A Odebrecht Energia vendeu sua subsidiária Odebrecht Energias Alternativas, detentora dos ativos de energia do Complexo Eólico Corredor do Senandes, localizado no município de Rio Grande (RS), ao Grupo NC, formado por 10 empresas, entre as quais a farmacêutica EMS e o Grupo RBS de Santa Catarina.
Em nota à imprensa, o Grupo NC e a Odebrecht Energia não comentaram sobre os valores envolvidos. Mas a Odebrecht destaca que o complexo de ativos eólicos vendido já está concluído, no qual foram investidos R$ 400 milhões. O complexo passa a ficar sob a marca de negócios NC Energias Renováveis. A efetivação da transação de compra está condicionada à aprovação dos órgãos competentes, principalmente Cade e Bndes.
Com sua capacidade de financiamento limitada desde a prisão há 15 meses de seu principal executivo, Marcelo Odebrecht, o Grupo Odebrecht trabalha ativamente na venda de ativos e renegociação da dívida de algumas de suas unidades, para se manter operando e evitar um processo de recuperação judicial. O grupo colocou à venda várias operações de concessões fora do Brasil e, entre outros ativos, a Odebrecht Ambiental.
Em julho, o grupo concluiu a renegociação de um passivo de R$ 11 bilhões da Odebrecht Agroindustrial, envolvendo aporte de R$ 6 bilhões da Odebrecht S.A. Pouco antes, vendeu a participação da subsidiária da Odebrecht Transport, a Odebrecht Rodovias S.A., na ViaRio, para a CCR, por R$ 107,690 milhões.
Os maiores esforços da empresa estão hoje nas negociações da Odebrecht Óleo e Gás com bondholdders para reestruturar uma dívida de US$ 3,7 bilhões e evitar que esses investidores peçam o vencimento antecipado desse compromisso. Paralelamente, negocia com a Petrobras contratos que sustentam o fluxo de compromissos dessa dívida. A OOG tem em aberto com esses credores os juros de US$ 550 milhões de bônus perpétuos, no montante de US$ 9,6 milhões.
Corredor do Senandes
O negócio contempla a aquisição de quatro parques eólicos, com potência instalada de 108 megawatts (MW), capaz de gerar energia suficiente para abastecer uma população de aproximadamente 650 mil habitantes, com possibilidade de expansão de mais de 80 MW.
Os ativos adquiridos compreendem 40 aerogeradores ECO-122, 1 subestação (34,5/138kV) e 48 quilômetros de linha de transmissão até o ponto de conexão com o Sistema Interligado Nacional (SIN). Toda a energia produzida no Complexo já está comercializada por meio de um contrato de longo prazo que termina apenas em 2034.
Segundo nota do Grupo NC, a aquisição visa diversificar áreas de atuação do grupo. O Grupo NC adquiriu em março as operações de mídia do Grupo RBS, em Santa Catarina. "Esses ativos fazem parte da estratégia de crescimento do Grupo NC. Acreditamos que a energia eólica, ao lado de outras fontes renováveis, terá papel cada vez maior na matriz energética brasileira", diz Carlos Sanchez, presidente do Conselho de Administração do Grupo NC, na nota.