Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Eleições 2016

- Publicada em 23 de Outubro de 2016 às 22:13

Cinco pontos-chave da cidade para Marchezan e Melo

Faltando menos de uma semana para que os porto-alegrenses decidam quem irá governar a cidade durante os próximos quatro anos, o Jornal do Comércio quer proporcionar ao seu leitor a maior quantidade de informações e subsídios para que ele possa, na hora do voto, fazer a melhor escolha para a cidade. Para isso, traz lado a lado a posição dos dois postulantes ao Paço Municipal, Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e Sebastião Melo (PMDB), sobre temas que afetam o dia a dia da população da Capital divididos em cinco eixos principais: saúde, Educação Infantil, assistência social, habitação e infraestrutura/mobilidade.
Faltando menos de uma semana para que os porto-alegrenses decidam quem irá governar a cidade durante os próximos quatro anos, o Jornal do Comércio quer proporcionar ao seu leitor a maior quantidade de informações e subsídios para que ele possa, na hora do voto, fazer a melhor escolha para a cidade. Para isso, traz lado a lado a posição dos dois postulantes ao Paço Municipal, Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e Sebastião Melo (PMDB), sobre temas que afetam o dia a dia da população da Capital divididos em cinco eixos principais: saúde, Educação Infantil, assistência social, habitação e infraestrutura/mobilidade.

Nelson Marchezan Jr.

"Queremos aliviar o máximo possível os hospitais até as 22h, para que a pessoa tenha o mínimo de conforto", diz Marchezan

"Queremos aliviar o máximo possível os hospitais até as 22h, para que a pessoa tenha o mínimo de conforto", diz Marchezan


MARCO QUINTANA/JC

Infraestrutura e mobilidade

Mais de 600 km de vias não pavimentadas Podemos ter projetos imobiliários que contribuam com isso. Queremos que Porto Alegre gere empregos, com qualidade de vida, mas isso passa pela organização financeira da prefeitura. Das 26 capitais, Porto Alegre está em 18ª em termos de percentual de receita líquida em investimento. Nenhum país, estado ou município se desenvolve sem ter um alto índice de sua receita em investimento. Investimento é obra, é o que fica para a sociedade. Se Porto Alegre não aumentar seu índice de investimento, não vai conseguir se desenvolver e melhorar sua qualidade de vida.
Implantação do Plano Diretor Cicloviário Temos um conceito de, primeiro, concluir o que está em andamento. A obra iniciada tem de ser concluída. Essa é a prioridade, pois está se deteriorando, dinheiro está sendo jogado fora, e as pessoas que vivem ao seu redor, ou que precisam daquilo, estão sendo prejudicadas. A segunda questão é um compromisso de começar uma obra e saber quando irá acabar. Que tenha recursos e que tenha multas. A terceira questão é ter recursos da iniciativa privada. A prefeitura tem outras necessidades para colocar seus recursos imediatamente, por isso, vamos buscar parcerias público-privadas para investimento. Além disso, temos de valorizar o transporte público. Segurança, conforto e agilidade no transporte. Teremos de fazer escolhas. Cada vez mais, quem tem carro terá de pagar para tê-lo e usá-lo.
Metrô e BRTs O governo federal mentiu para o Brasil dizendo que havia recursos para vários investimentos. Não tem. Estamos vendo que não tem. E a prefeitura também mentiu que iria fazer BRT, metrô, portais da cidade. Eu não vou mentir. Vamos buscar alternativas sem se comprometer com o metrô. Se conseguirmos recursos, maravilhoso. Mas não posso me comprometer com a cidade em relação a isso.

Habitação

Déficit habitacional Temos uma dificuldade de mapeamento. Do que é zona ambiental, do que é zona de risco, do que pode ser regularizado. Porto Alegre carece desse mapeamento. E isso atinge quase um terço da população da cidade. É preciso ter um planejamento para uma resposta: aqui vamos regularizar, já aqui é zona ambiental, tu vais ter de buscar uma alternativa e nós vamos te ajudar. Mas temos de dar uma previsão para as pessoas, mesmo que a previsão seja “eu não vou fazer nada”. Isso é um grande desafio. Quem sabe buscar parcerias com o IBGE para fazer esse mapa e diagnosticar o problema. É um grande problema, que exige grandes recursos e estrutura para mapear. O Demhab não tem estrutura para fazer esse mapeamento. Teria de buscar um parceiro.

Assistência social

Pessoas em situação de rua Deixamos o problema avançar. Isso tem de ser tratado com a estrutura municipal funcionando em conjunto. Temos pessoas que estão na rua há quatro semanas, e pessoas que estão há quatro anos. São públicos diferentes, o acolhimento é diferente. Temos pessoas que estão ali por causa das drogas, outras que são parte do crime, pessoas que saíram de seus bairros fugindo do crime, pessoas que estão ali por causa da questão econômica, e outras por uma questão psiquiátrica. Cada uma delas necessita de um atendimento especial. Se não tiver a assistência social, a educação, a saúde, enfim, várias secretarias envolvidas trabalhando em conjunto, não conseguiremos resolver. É um grande desafio. Uma das saídas é a geração de emprego, outra é a unificação das secretarias para esse atendimento, uma melhor organização nos abrigos. Avançar nisso dizendo “tu tens essas saídas, mas aqui tu não vais poder ficar. Estou te dando alternativas, mas aqui não é teu, aqui é público”. Fora a questão de turismo, de limpeza, aquela pessoa merece mais do que aquilo e temos de dar uma alternativa para ela.

Educação infantil

Déficit de 15,9 mil vagas conforme o TCE Na Educação Infantil, temos, dos 4 aos 5 anos, a obrigatoriedade de atender 100% da população. Isso é um grande desafio e depende de dinheiro. Eu não estou defendendo o prefeito José Fortunati, mas não acho que é real esse número de 15,9 mil vagas de déficit. Não acredito que seja isso. Atender 100% das crianças não é necessário, tem pais e mães que têm condições e acham que é melhor ficar em casa com seus filhos. Nem na Suécia eles têm esses 100%. Acho que temos de avançar. Uma das alternativas é dar mais qualificação para as escolas conveniadas, não só de atendimento, mas de gestão, para que consigam administrar melhor os recursos, que são baixos, repassados para elas. A chave é gerir os recursos que existem e ampliar a quantidade de recursos. E aí é uma questão financeira.
Ampliação de horário de funcionamento das creches É um desafio financeiro. Tudo é um desafio financeiro. Vamos buscar as melhores experiências, mas é difícil fugir do fato de que grande parte da solução passe por recursos. É muito difícil com criatividade, com alternativas de gestão, conseguir suprir toda essa deficiência de crianças que precisam ser atendidas e de ampliação de horário.

Saúde

Emergências Temos um grande inconveniente na saúde pública em Porto Alegre. Por questões de vaidade, partidárias, ideológicas, de interesses privados, de interesses individuais, por questões de nichos financeiros e de poder, temos dificuldade de relacionamento entre a Secretaria Municipal de Saúde, a Secretaria Estadual da Saúde, os hospitais federais e, principalmente, o hospital federal-escola. Especialmente na gestão de leitos. Não há uma gestão plena de leitos. Essa é uma barreira que precisa ser vencida. Provavelmente, uma boa parcela dos leitos, que temos uma defasagem gigante, poderia ser suprida por uma melhor gestão. A prefeitura vai ter de tomar uma atitude em relação a isso.
Hospitais Parque Belém e Porto Alegre Nosso comprometimento com os hospitais é que vamos nos organizar para que eles façam a parte deles e nós façamos a nossa parte, que é o atendimento básico.
Postos até as 22h Abriremos até as 22h oito unidades distritais em oito regiões - não sei quais seriam as regiões - para que possamos estar mais perto do maior número de pessoas. Não vamos abrir em um bairro em que não houver necessidade. Queremos aliviar o máximo possível os hospitais até as 22h, para que a pessoa tenha o mínimo de conforto, se desloque menos e enfrente menos filas em hospitais.
Ampliar o uso do Telessaúde Hoje, a instituição credenciada no SUS para fazer isso para todo o Brasil está em Porto Alegre. A estatística é de que 80% dos atendimentos tem a sua resolutividade no posto, na hora (conforme o programa, cerca de 70% dos encaminhamentos a outro profissional médico são evitados). Eu vou utilizar isso ao limite para tentar resolver o problema das pessoas.
UPA Partenon Não sei se a UPA é a prioridade. A prioridade é resolver o problema do cidadão que tem problema de saúde. Essa é a prioridade. Com o menor volume de recursos, com a maior agilidade possível e a maior resolutividade.

Sebastião Melo

"Pretendo buscar parceiros para o Hospital Parque Belém, como no Independência, e vamos conveniar o Hospital Porto Alegre ao SUS", diz Melo

"Pretendo buscar parceiros para o Hospital Parque Belém, como no Independência, e vamos conveniar o Hospital Porto Alegre ao SUS", diz Melo


Jonathan Heckler/Jc

Infraestrutura e mobilidade

Mais de 600 km de vias não pavimentadas O crescimento desordenado das cidades brasileiras foi enorme, a velocidade do aumento das pessoas na região urbana não foi acompanhada pela infraestrutura. Temos 2,8 mil km de vias públicas, mas temos dezenas de vilas onde não entra um caminhão de bombeiro, porque as casas são coladas umas nas outras. Não se trata só de vias, o maior problema está nas nossas vilas populares, que precisam ser regularizadas. E não adianta falar em pavimentação se não tratar o esgoto primeiro, porque a coisa mais demagógica que tem é botar uma capa de asfalto e depois quebrar para colocar encanamento, fio elétrico etc. Vou me esforçar enormemente para deixar uma cidade melhor, mas o déficit não vai acabar nos próximos quatro anos, nem comigo nem com o salvador da pátria.
Implantação do Plano Diretor Cicloviário A cidade não é isolada, é um todo, é complexa. Há sete anos, não tinha um quilômetro de ciclovia, hoje temos 40. Começa com uma consciência de sustentabilidade. Enfrentamos muita resistência da cidade já existente quando implantamos uma ciclovia. Quando colocamos na José do Patrocínio, houve um verdadeiro levante dos comerciantes. Por um lado, há um desejo das ciclovias, por outro, há uma cidade que está arraigada ao veículo. É um processo. As contrapartidas são um bom caminho para fazer ciclovia, mas o dinheiro público também é necessário. O tema sustentabilidade é importante para a vida da cidade.
BRTs e metrô O corredor só se justifica se for para colocar BRT. Tenho compromisso com esse projeto, e quero terminá-lo no meu governo. Vamos implantar os BRTs nos corredores que já foram terminados, da Protásio Alves, da Padre Cacique e da Bento Gonçalves. Já o metrô é um modal de transporte muito importante em uma cidade como a nossa. O viável para Porto Alegre, considerando as finanças do Brasil, é buscar uma Parceria Público-Privada (PPP). Apostar nisso, fazendo mudanças urbanísticas no próprio traçado do metrô. Essa operação consorciada pode ser um dos instrumentos utilizados para ajudar na PPP. Penso que o metrô é uma necessidade, mas se ficarmos batendo na tecla do dinheiro, sendo que o Estado não paga nem o salário do servidor, e o Brasil está quebrado – não vai dar. Tenho clareza que o metrô se modela mais com o modelo de PPP.

Habitação

Déficit habitacional Há um déficit e eu pretendo enfrentar esse tema de duas formas. Transformar posse em propriedade é uma delas. Tem muita gente que mora no local e isso é fruto de uma cooperativa que não deu certo, ou um contrato precário. Não vou tirar essas pessoas de onde elas estão. Vou fazer um esforço para regularizá-las e dar dignidade a elas. Se pode utilizar o plano diretor, os limites que temos como gestor, para oferecer mudanças para que essa mais valia do setor privado reverta-se em habitações populares. Se tenho uma região que me permite 10 andares, e eu elevar para 18 andares, o valor do terreno vai aumentar. Podemos chamar o empreendedor, e avisar que mudou o plano diretor, mas daí parte do dinheiro vai ser investido nisso. Tem que ser muito criativo. O Minha Casa Minha Vida fala em casa, mas não fala em cidade. Duas coisas vão andar juntas: construção de cidade e habitação. Uma coisa não pode estar isolada da outra. Construir só habitação é um erro.

Assistência Social

Pessoas em situação de rua Não vou desistir de nenhum cidadão. Temos dois programas que deram muito certo aqui. O Ação Rua, que acolhe jovens e crianças nas sinaleiras, e o Todos Somos Porto Alegre, para carroceiros e carrinheiros. No próximo governo, vou seguir a mesma modelagem dos cuidadores sociais. O cuidador social é aquele que aborda, mas não adianta o cuidador social abordar se não tem uma rede. Então, vou aumentar a rede, com internação, clínica terapêutica, abrigos, albergues, repúblicas, aluguel social. Vou chamar as terceirizadas da prefeitura para incluir aquele cidadão que tem força de trabalho, criar uma cota de trabalho para ele. Quem ingere algum tipo de entorpecente precisa de internação e, se for necessário, vou peticionar o Judiciário para pedir internação. Lugar de morar não é na rua, na praça, no viaduto.

Educação Infantil

Déficit de 15,9 mil vagas conforme o TCE Primeiro, não reconheço esses dados. O Tribunal de Contas do Estado utiliza uma estatística de anos atrás. De 4 a 6 anos, está bem resolvido. O que não temos, às vezes, é a creche no bairro. Temos déficit de 5 a 6 mil vagas de 0 a 3 anos. O plano nacional dessa matéria estabeleceu gradativamente como os municípios devem enfrentar. Estamos obedecendo a lei federal, mas a lei fria não resolve. Se for prefeito, vou apertar muito a busca de construção de creches conveniadas de 0 a 3 anos. Quando assumimos o governo, tínhamos 14 mil vagas na rede infantil e agora passamos para 23 mil, com 65 creches novas. Mas como eu digo, o déficit da cidade é na ciclovia, na pavimentação, na creche, na habitação popular. A cidade é um conjunto de déficits.

Saúde

Emergências As superlotações nas emergências se dão por várias razões. Primeiro, porque temos um Interior do Estado que cada vez mais busca atendimento em Porto Alegre, e a dor não tem fronteira. Segundo, é claro que o subfinanciamento do SUS, recursos que não se atualizam há muitos e muitos anos, causa muitos problemas para o serviço. Há contratualizações para atendimentos e elas têm limitações financeiras. Evidentemente que tem faltado leitos em Porto Alegre.
Hospitais Parque Belém e Porto Alegre Pretendo buscar um parceiro de gestão para o Hospital Parque Belém, como ocorre no Independência e em outros. Ali tem mais de 100 leitos de retaguarda. O Hospital Porto Alegre, que era administrado pela Associação dos Funcionários Municipais, foi comprado por um grupo privado do Interior e pretendo conveniá-lo com o SUS. Evidentemente que, cada vez que tu tens uma rede básica mais atuante, tu diminuis nas emergências. Uma das razões do cidadão que vai na emergência é saber que lá ele será atendido. Também há de ter um acolhimento nos postos municipais.
Melhor em Casa O Melhor em Casa é um programa que tem dado muito certo. Eu vou no hospital, sou internado e, no quinto dia, se tenho condições, serei acompanhado em casa por uma equipe multidisciplinar. Com isso, se desafogam mais leitos. Esse será um programa que vou melhorar muito. Hoje tem 11 equipes. Um governo responsável precisa trabalhar com o desejo de fazer, mas também de olho no orçamento. O que posso dizer é que vou aumentar as equipes a partir de janeiro, mas não posso definir.
UPA Partenon Eu tenho uma regra muito básica: primeiro, tu tens que fazer funcionar o que existe. Então, vou me dedicar a fazer funcionar o que existe, sempre olhando o que pode ser ampliado. Tem várias UPAs sendo demandadas, mas, para construir uma UPA, tenho que ter segurança de que ela vai funcionar. Então, sim (vai ser construída), desde que eu tenha as parcerias garantidas para funcionar.