "profissional" e "sofisticada". Também afirmou que a perda do mandato do ex-deputado não foi "suficiente para evitar novas obstruções" às investigações da Lava Jato.
Moro pediu a prisão do ex-deputado afirmando que sua liberdade representava risco "à instrução do processo, à ordem pública, como também a possibilidade concreta de fuga em virtude da disponibilidade de recursos ocultos no exterior, além da dupla nacionalidade (Cunha é italiano e brasileiro)".
"Enquanto não houver rastreamento completo do dinheiro e a total identificação de sua localização atual, há um risco de dissipação do produto do crime, o que inviabilizará a sua recuperação", afirmou o juiz Sérgio Moro.
Os procuradores da Lava Jato defendem que Cunha poderia continuar a lavar o dinheiro que recebeu como suborno. Segundo o pedido de prisão, "permanece oculto um patrimônio de aproximadamente US$ 13 milhões". Esse montante estava em contas fora do Brasil que foram fechadas por Cunha. O patrimônio de Cunha na Suíça é de 2,348 milhões de francos suíços, ou R$ 7,5 milhões. O montante está congelado na Suíça e deve retornar ao Brasil no final do processo. Moro também autorizou o bloqueio de bens de Cunha no Brasil. Foram congelados R$ 220,7 milhões. O juiz determinou ainda o bloqueio de documentos de oito carros de luxo em poder do ex-deputado e sua família.
O peemedebista chegou à PF de Curitiba por volta das 17h15min aos gritos de "Fora Cunha".
 

Planalto não teme delação premiada, afirma porta-voz

O Palácio do Planalto decidiu não se manifestar oficialmente sobre a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB).
A resposta protocolar que está sendo divulgada pela Secretaria de Imprensa da Presidência (SIP) é que não há preocupação, dentro do governo, com uma eventual delação do peemedebista, que deu o pontapé inicial no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
"O governo tem zero preocupação quanto a uma eventual delação. O Planalto não interfere na Lava Jato, e a prisão de Cunha é uma ação da Justiça, um poder independente", afirmou o secretário de imprensa, Márcio Freitas. 
A Secretaria de Imprensa nega que Temer tenha antecipado o retorno ao Brasil. Afirma que o presidente cumpriu toda a agenda programada para o último dia da visita oficial em Tóquio. A própria Secretaria de Imprensa do Planalto, no entanto, havia informado que Temer daria uma última entrevista coletiva antes de voltar ao Brasil, às 9h30min da manhã (horário de Brasília), que acabou não acontecendo. A justificativa para o silêncio do Planalto sobre o caso é o fato de o presidente Michel Temer estar em voo.

Após prisão, Câmara encerra sessão e não vota o pré-sal

Após o anúncio da prisão do ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), encerrou a sessão de votação da Câmara, adiando mais uma vez a votação de emendas do projeto de lei que altera as regras de exploração do pré-sal.
Devido à falta de quórum, o plenário também não concluiu a votação anterior, sobre o pedido de regime de urgência para o Projeto de Resolução nº 76/15, que cria a Coordenação de Acessibilidade na estrutura administrativa da Diretoria-Geral. Somente 234 votos foram registrados, quando o mínimo necessário são 274 votos. Foi convocada sessão extraordinária para as 9h desta quinta-feira, mas pode ser que a votação dos destaques do pré-sal fique para a próxima semana.

Ex-deputado 'ainda mantém influência', diz Procuradoria

Ao pedir a prisão preventiva do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba reiterou todos os argumentos já apresentados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, perante o Supremo Tribunal Federal (STF), e acrescentou que, mesmo após ter seu mandato cassado, em setembro, o peemedebista "ainda mantém influência nos seus correligionários, tendo participado de indicações de cargos políticos do governo Temer".
Treze procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba subscrevem o requerimento de prisão de Eduardo Cunha. Os investigadores citam, como exemplo, a nomeação do deputado líder do PR Maurício Quintella, aliado de Cunha, para o Ministério dos Transportes no governo Temer. Na época em que ocupava o cargo de deputado, Quintella votou contra a cassação de Cunha no Conselho de Ética. "Todo esses fatos demonstram que estão presentes os fundamentos da prisão preventiva para a conveniência da instrução processual", cravam os procuradores.

Em nota, parlamentar considera detenção 'absurda'

O ex-deputado Eduardo Cunha afirmou ontem, em nota enviada por meio de seus advogados, que sua prisão é uma "decisão absurda" e sem motivações. Segundo ele, Moro não é o "juiz competente" para deliberar sobre sua prisão, pois a ação cautelar do Supremo e fatos relacionados a outros inquéritos do qual é alvo não estão sob a jurisdição do juiz federal. "Meus advogados tomarão as medidas cabíveis para enfrentar essa absurda decisão", concluiu Cunha na nota curta em que enviou.

Imprensa internacional repercute prisão

Sites e jornais estrangeiros repercutiram a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e relembraram o papel que o peemedebista desempenhou no impeachment de Dilma Rousseff. Como presidente da Câmara, coube a Cunha a abertura do processo que culminou com a saída da petista da Presidência.
A página do jornal argentino "La Nación" publicou a notícia com o título "Prenderam Eduardo Cunha, o cérebro do impeachment contra Dilma". O site do jornal espanhol "El País" informou que Cunha foi preso "por sua vínculação com a trama da Petrobras", referindo-se à Operação Lava-Jato.  O "Clarín", também da Argentina, disse que "há temores, especialmente de alguns dos principais ministros de Temer, sobre a possibilidade de que Cunha abra a boca e afunde a vários".
O jornal inglês "The Guardian" publicou matéria com o título: "Político brasileiro que conduziu o processo de impeachment de Dilma é preso sob a acusação de corrupção". A publicação chamou atenção para o fato de o ex-presidente da Câmara ser comparado por alguns com o personagem Frank Underwood, da série "House of Cards". O jornal inglês "Financial Times" também falou sobre a comparação no título do texto sobre a prisão do ex-deputado: Frank Underwood do Brasil é preso sob a acusação de corrupção.
O "The Wall Street Journal", dos Estados Unidos, foi outro veículo que lembrou que o peemedebista liderou o processo de impeachment contra Dilma.  A BBC também falou sobre os argumentos de Moro para decretar a prisão do ex-deputado e disse que durante anos o peemedebista foi um dos políticos mais poderosos do Brasil.
Na Espanha, o jornal "El País" afirmou que muitos analistas viam a prisão de Cunha como algo inevitável desde que ele perdeu o posto de presidente da Câmara dos Deputados.
O "Daily Mail" publicou em seu site a notícia com o título "Líder do impeachment no Brasil é preso em investigação sobre corrupção".