Matheus Nachtergaele criou para os poemas feitos pela própria mãe, falecida em 1968, a montagem Processo de conscerto do desejo (escrito assim mesmo: conscerto). Nachtergaele constrói com o público uma peça ancorada no violão de Luã Belik, no violino de Henrique Rohrmann e nos pensamentos de Maria Cecília Nachtergaele.

O ator apresenta a montagem no Porto Alegre em Cena, de segunda a quarta-feira, às 20h, no Teatro do Sesc (Alberto Bins, 665). O trabalho tem músicas que ele e Belik compuseram juntos, textos de autoria da genitora e canções por ela adoradas.

A opção por mesclar as duas palavras “concerto” e “conserto” é explicada pelo ator: “Quero consertar meu desejo com poesia, num concerto”, relata, referente à grafia alterada da palavra.

Sobre a motivação para a peça, Nachtergaele é claro: “minha mãe faleceu quando eu era um bebê de três meses. Dela me restaram seus poemas, lindos e maduros, escritos de uma jovem mulher moderna e triste, e essa veia que me marca a testa quando rio ou choro muito”.

Vaga carne, espetáculo do projeto Grãos da imagem, é o primeiro trabalho solo de Grace Passô - diretora, dramaturga e atriz mineira. Na montagem, que será apresentada de segunda a quarta-feira, às 19h, na Sala Álvaro Moreyra (avenida Érico Veríssimo, 307), Grace, que assina a direção e texto, expõe a saga do corpo de uma mulher com urgência de discurso, à procura de sua identidade e pertencimento. São identidades em busca de voz que dão Norte ao projeto Grãos da imagem.

Na montagem, uma voz errante e capaz de invadir qualquer matéria sólida, líquida ou gasosa, pela primeira vez, resolve invadir um corpo humano. A partir dessa experiência, traça uma jornada de autorreconhecimento narrando o que sente o que finge sentir, o que é insondável em si, o que sua imagem é para o outro que vê e o que significa seu corpo enquanto construção social.

Dentre seus últimos trabalhos, Grace dirigiu Contrações, Os bem intencionados e Sarabanda. Também atua nas peças Rasante, Krum e em espetáculos do repertório do Espanca!, grupo mineiro que fundou e no qual permaneceu por 10 anos assinando a dramaturgia de espetáculos como Amores surdos e Por Elise.