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Relações Internacionais

- Publicada em 17 de Outubro de 2016 às 22:09

Governo tenta abrir Japão para carne bovina

Aprovação de compras de região livre de aftosa pelos EUA ajuda o País

Aprovação de compras de região livre de aftosa pelos EUA ajuda o País


JONATHAN HECKLER/JC
O Brasil vai tentar repetir com a carne bovina o processo que levou à abertura do Japão para a exportação de carne suína brasileira, em 2014. Naquela época, a liberação da carne de porco para exportação ocorreu depois da aprovação da autoridade sanitária dos EUA para o produto vindo de Santa Catarina (única região do Brasil livre de febre aftosa sem vacinação).
O Brasil vai tentar repetir com a carne bovina o processo que levou à abertura do Japão para a exportação de carne suína brasileira, em 2014. Naquela época, a liberação da carne de porco para exportação ocorreu depois da aprovação da autoridade sanitária dos EUA para o produto vindo de Santa Catarina (única região do Brasil livre de febre aftosa sem vacinação).
Como recentemente os EUA autorizaram a exportação de carne bovina da região livre de febre aftosa com vacinação (que abrange cerca de 12 estados), "é agora o momento de o Brasil solicitar que o Japão inicie também os estudos e análises visando abrir o mercado para a carne bovina dessa região", segundo o consultor em comércio agrícola Pedro Camargo. Camargo era o presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína) quando a carne suína foi liberada.
O presidente Michel Temer embarcou ontem para Tóquio, após encontro da cúpula do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na Índia. Ele deve chegar ao país hoje. O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, é um dos quatro chefes de pastas econômicas que acompanham Temer. Além dele, devem estar presentes o titular dos Transportes, Maurício Quintella Lessa; Fernando Coelho Filho, das Minas e Energia; e o secretário Moreira Franco (Programa de Parcerias de Investimentos).
O Brasil verá sua agropecuária pressionada pelo TPP, Tratado Transpacífico que foi assinado pelos EUA e deve ir à ratificação pelo Congresso após a eleição americana. O TPP garante preferências tarifárias para as exportações agrícolas norte-americanas ao Japão. "Ou seja, quando finalmente conseguirmos equacionar a questão sanitária, vamos verificar que teremos que vender mais barato que o nosso principal concorrente, os EUA, em função do menor imposto de importação pago por eles", diz Camargo. Na Coreia do Sul, que assinou acordo de livre-comércio com os EUA, as tarifas de 40% para a carne bovina serão zeradas para o EUA em 15 anos.
A balança comercial entre Brasil e Japão está em queda desde 2011, quando exportações somaram US$ 9,5 bilhões e importações, US$ 7,9 bilhões. Em 2015, os números foram US$ 4,8 bilhões e US$ 4,9 bilhões, respectivamente, em um intercâmbio comercial de US$ 9,7 bilhões, muito inferior ao que o Brasil tem com a China (US$ 66 bilhões). O Japão foi o sexto principal destino das exportações brasileiras no ano passado e o oitavo nas importações do Brasil.
Do ponto de vista global, ainda há muito espaço para crescer. Entre os destinos de exportações japonesas, o Brasil ocupa o 25º lugar, com um volume de negócios de menos de um vigésimo do que o país asiático exporta para os EUA (dados de 2014). Já em relação às importações japonesas totais, o Brasil fica em 19º lugar, com 5% do valor importado da China.

Brasil quer atrair investidores japoneses para as concessões

Além da pauta agrícola, haverá um esforço grande para atrair investidores japoneses para o plano de concessões em infraestrutura. O secretário Moreira Franco deve apresentar a investidores 34 projetos que serão oferecidos em licitações. Os primeiros editais estão prometidos para o começo deste ano, e os leilões estão previstos para 2017 e 2018. Também estão na pauta parcerias industriais e na área de energia renovável. Investimentos diretos japoneses no Brasil somaram US$ 2,8 bilhões em 2015.
O momento é delicado, por causa da crise por que passa a indústria naval brasileira, na qual os japoneses fizeram investimentos pesados. Moreira Franco, responsável pelo PPI (Programa de Privatização de Infraestrutura), vai prometer "corrigir erros do passado" nas atuais concessões. No documento que relaciona 34 projetos e resume as premissas básicas dos leilões, o governo afirma diz que "o Estado brasileiro foi atacado durante anos sucessivos em favor da manutenção de um projeto individual de controle de poder" e promete revitalizá-lo. O texto diz que o País fracassou em atrair investimentos para infraestrutura como "resultado de miopia ideológica e oportunismo político".