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Empresas & Negócios

- Publicada em 26 de Outubro de 2016 às 16:20

Grupo Gatto investe em qualidade dos produtos

Empresas&Negócios - Norma Gatto - Arquivo Grupo Gatto

Empresas&Negócios - Norma Gatto - Arquivo Grupo Gatto


ARQUIVO GRUPO GATTO/DIVULGAÇÃO/JC
Nicole Feijó
Do Rio Grande do Sul ao Mato Grosso e das atividades do lar ao campo. Essas foram duas das principais mudanças pelas quais Norma Gatto passou ao longo da vida. A gaúcha mudou-se para o Mato Grosso em 1979, para se juntar à família que já estava na região desde 1975. Após a morte do marido, em 2000, ela se viu à frente do negócio e, sem conhecimento da atividade do setor, se tornou a primeira produtora rural da região, onde a atividade era exclusivamente masculina. Apesar disso, Norma conta que não sofreu preconceito. Pelo contrário, contou com a ajuda dos funcionários e dos produtores que formavam o Grupo Guará, do qual ela fez parte para encontrar ajuda ao assumir a empresa.
Do Rio Grande do Sul ao Mato Grosso e das atividades do lar ao campo. Essas foram duas das principais mudanças pelas quais Norma Gatto passou ao longo da vida. A gaúcha mudou-se para o Mato Grosso em 1979, para se juntar à família que já estava na região desde 1975. Após a morte do marido, em 2000, ela se viu à frente do negócio e, sem conhecimento da atividade do setor, se tornou a primeira produtora rural da região, onde a atividade era exclusivamente masculina. Apesar disso, Norma conta que não sofreu preconceito. Pelo contrário, contou com a ajuda dos funcionários e dos produtores que formavam o Grupo Guará, do qual ela fez parte para encontrar ajuda ao assumir a empresa.
O grupo Gatto abrange três propriedades localizadas em Itiquira, Ipiranga do Norte e Canarana, nas quais totaliza aproximadamente 16 mil hectares de grãos, entre eles soja e milho, e 5 mil cabeças de gado. Norma continua tocando a produção, mas agora conta com a ajuda dos três filhos, que se formaram em Agronomia, Engenharia agrícola e economia. Referência no setor, a produtora afirma não se imagina mais longe dos negócios, pois o que no começo era uma obrigação, hoje se tornou paixão.
JC Empresas & Negócios - Ao assumir o negócio, qual era o conhecimento que você tinha sobre a produção rural?
Norma Gatto - Eu era filha de agricultor, esposa de agricultor e com três filhos homens. Eu nunca tive interesse em me aprofundar, pois nunca tinha me imaginado tocando o negócio. Eu era extremamente dedicada ao lar e aos meus filhos, mas infelizmente aconteceu. Foi difícil e até hoje é um desafio, porque a agricultura é um setor muito dinâmico, mas eu aprendi a amar. Hoje, eu não faço por obrigação, mas sim por amor e paixão, porque é algo que me faz muito bem. Quando estou no escritório um pouco estressada, vou para a fazenda e volto de lá com a energia renovada.
Empresas & Negócios - Já sofreu preconceito por ser a primeira mulher nesse meio na região e por trabalhar com uma atividade socialmente considerada masculina?
Norma - Eu nunca senti isso, fui muito bem acolhida no momento em que eu precisei e tive ajuda de todos. No começo, pensava que seria difícil, pois era a única mulher no meio dos outros, mas acho que se você tem postura e mostra vontade de aprender, eles se sentem gratos por poderem passar isso. Eu nunca senti preconceito, não sei se foi pela minha postura e forma de agir. Pelo contrário, eu me considero até muito reconhecida por eles pelo esforço que eu fiz. Eu sempre procurei ser humildade para reconhecer o que eu não sabia. 
Empresas & Negócios - O Grupo Guará foi formado inicialmente por 10 agricultores da região para trocar experiências, do qual você participou. Qual foi a importância dele na sua jornada?
Norma - Foi fundamental, porque possibilitou uma troca de experiências que fez com que eu não precisasse errar para aprender. Você já saia dali com a convicção de que algumas coisas não seriam possíveis de repetir. Além disso, o grupo motivava, porque assim como você recebe dos outros, você também tem que participar e dar bons resultados, é uma competição saudável. Não existe nada que venha te traga prejuízo, só agregar, porque quanto melhor você fizer, melhor você se sente perante a todos. Então é um desafio maior na vida da gente, de você se qualificar, fazer o melhor e também ser exemplo.
Empresas & Negócios - Além do grupo Guará, como foi o apoio dos funcionários no momento em que a senhora assumiu a empresa?
Norma - Eu tive uma insegurança muito grande, porque eles me viam como uma pessoa comum e de repente passaram a me ter como patroa, que conhecia pouco e que, a partir daquele momento, estava à frente dos negócios e cobrando deles. Mas eles se entregaram de corpo e alma. Tem funcionários daquela época que estão comigo até hoje. Sozinha eu não sou ninguém, o trabalho em equipe foi o que fez a diferença. Isso tudo não foi um crescimento só meu, mas sim de toda uma equipe, na qual todos se empenharam ao máximo.
Empresas & Negócios - Qual foi o momento em que se sentiu segura na produção rural?
Norma - Todo ano é um desafio novo, você tem que ir atrás de novas ideias e tecnologias. O que eu fiz no passado me impulsiona para frente, mas não me dá uma garantia de perseverança. Os meninos (filhos) dizem para eu me aposentar, ir morar na praia e descansar. Mas virou paixão e não consigo me ver fora da agricultura. Hoje estou mais para fiscalizar, opinar e trocar conhecimento. Existe uma confiança muito grande de todos, mas eu não quero me afastar.
Empresas & Negócios - Qual é a sua avaliação sobre o atual momento do agronegócio no Brasil?
Norma - É um dos setores que menos sofreu, mas é inseguro, porque o agronegócio não admite erros. Você tem que ter eficiência, pois as margens são menores. Investimos muito, mas, como a nossa empresa é a céu aberto, não depende exclusivamente do nosso empenho, mas também de fatores climáticos. Com toda essa crise, temos que pisar no freio, fazer o possível para acertar cada vez mais e controlar os gastos em todos os sentidos, pois está cada vez mais complicado ser agricultor.
Empresas & Negócios - Quais são os produtos nos quais o grupo pretende investir no futuro?
Norma - A tendência é valorizarmos o que temos, transformar o grão em óleo e farelo. Em grupo, que é o Grupo Guará, temos uma força maior para abrir empresas, mas isso é um cenário que temos em mente em um futuro. Aos poucos, vamos investindo, porque não é algo fácil de se concretizar. A nossa expectativa é sempre melhorar a qualidade do nosso produto.
Empresas & Negócios - Como você enxerga a sojicultura no Rio Grande do Sul?
Norma - Eu vou pouco ao Estado, mas, da última vez, notei que os riscos do fator climático também são muito grandes e, como as áreas são menores, o agricultor se torna mais suscetível a perdas. Aqui, como temos três regiões diferentes no Mato Grosso, o clima é diferente em cada uma e no Rio Grande do Sul as áreas são todas em um único lugar, por isso o risco é bem maior do que o nosso aqui. Pelo que eu observei, como as áreas são exclusivamente em um único município, são poucos que tem a diversificação de lugar, o que aumenta o risco.
Empresas & Negócios - Como avalia a produção rural do Grupo Gatto em 2000, quando assumiu o negócio, e hoje, 16 anos depois?
Norma - Houve um crescimento, considerando que a produtividade em grão é instável. Esse ano tivemos um problema de seca na região de Ipiranga do Norte e agora temos em Canarana também. Em Ipiranga houve uma redução de 50% da produção pela falta de chuva. Na agricultura é muito difícil crescer em produtividade, porque dependemos de fatores climáticos, mas damos o nosso máximo, então nunca houve uma oscilação muito grande, nem para cima nem para baixo, desconsiderando esse ano em que foi atípico. Nos mantemos acima das médias do estado e conseguimos trabalhar em cada região de acordo com as suas características, em uma chove mais, na outra menos então uma acaba produzindo mais que a outra. Nossa média está em torno de 58 e 60 sacas e a expectativa é de chegar a 70. O desafio é maior, mas vamos fazendo tentativas.
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