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Inovação

- Publicada em 23 de Setembro de 2016 às 18:41

Próteses devem ficar mais baratas com tecnologia 3D

Protótipo de membro artificial deve ser concluído em quatro anos

Protótipo de membro artificial deve ser concluído em quatro anos


FUNDAÇÃO AUTODESK /DIVULGAÇÃO/JC
Um projeto baseado no uso de tecnologias 3D deverá baratear o processo de confecção de próteses para membros superiores e, mais do que isso, facilitar consideravelmente a adaptação dos pacientes a partir de um treinamento baseado na gameficação.
Um projeto baseado no uso de tecnologias 3D deverá baratear o processo de confecção de próteses para membros superiores e, mais do que isso, facilitar consideravelmente a adaptação dos pacientes a partir de um treinamento baseado na gameficação.
A iniciativa inédita é de pesquisadores do Laboratório de Engenharia Biomédica e o Grupo de Realidade Virtual e Aumentada da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Engenheiros, ortopedistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e agentes sociais estão envolvidos. O projeto, que está em fase inicial, deve ser concluído em quatro anos. Até agosto de 2017, porém, já deve ser possível ter pacientes usando a prótese impressa em 3D.
O treinamento virtual é uma das mais importantes inovações, aponta Edgar Lamounier, pesquisador e professor da universidade. Tradicionalmente, os médicos acoplam a prótese real no braço do paciente, para que ele possa ir treinando e se adaptando. É uma situação desafiadora, pois o paciente precisa desenvolver uma capacidade mental para dominar o controle da prótese, o que pode levar até um ano.
Com o objetivo de melhorar esse processo, está sendo criado um ambiente de realidade virtual, que permitirá ao usuário vivenciar a sensação de estar usando a prótese antes mesmo dela ser fabricada. Isso será possível com o escaneamento 3D da parte remanescente do braço, que vai gerar uma malha que será jogada nesse ambiente virtual. Também será projetada uma malha 3D da prótese para ser usada na manufatura 3D.
Isso tudo se transformará em um sistema só no mundo virtual gerando um ambiente realístico. A gameficação reproduz o dia a dia do paciente colocando, por exemplo, um copo em cima da mesa para que ele tenha que deslocar da posição A para B e, assim, conseguir passar de fase. "Estamos chamando isso de um jogo sério, pois não tem como perspectiva o entretenimento, e sim a reabilitação do paciente com o controle de prótese", analisa Lamounier.
Outra inovação é a possibilidade de personalização. Como as dimensões variam de uma pessoa para outra, a impressão em 3D vai permitir um encaixe o mais próximo possível do ideal. "Cada pessoa é única, então nunca haverá uma prótese que seja igual para dois indivíduos, com o mesmo nível de compatibilidade", relata o chefe do departamento de pesquisa da Faculdade Biomédica da UFU, Alcimar Barbosa Soares.
Esse é o primeiro projeto selecionado no Brasil para receber apoio tecnológico e financeiro da Fundação Autodesk. O grupo está utilizando tecnologias como modelagem 3D (por meio do software Autodesk Fusion 360), realidade virtual e impressão 3D e recebeu nesse primeiro recursos de US$ 10 mil, além de suporte técnico para o uso das ferramentas.

Centros de saúde poderão oferecer a solução

As próteses tradicionais são feitas usando materiais como fibra de carbono, e geralmente possuem um custo alto. Uma versão que ofereça conforto e mobilidade ao paciente pode chegar a custar R$ 300 mil.
"Temos 500 mil pessoas no Brasil com algum tipo de amputação e, além desse valor estar muito distante da realidade da grande maioria, muitos não têm condições de estar nos grandes centros urbanos, onde esses tratamentos são oferecidos", analisa o pesquisador Alcimar Barbosa Soares.
A proposta do trabalho que está sendo feito é gerar uma estratégia de tecnologia e metodologia para geração as próteses e treinamento que possa ser implementada em qualquer lugar. O custo final da prótese para uma mão, por exemplo, deve ficar entre
R$ 800,00 e R$ 5 mil, dependendo da sofisticação. A expectativa é que qualquer centro de saúde do interior possa ter a solução completa, que envolve o sistema de escaneamento 3D, um computador de desempenho médio e uma impressora 3D.
Depois que o projeto estiver pronto, o grupo quer torná-lo comercial, prospectando empresas que possam ter interesse em fabricar o produto. Os pesquisadores também pretendem apresentar ao Ministério da Saúde para que seja criada uma estratégia de levar essa tecnologia para todas as cidades, oferecendo para o Sistema Único de Saúde (SUS).