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Opinião

- Publicada em 31 de Outubro de 2016 às 16:32

Badiou/Lacan: uma dupla que nos pensa

Para os filósofos da caverna de Platão, a verdade era as sombras deles projetadas por uma fogueira sobre a parede do fundo. Quando saíam da caverna, não suportavam a luz do sol a qual representava o mundo real. Dois mil anos depois, o conceito lacaniano do real é a luz solar de Platão a qual não se pode tolerar a menos que graças a símbolos convencionais consigamos viver com o imaginário, com as sombras da caverna platônica ou, como disse Eça, com "O manto diáfano da fantasia sobre a nudez crua da verdade".
Para os filósofos da caverna de Platão, a verdade era as sombras deles projetadas por uma fogueira sobre a parede do fundo. Quando saíam da caverna, não suportavam a luz do sol a qual representava o mundo real. Dois mil anos depois, o conceito lacaniano do real é a luz solar de Platão a qual não se pode tolerar a menos que graças a símbolos convencionais consigamos viver com o imaginário, com as sombras da caverna platônica ou, como disse Eça, com "O manto diáfano da fantasia sobre a nudez crua da verdade".
Badiou nos perturba ao dizer que o real se encontra coberto por capas de imaginação protetoras, porém mentirosas. Quando estas são retiradas por algum motivo, (como nas crises econômicas e sociais), nos fere uma luminosidade tão intensa que produz angústia, sofrimento e mesmo estados psicóticos pessoais e até coletivos. Estas considerações, transportadas para a prática política atual, nos mostram a existência de uma contradição entre a democracia formal e a real. A democracia atual, segundo Badiou, é um mero semblante do capitalismo real. No cinema, o real é tudo aquilo que fica fora do campo captado pela câmera, em política é o espaço que existe fora do Estado ou do imaginário da democracia formal, mero manto diáfano a cobrir a corrupção generalizada. Em suma, a democracia é um simulacro, é o imaginário lacaniano e o capitalismo é o real. Então, como podemos conviver com o real, sob a luz solar de fora da caverna platônica? Mais fácil é confiarmos nos economistas que vislumbram um futuro de desenvolvimento econômico e consumismo ilimitados, de entretenimento maciço e de felicidade geral.
O consumo generalizado de todo o tipo de drogas parece que está se tornando uma escolha alternativa quando a credibilidade dos economistas, das práticas políticas e democráticas está a se aproximar do nível zero.
Médico, membro da Academia Rio-Grandense de Letras
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