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Opinião

- Publicada em 31 de Outubro de 2016 às 16:32

Ninho vazio

Conversando dia desses com um amigo que não via há algum tempo, me dizia ele que se mudou para outro estado porque seus filhos para lá se foram há algum tempo, ficando ele aqui sozinho com sua esposa.
Conversando dia desses com um amigo que não via há algum tempo, me dizia ele que se mudou para outro estado porque seus filhos para lá se foram há algum tempo, ficando ele aqui sozinho com sua esposa.
Dizia-me esse amigo que acabou se mudando dada a pressão que recebeu tanto da mulher como dos herdeiros, que insistiram para que fossem de muda para lá onde eles estavam estabelecidos. Claro que falo em pressão no sentido afetivo do termo - se é que existe essa conotação, ou seja, um convencimento tipo formiguinha, todo dia uma tiradinha, uma alfinetada, uma perguntinha tipo "e aí, pai, quando vocês vêm?". Ou "está chegando o verão, vai ser legal vocês aqui, a gente sente saudade", ou ainda, "o que vocês estão fazendo sozinhos aí, venham de muda para cá, aqui tem sol, não tem frio, é muito legal, vão ver os netos sempre!".
Fiquei me perguntando o que acontece com essa coisa inexplicável que é a busca eterna do convívio com os filhos de parte dos pais - mais principalmente da mãe, claro... A mãe, sempre que chamada, pega o primeiro ônibus, o primeiro avião, o carro ou o que seja e sai para atender o grito de ajuda da filha - ou do filho, o que é mais raro, mas acontece... Por que não deixamos que os filhos alcem seus voos sozinhos, que busquem seus destinos por si próprios sem ter que ficarem atados à barra das saias?
Qual a razão que nos leva - mais a mãe, óbvio, a estar sempre ligando, chamando no whats, no face, no e-mail (!) todas as noites: "ou filha, como estão, e o fulaninho, já está comendo papinha?" Que estranha sensação essa de "síndrome do ninho vazio" que nos leva, pais, a ansiar por um novo encontro assim que deixamos a casa dos filhos? Mas, por que, raios, não os deixamos em paz, e nós a eles e cingimos nossas visitas a fins de semana prolongados em vez de ficarmos duas semanas, um mês, invadindo a privacidade deles e nos privando da nossa?
Sei lá, mas algum psicanalista ou psicólogo deverá ter a resposta. Claro que nem falo de situação pessoal, mas do que observo por esse mundo afora. Pior de tudo é que meu amigo disse no fim da conversa, já nas despedidas: "Rogério, o bom é aqui, nem te ilude...!".
Jornalista e advogado
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