Logo depois de retornar ao Rio Grande do Sul, o governador José Ivo Sartori, que cumpre missão na Europa, começa a preparação para receber um grupo de empresas e setores governamentais e instituições da Renânia Palatinado, um dos estados mais ricos da Alemanha. Em encontro ontem com Sartori em Mainz, cidade com mais de 200 mil habitantes e a 44 quilômetros de Frankfurt, a secretária de Economia, Agricultura, Transportes e Vitivinicultura da Renânia, Daniela Schmitt, mostrou expectativa e interesse em estreitar a cooperação.
A secretária citou que, desde 2009, há maior contato com segmentos acadêmicos e empresas do Estado e que poderão ser aprofundadas as análises sobre possíveis áreas de interesse para a integração e troca de experiências. A missão em novembro é preparada pelo consulado alemão em Porto Alegre. Daniela destacou os setores de desenvolvimento de tecnologia como vitrine em áreas como setor agrícola, vinhos e nanotecnologia. Sartori se animou, sabendo da tradição e especialização local em vitivinicultura, e propôs como primeira ação estudos para montar um cluster supranacional - entre a cadeia de uva e vinho da anfitriã alemã e, claro, da gaúcha.
"O Rio Grande do Sul responde por mais de 60% da produção, e somos sede do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Podemos fazer também com a Argentina, mas antes com vocês", priorizou o chefe de governo.
No terceiro dia da missão à Europa, o governo interagiu com interlocutores de uma região que aplica um dos mantras da indústria do século XXI, que é a aplicação da tecnologia da informação em todos os processos. A indústria 4.0 é vitrine. A própria ministra comentou que, na área de produção de vinhos, busca-se equilibrar a potência da inovação em controles e processos e a tradição. Hoje, a comitiva tem encontros na região de Stuttgart, uma das potências industriais do país.
"Na missão no Brasil será possível começar a encaminhar protocolos de intenções para viabilizar melhor entendimento, visto que o Estado é um dos maiores produtores de vinho. Temos semelhança com a região", destacou o governador, que vê ainda mais possibilidades na interação com a área de pesquisa. Sartori avalia que é possível com trabalho de curto prazo ter unidade entre as instituições gaúchas semelhante ao Instituto Fraunhofer Microtécnica.
Sartori lembrou que o Estado tem participação importante na indústria nacional do setor metalmecânico - segundo polo da América Latina. "Quem sabe não possamos ter grandes parcerias entre os setores industriais." Ele lembrou ainda que a fabricação de máquinas agrícolas gaúcha responde por 90% do setor brasileiro.
O secretário gaúcho de Desenvolvimento Econômico, Fábio Branco, avalia que a missão em novembro vai acelerar o intercâmbio de interesse e aproximar em conhecimento, metodologias e cases de sucesso. "Principalmente na organização do sistema de desenvolvimento e clusters", objetivou Branco. O nível de tecnologia de centros de pesquisa e conhecimento da indústria 4.0 foi elogiado e apontado como exemplo.
Notas
José Ivo Sartori foi recebido pela secretária Daniela Schmitt em Mainz
Luiz Chaves/PALÁCIO PIRATINI/JC
Nova Cientec
A visita rápida, que não possibilitou conhecer as instalações da unidade do Instituto Fraunhofer Microtécnica (foto) em Mainz, serviu de impulso a um movimento para replanejar a Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec). O presidente da fundação, Marc Richter, que é alemão, mas está há 20 anos no Brasil, visitará a sede do instituto em Munique, na próxima semana, e encaminhará as primeiras conversas para futuros convênios. Em Mainz, em um dos 80 centros que a instituição tem no mundo, 60 só na Alemanha, o diretor da unidade, Michael Maskos, destacou pesquisas em medicina e em tecnologia de informação. O centro recebe US$ 100 milhões anuais em royalties pela solução de compressão de dados que possibilitou criar o MP3. O diretor lembrou que chegou a ocorrer uma aproximação entre centros de pesquisa gaúchos e o instituto, mas depois "adormeceu". A intenção é retomar essa relação.
O alemão do deputado
Ter aprendido alemão, mesmo que dialeto, quando criança faz toda a diferença para o deputado estadual João Fischer (PP), que acompanha, pela Assembleia Legislativa, a missão do governo gaúcho à Europa. Fixinha, como é conhecido pelos eleitores, consegue quebrar o clima mais formal nos encontros na fase alemã da viagem e provoca boas risadas em comentários que geram descontração. "Até os sete anos, só falava alemão em casa", diz, lembrando que seu dialeto é "mais primitivo". O deputado frisou que a saudação usada pela secretária da Economia da Renânia Palatinado, Daniela Schmitt, ao receber a comitiva com o governador José Ivo Sartori, mostrou uma grande gentileza da autoridade. "Ela nos recebeu com 'herzlich willkommen', que, em português, é 'bem-vindos de coração'", ensinou o deputado.