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Logística

- Publicada em 26 de Outubro de 2016 às 19:55

Quase 60% das rodovias têm problemas

Maioria dos trechos avaliados foi considerada com estado regular, ruim ou péssimo, segundo o relatório

Maioria dos trechos avaliados foi considerada com estado regular, ruim ou péssimo, segundo o relatório


JOÃO MATTOS/JC
Mais da metade das rodovias brasileiras tem problemas em seu estado geral, que inclui itens como pavimento, sinalização e geometria da via, de acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Do total de 103.259 quilômetros analisados, 58,2% apresentaram algum tipo de problema e foram consideradas regulares, ruins ou péssimas, enquanto 41,8% foram avaliadas como boas ou ótimas.
Mais da metade das rodovias brasileiras tem problemas em seu estado geral, que inclui itens como pavimento, sinalização e geometria da via, de acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Do total de 103.259 quilômetros analisados, 58,2% apresentaram algum tipo de problema e foram consideradas regulares, ruins ou péssimas, enquanto 41,8% foram avaliadas como boas ou ótimas.
Na maioria dos trechos (77,9%), foram verificados problemas de geometria de via, como falta de acostamento ou faixa adicional em subida, curvas perigosas e danos em pontes e viadutos. No item sinalização, 51,7% das rodovias apresentaram algum tipo de falha. Por fim, 48,3% das estradas tinham algum problema no pavimento, considerado regular, ruim ou péssimo.
Em relação ao ano passado, houve aumento de 26,6% na quantidade de pontos críticos nos trechos pesquisados. Foram encontrados 414 trechos com buracos grandes (maiores que um pneu convencional de automóvel de passeio), queda de barreiras, pontes caídas e erosões, ante 327 em 2015.
De acordo com o presidente da CNT, a qualidade das rodovias é reflexo de um histórico de baixos investimentos no setor. No ano passado, o investimento da União em todos os modais de transporte correspondeu a 0,19% do PIB.
Somente em rodovias, de acordo com a CNT, o valor investido foi de R$ 5,95 bilhões. Para este ano, até setembro, foram gastos R$ 6,34 bilhões. A entidade estima que a adequação da malha rodoviária brasileira custaria R$ 292,54 bilhões, em obras de duplicação, construção, restauração e solução de pontos críticos.
Entre os trechos de rodovias concedidas à iniciativa privada, 78,7% foram avaliadas como ótimas ou boas, e 21,3% foram consideradas ruins ou péssimas. Já entre as estradas públicas, 67,1% foram consideradas regulares, ruins ou péssimas, enquanto 32,9% receberam avaliação boa ou ótima.
Entre os 10 melhores trechos de rodovias, todos ficam no estado de São Paulo e em estradas com pedágio. Em primeiro lugar, ficou o trecho entre São Paulo e Limeira (SP-310/BR-364, SP-348). O pior trecho foi o que liga Natividade, em Tocantins, a Barreiras, na Bahia (BA-460, BA-460/BR-242, TO- 040, TO-280).
De acordo com o documento divulgado ontem pela CNT, os acidentes nas rodovias federais policiadas geraram um custo de R$ 11,15 bilhões no ano passado. Em 2015, foram registrados 121.438 acidentes nessas estradas. O custo médio por ocorrência, segundo a entidade, foi de R$ 91.827,39, uma estimativa que inclui perdas de vidas, danos materiais nos veículos e perda de cargas.
A 20.ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias foi realizada entre os dias 4 de julho e 2 de agosto, em toda a extensão da malha pavimentada federal e nas principais rodovias estaduais pavimentadas. Foram incluídas no levantamento estradas públicas e privatizadas em todas as regiões do País.
 

Situação das estradas no Rio Grande do Sul é pior do que a média do Brasil, aponta estudo

Ou o gaúcho é mais exigente ou realmente a situação das estradas no Rio Grande do Sul está em situação pior do que a média do restante do Brasil. Enquanto nacionalmente 58,2% apresentaram algum tipo de problema e foram consideradas regulares, ruins ou péssimas, no Estado esse índice chegou a 62,8%.
Entre as 59 estradas avaliadas na pesquisa da CNT em solo gaúcho, apenas uma delas foi considerada ótima, mas sem surpresas. Como não poderia deixar de ser, já que foi entregue recentemente à população, a RS-448 recebeu a melhor avaliação no estudo em todos quesitos (estado geral, pavimento, sinalização e geometria da via). A confederação analisou 24 quilômetros de extensão da chamada Rodovia do Parque. No quesito avaliação do estado geral, no outro extremo da BR- 448 está a RS-640, considerada péssima em todos os sentidos. A rodovia teve 64 quilômetros analisados.
Na opinião do presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Afrânio Rogério Kieling, tanto é verdadeira a premissa de que o gaúcho é mais exigente quanto a realidade de que as estradas por aqui estão em piores condições do que no restante do Brasil.
"Temos carência de investimento de R$ 7 bilhões para colocar nossa malha em dia. Em reunião nesta semana, em Brasília, fomos informados de que haverá destinação R$ 300 milhões para estradas gaúchas no ano que vem e o destino deve ser a Ponto do Guaíba ou a BR-116, que está há infindáveis anos sendo duplicada", lamenta Kieling.
Questionado sobre qual seria a melhor opção para o escasso recurso, o empresário alerta que a decisão será do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e dos deputado federais gaúchos. Kieling, no entanto, não se furta de apontar como maior necessidade a conclusão da BR-116.
"É duro ter que fazer esse tipo de escolha, digamos assim, mas em razão das muitas mortes no trânsito na BR-116, essa é maior necessidade. Mas, do ponto de vista de ligação com o Mercosul, a ponte é fundamental e qualquer problema na ligação atual pode nos dar um imenso problema. Temos um boné para duas cabeças", compara o presidente do Setcergs.
Outro grande problema da BR-116, diz o empresário, é que a demora de muitos anos nessa duplicação acaba levando para o lixo boa parte investimentos feitos. "Há um desgaste de tudo o que fica parado e o que não é finalizado é destruído pela chuva, com o adensamento dos trechos. Os índices de mortes naquela rodovia são absurdos, e a comunidade da região Sul está sujeita diariamente a riscos maiores. Na ótica dos negócios, temos de lembrar também que a BR-116 é nosso canal com o Porto de Rio Grande", ressalta Kieling.
O valor do descaso com as estradas, explica o executivo do Setcergs, é pago por toda a sociedade. O custo logístico do Estado, que não deveria passar de 10%, já é de 25%. A maior parte, assegura, pelo custo de se colocar caminhões nas estradas gaúchas.
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