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Infraestrutura

- Publicada em 02 de Outubro de 2016 às 19:48

Governo começa a debater com interessados em infraestrutura

Caffarelli diz que novos consórcios reacenderão ambiente concorrencial

Caffarelli diz que novos consórcios reacenderão ambiente concorrencial


WILSON DIAS/ABR/JC
O governo federal já começou a buscar entre empresários estrangeiros interessados em investir em infraestrutura para fazer deslanchar o programa de concessões. O primeiro encontro reuniu cerca de 70 empresários brasileiros e italianos na última semana. O próximo deve ser com os espanhóis.
O governo federal já começou a buscar entre empresários estrangeiros interessados em investir em infraestrutura para fazer deslanchar o programa de concessões. O primeiro encontro reuniu cerca de 70 empresários brasileiros e italianos na última semana. O próximo deve ser com os espanhóis.
Os empresários italianos representaram 23 grandes grupos das áreas de engenharia e construção, finanças, concessões rodoviárias e ferroviárias, além de fabricantes de equipamentos. Do Brasil, participaram executivos de 16 médias empresas, especialmente focadas nas áreas de construção e engenharia.
No evento, empresários dos dois países avaliaram pilares do ambiente regulatório de concessões e possibilidades de constituir novos consórcios, no âmbito do Projeto Crescer, lançado neste mês. O encontro teve a participação do ministro interino do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, do secretário do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, do presidente do Banco do Brasil (BB), Paulo Caffarelli, e do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins.
Moreira Franco afirmou que as principais diretrizes das concessões podem trazer novos investimentos para infraestrutura. Ele citou a segurança jurídica dos contratos, o fortalecimento das agências reguladoras, a qualidade técnica e abrangência internacional dos editais, prazos adequados para as concorrências, aprovação prévia da viabilidade ambiental dos projetos, além de regras que proporcionem o equilíbrio técnico e financeiro dos contratos. "Vemos que as empresas que participam das concessões, em todas as áreas, são basicamente as mesmas. Queremos que existam possibilidades reais para todos os agentes, com muita transparência", disse Moreira Franco. "As empresas - sejam pequenas, médias ou grandes, brasileiras ou estrangeiras, precisam ter acesso às informações, aos dados, aos endereços onde as decisões são tomadas. Assim podem se sentir seguras em fazer o investimento", completou.
As agendas entre empresários brasileiros e estrangeiros têm como objetivo reunir, de um lado, o conhecimento que as companhias brasileiras têm do ambiente de negócios no Brasil, e a capacidade delas para atuar em todo o território nacional. Do lado gringo, a ideia é trazer grandes grupos com abrangência multinacional, governança, disponibilidade de capital e experiência nas áreas de concessões e parcerias público-privadas.
Paulo Caffarelli, presidente do BB, destacou a amplitude do "cardápio" brasileiro de obras de infraestrutura a serem realizadas, e ressaltou que a possibilidade de se criar novos consórcios reacende o ambiente concorrencial, estimula os investidores privados e lança definitivamente as bases para o esperado fortalecimento do mercado brasileiro de capitais.

Protagonista nas concessões, Triunfo tenta renegociar dívidas e ganhar fôlego

 BRASÍLIA - O VICE-PRESIDENTE DE NEGÓCIOS DE VAREJO, DO BANCO DO BRASIL, PAULO CAFFARELLI, DISSE QUE AS PERSPECTIVAS SÃO AS MELHORES POSSÍVEIS PARA 2012  FOTO WILSON DIAS    ABR

BRASÍLIA - O VICE-PRESIDENTE DE NEGÓCIOS DE VAREJO, DO BANCO DO BRASIL, PAULO CAFFARELLI, DISSE QUE AS PERSPECTIVAS SÃO AS MELHORES POSSÍVEIS PARA 2012 FOTO WILSON DIAS ABR


WILSON DIAS/ABR/JC
Em 17 anos de operação, a Triunfo Participações e Investimentos (TPI) já foi do céu ao inferno algumas vezes. Criada em 1999, a partir de uma construtora paranaense, a empresa de infraestrutura desbancou gigantes do setor, arrematou ativos bilionários - a exemplo do Aeroporto de Viracopos, em Campinas - e surpreendeu os concorrentes com lances ousados.
Para bancar o agressivo plano de crescimento, abriu capital na bolsa de valores, fez emissões no exterior e se endividou. Aumentou sua participação nas áreas de portos, aeroportos e virou a terceira maior administradora de rodovias do Brasil, atrás apenas da CCR e da espanhola Arteris. Hoje, no meio de uma das maiores crises econômicas do País, ela parece estar pagando o preço da ousadia e faz o movimento inverso para diminuir o endividamento.
Nas últimas semanas, a vida do presidente da holding, Carlo Bottarelli, tem sido um constante entra e sai de agências reguladoras, bancos e escritórios de credores. Na pauta, assuntos espinhosos, como renegociações de dívidas, multas por descumprimento de contrato, suspeita de fraude em obras e pedidos de empréstimos para tocar investimentos obrigatórios.
O assunto mais urgente é o vencimento de R$ 312 milhões em dívidas até dezembro, sendo que R$ 160 milhões terão de ser pagos nos próximos dias. Por ora, a empresa não tem esse dinheiro para honrar os compromissos. "Mas vamos pagar. Talvez tenhamos de pedir um waiver (perdão) de 90 dias, mas estamos nos preparando para quitar esse débito, seja com dividendos ou um com novo empréstimo", diz Bottarelli. "Apesar das restrições, continuamos solventes. Só estamos com problema de caixa neste momento."
A situação já rendeu à empresa - que desde 2013 tem o Bndes como sócio - uma revisão do selo de "bom pagador" pela agência de classificação de risco Fitch Rating. Como em outras empresas brasileiras, a escalada do endividamento da Triunfo nos últimos anos elevou a alavancagem da holding de forma expressiva, apesar da venda de alguns ativos de energia. Pelos dados da Economática, entre 2009 e 2015, a dívida da Triunfo cresceu 460%.
O aumento não deve parar por aí. Com o forte ciclo de investimentos nos próximos três ou quatro anos por causa das novas concessões, a alavancagem da empresa deve dobrar, diz a Fitch. "Nosso rating considera que a Triunfo não conseguirá reduzir sua dívida no curto e médio prazos e a geração de dividendos será inferior às despesas financeiras."
No mercado, a situação é vista com cautela. A capacidade financeira da TPI sempre foi um motivo de preocupação a cada vez que a empresa arrematava alguma concessão pública. Foi assim em Viracopos, quando venceu o leilão com ágio de 159,7% ao lado da UTC (envolvida na Lava Jato) e da francesa Egis Airport. A desconfiança começou a aparecer em 2008, no auge da crise global. A companhia venceu a concessão estadual da rodovia Ayrton Senna e, no ano seguinte, perdeu por não conseguir entregar as garantias exigidas. Como hoje, o mercado de crédito daquela época estava fechado.
A empresa também é dona do porto de Navegantes, um dos mais importantes da região Sul, e detém participação na Tijoá - concessionária responsável pela exploração da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos. Em 2015, a empresa faturou R$ 2,9 bilhões - 250% superior à receita bruta de 2011.