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Relações Internacionais

- Publicada em 17 de Outubro de 2016 às 18:49

Ministro reclama que Índia é 'protecionista'

Michel Temer encontrou-se com Narendra Modi para discutir comércio

Michel Temer encontrou-se com Narendra Modi para discutir comércio


LALIT KUMAR/PIB/AFP/JC
Logo após o encontro entre o presidente Michel Temer e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, para tratar essencialmente de comércio e investimentos, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse ontem que a Índia ainda é "muito protecionista" e precisa "retirar as barreiras fitossanitárias" se quiser realmente ser um parceiro estratégico do Brasil.
Logo após o encontro entre o presidente Michel Temer e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, para tratar essencialmente de comércio e investimentos, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse ontem que a Índia ainda é "muito protecionista" e precisa "retirar as barreiras fitossanitárias" se quiser realmente ser um parceiro estratégico do Brasil.
"A Índia, que quer o Brasil como um parceiro estratégico, precisa retirar as barreiras fitossanitárias que aí estão colocadas, porque elas não existem - o que existe é a política de não querer importar ou dar preferência a um outro país que não seja o Brasil", disse Maggi em Goa, na Índia, mencionando especificamente os casos das carnes de frango e porco e maçã.
Segundo o ministro brasileiro, dentro do próprio governo indiano há uma ala "mais tradicional" que acha que o país não precisa importar esses produtos, e outra que vê necessidade de importações. "Há uma espécie de disputa por qual caminho a ser seguido e o Brasil está à espreita para ocupar esse mercado", afirmou. O chanceler José Serra afirmou, contudo, que Modi declarou que ia se empenhar "sinceramente" na redução dessas barreiras, especialmente no caso do frango.
Em seu discurso após o encontro, Temer disse que o mercado indiano pode ajudar o Brasil no seu "processo de transformação". "A retomada de crescimento econômico requer presença ativa no Brasil, não só internamente, mas nos principais mercados do mundo. Entre eles, evidentemente, a Índia", disse o presidente, que convidou Modi para uma visita ao Brasil no próximo ano.
O premiê indiano também disse que o Brasil está entre "os parceiros econômicos mais importantes na América Latina". "Fizemos progresso abrindo novas áreas de cooperação durante essa visita em regulação de medicamentos, pesquisa agrícola e segurança cibernética", afirmou.
Serra repetiu que o comércio com a Índia pode triplicar nos próximos anos, principalmente por causa da complementaridade das duas economias. "Eu fiz uma continha assim: se o Brasil tivesse com a Índia a mesma proporção das exportações que faz para a China, triplicaria, porque a complementaridade da economia indiana e da economia brasileira é até maior que a complementaridade entre a economia chinesa e a brasileira, inclusive na área de alimentos", afirmou. A balança comercial entre Índia e Brasil é de US$ 7,9 bilhões.
Temer e Modi assinaram, nesta segunda, um acordo de cooperação e facilitação de investimentos, um na área de regulação de produtos farmacêuticos e dois em pesquisa agropecuária - sobre o compartilhamento do material genético do gado zebu indiano e de outros genomas. "Desde 1950, o Brasil não importa mais gado indiano e, portanto, a nossa variabilidade genética tem sido diminuída nos últimos anos. Com a entrada desse novo material, vamos ganhar produtividade", afirmou Maggi.
Segundo o ministro da Agricultura, o Brasil está estimulando a Índia, que é o segundo maior produtor de açúcar do mundo, a entrar em um programa de etanol. "Os empresários e a política brasileira querem que a Índia faça isso, que outros países da região façam isso, para que a gente possa segurar o preço do açúcar e não ter uma commodity com tão alta variedade de preço."
Serra disse, ainda, que Temer falou com Modi sobre possíveis exportações de equipamentos de defesa para a Índia. "No caso de transporte aéreo, temos o caça sueco que vai ser produzido no Brasil; o Super Tucano, que é um avião de treinamento; e um outro que serve para transporte de tropas", afirmou.
O chanceler destacou também que há possibilidades entre os dois países na aviação comercial, com a Embraer. Há interesse de empresas indianas em comprar mais aeronaves comerciais. "É uma coisa (na área) privada, mas que o governo aqui tem peso", disse Serra.
Outra área de interesse para o Brasil, segundo Maggi, e que será beneficiada com o acordo de pesquisa agrícola, é a de exportação de lentilhas. A Índia diz que, até 2030, precisará de 30 milhões de toneladas anual do grão. "Eles buscam fornecedores, e nós vamos começar agora a transferência de material genético para fazer experimentação no Brasil. Nós estamos falando de uma coisa muito significativa."

Há grande interesse de empresários brasileiros em investir no mercado indiano, afirma presidente

O presidente da República, Michel Temer, afirmou que, na visita oficial que fez à Índia, foram concluídas negociações do acordo de cooperação e facilitação de investimentos que ampliará a segurança jurídica para os investidores. "Aliás, nesta reunião de empresários que fizemos no dia de ontem e no dia de hoje, verificamos o grande interesse de empresários brasileiros de aplicarem seus recursos na Índia e estamos incentivando os empresários indianos a aplicarem no Brasil", destacou.
Segundo Temer, a integração de empresários indianos com a economia brasileira se torna ainda mais oportuna neste momento, quando o governo lançou o programa Crescer, que conta com 34 projetos de concessões públicas em aeroportos, portos, rodovias, ferrovias e projetos no setor de óleo e gás. "E neste sentido temos tido o apoio do Congresso Nacional nas ações referentes a esta legislação."
O presidente afirmou que, nos diálogos que manteve com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, conversaram também sobre iniciativas na área ambiental, sobretudo referente a energias renováveis. "Registramos que o primeiro-ministro Modi lançou, recentemente, a Aliança Solar Internacional, e o Brasil está impulsionando a chamada plataforma para o biofuturo, planos que podem se complementar", disse.
"Daí porque renovamos o apoio do Brasil à Aliança Solar Internacional. Confio na integração dos empresários brasileiros de um lado, com os indianos, e, por outro lado, em uma interação muito sólida entre o governo brasileiro, os agentes públicos brasileiros e os agentes públicos indianos", destacou Temer.
O presidente disse que convidou Modi para uma visita oficial ao Brasil. "Disse-lhe que sua presença ao Estado brasileiro seria extremamente útil para o povo brasileiro, mas particularmente para o nosso governo."