O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, criticou ontem a atuação dos procuradores da Operação Lava Jato durante a apresentação da denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em setembro. Para Teori, houve um "espetáculo midiático muito forte de divulgação" em Curitiba.
Na época, Lula foi apontado pelos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) como o chefe de uma organização criminosa. "Essa espetacularização do episódio não é compatível nem com o que consta nos autos, nem com a seriedade que se exige na apuração desses fatos", disse Teori.
A fala do ministro foi feita durante a sessão da Segunda Turma do STF que negou pedido apresentado pela defesa de Lula para retirar do juiz federal Sérgio Moro três inquéritos que apuram possíveis irregularidades cometidas pelo ex-presidente.
Para Teori, os procuradores da Lava Jato "deram a entender" que estariam investigando a organização criminosa por trás do esquema de corrupção da Petrobras, o que não consta na denúncia apresentada pelo MPF.
"Nós todos tivemos a oportunidade de verificar há poucos dias um espetáculo midiático muito forte de divulgação, se fez lá em Curitiba, não com a participação do juiz, mas do Ministério Público, da Polícia Federal, se deu notícia sobre organização criminosa, colocando o presidente Lula como líder dessa organização criminosa, dando a impressão, sim, de que se estaria investigando essa organização criminosa (em Curitiba)", comentou o ministro.
Teori destacou que o fato já é alvo de investigação no STF - há um inquérito em tramitação no Supremo que investiga a formação de quadrilha no esquema de corrupção da Petrobras.