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Missão à Europa

- Publicada em 20 de Outubro de 2016 às 22:08

Lactalis investe R$ 104 milhões em plantas no Rio Grande do Sul

Jaouen, segura a bandeira gaúcha ao lado de Sartori, e afirma que é maior investimento do grupo no mundo

Jaouen, segura a bandeira gaúcha ao lado de Sartori, e afirma que é maior investimento do grupo no mundo


ESPECIAL/JC
A Lactalis vai investir R$ 104 milhões em expansão de 55% no volume de captação de leite no Rio Grande do Sul nos próximos dois anos. O valor foi anunciado nesta quinta-feira no escritório da companhia em Paris, em reunião com o governador gaúcho, José Ivo Sartori, secretários e representantes da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs). A meta é aumentar em 500 milhões de litros ao ano, sobre a captação atual de 900 milhões de litros entregues por 10 mil famílias de agricultores.
A Lactalis vai investir R$ 104 milhões em expansão de 55% no volume de captação de leite no Rio Grande do Sul nos próximos dois anos. O valor foi anunciado nesta quinta-feira no escritório da companhia em Paris, em reunião com o governador gaúcho, José Ivo Sartori, secretários e representantes da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs). A meta é aumentar em 500 milhões de litros ao ano, sobre a captação atual de 900 milhões de litros entregues por 10 mil famílias de agricultores.
A Lactalis é a maior indústria de laticínios do mundo. O presidente mundial do grupo, Daniel Jaouen, formalizou o protocolo de intenções do investimento com Sartori. Outra novidade será a implantação de uma unidade de engarrafamento de leite na planta em Teutônia que custará R$ 45 milhões, maior cifra do aporte. Os demais recursos serão aplicados na ampliação da linha de Santa Rosa para produzir o requeijão President, aumento de produção de queijo em plantas de Ijuí e Três de Maio e de leite condensado e creme de leite em Teutônia.
A marca President, uma das mais populares e selo de qualidade da empresa, começou a ser produzida no Estado de forma piloto e será lançada em novembro. A base gaúcha abastecerá o País. Jaouen disse que o investimento é o maior em andamento nas operações pelo mundo. São quase 230 plantas, 75 mil empregados e receita total em 2015 de € 17 bilhões, ou cerca de R$ 60 bilhões. "Somos novos na casa do Rio Grande do Sul, mas estaremos por um longo tempo", avisou o presidente, que sinalizou novos aportes nos próximos anos. A linha de embalagens dispensará a vinda de materiais de outros estados e marcará a estreia de garrafa de plástico para venda de leite UHT, em vez de caixinha. A modalidade já é a mais usada na França.
A empresa transferirá de São Paulo para Porto Alegre a área jurídica no Brasil. A decisão ocorreu após conversações com o governo estadual, informa o diretor para a América Latina do grupo, o gaúcho Guilherme Portella. O Rio Grande do Sul é a maior base de fornecimento de leite da empresa. A francesa chegou em 2011 ao Brasil, primeiro com escritório de importação. Em 2013, começou a comprar unidades, com maior peso as aquisições de plantas da LBR, que está em recuperação judicial, e depois da BRF no Rio Grande do Sul. Hoje marcas como Parmalat, Batavo e Elegê são do grupo francês. 
O governador gaúcho disse que o anúncio é efeito de uma política arrojada de atração de investimentos e citou que o setor de pequenos produtores de leite será beneficiado. Será decisivo o aumento da produtividade e qualidade da matéria-prima para os planos da empresa. "O que estamos celebrando aqui é o resultado concreto da missão à Europa", disse Sartori, que cumpre desde domingo agenda para atrair investimentos, passando por Alemanha, França e encerrando nesta sexta-feira em Veneza, na Itália.
O presidente da Fiergs, Heitor José Müller, lembrou que teve empresa na área de alimentos e vendeu ao Doux, também francês. "Infelizmente ele (Doux) não foi bem", comentou, já que a empresa de frangos acabou repassando as operações ao JBS. "Mas sei do potencial do grupo (Lactalis)."
No começo da noite, Sartori foi recebido pelo CEO global do Carrefour, Georges Plassat, e principais executivos do grupo, em reunião fechada. O secretário da Agricultura, Ernani Polo, disse que o encontro foi positivo e que os franceses confirmaram investimentos em ampliação e lojas no Estado.

'Precisa vir e vender para a França', diz embaixador do Brasil à comitiva gaúcha

O embaixador do Brasil na França, Paulo de Oliveira Campos, provocou a comitiva gaúcha que cumpre missão na Europa a "vir ao país para vender aos franceses". Campos recebeu o governador José Ivo Sartori, secretários, presidente da Fiergs, Heitor José Müller e outros dirigentes da entidade na sede da chancelaria, às margens do rio Sena.
O recado foi bem entendido, e o próprio embaixador reconheceu as iniciativas recentes, como a missão, com encontros com a Lactalis e o Carrefour. Mas o diplomata apontou que em algumas áreas precisa maior presença e preveniu que vender ao mercado local não é fácil. "A França é um mercado maduro comercialmente. Para fornecer, tem de tirar alguém do mercado", condicionou Campos, para reconhecer que o Estado tem "qualidade e disponibilidade de mercadorias, mas precisa promover os produtos". O embaixador citou a pouca presença de vinhos gaúchos na Sial, maior feira da alimentação do mundo que ocorre esta semana em Paris. Outro recado é que o órgão diplomático está aberto para auxiliar.
Campos também lamentou que as universidades do Estado, citando Unisinos e Universidade Federal de Santa Maria como exemplos, tenham, segundo ele, pouco intercâmbio com centros acadêmicos e de pesquisa do país. São Paulo e Rio de Janeiro concentram mais as ações. A menor presença gaúcha foi sentida em evento que reuniu universidades brasileiras. "Não sou gaúcho, sou do Rio de Janeiro, mas as universidades precisam se internacionalizar. Sei que é mais fácil com a Argentina e Uruguai, mas precisa fazer com grandes centros de conhecimento como a França", observou.
O governador citou que não é só para o Estado que é importante abrir mercados, mas para o País, e destacou que a inclusão de Paris no roteiro da missão busca mais parcerias. Sobre a postura das instituições de Ensino Superior e pesquisa, Sartori citou que há um grande número e que o governo vai dedicar atenção. A comitiva visitou centros alemães em Mainz e Karlsruhe, que estão entre os mais importantes em desenvolvimento de tecnologia e tem relação direta com demandas de mercado. O Estado quer adaptar o modelo.