Antes de ter início a Cúpula Ibero-Americana, em Cartagena, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse que o novo texto do acordo de paz, previsto para estar pronto até dezembro, pode ser aprovado sem que se realize um novo plebiscito. "Eu sigo sendo o presidente da República e tenho todas as faculdades constitucionais e legais para decidir como implantamos esse novo acordo", disse Santos na noite de quarta-feira.
Depois da derrota do último dia 2 de outubro, quando 6,4 milhões de eleitores disseram "não" ao acordo a que chegaram em Havana o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), a equipe do presidente vem tentando emendar o texto do documento para agradar as forças políticas que fizeram propaganda pela rejeição do trato.
A principal delas é o grupo comandado pelo ex-presidente Álvaro Uribe e seu partido, o Centro Democrático, que apresentou um documento com reparos a serem feitos, e condicionando seu apoio à paz a essas mudanças. As propostas mais polêmicas são a dissolução da Justiça especial e a colocação de mais entraves para a participação política de guerrilheiros condenados a delitos graves.
Porém, outros grupos também mostraram desconforto, como alguns líderes religiosos, que pensam que o acordo reforça a dissolução da família ao promover a igualdade de gênero, e o grupo do ex-presidente Andrés Pastrana, que prefere que as condenações levem os guerrilheiros a cumprirem penas no exterior.
Há uma semana, negociadores do governo e das Farc tentam alterar trechos, incluir propostas e fazer emendas no acordo para que este, por fim, agrade a todos. No total, os negociadores levaram a Havana um pacote de 445 propostas de ajustes.