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Tecnologia

- Publicada em 02 de Setembro de 2016 às 16:01

A transformação digital chega à indústria marítima

Digitalização ajuda a conectar os milhares de agentes globais envolvidos com o setor

Digitalização ajuda a conectar os milhares de agentes globais envolvidos com o setor


SAP/DIVULGAÇÃO/JC
Da comunicação a bordo capaz de garantir o bem-estar da tripulação e o acesso a dados estratégicos para a navegação, passando pela capacidade de utilizar sensores inteligentes e análise de dados para identificar problemas técnicos, antes que eles aconteçam, até a gestão eficiente da carga e descarga.
Da comunicação a bordo capaz de garantir o bem-estar da tripulação e o acesso a dados estratégicos para a navegação, passando pela capacidade de utilizar sensores inteligentes e análise de dados para identificar problemas técnicos, antes que eles aconteçam, até a gestão eficiente da carga e descarga.
Em alto mar ou em terra firme, a dinâmica que envolve os players de navegação e todo ecossistema marítimo, como transportadoras e portos, deve funcionar de forma sincronizada. E a tecnologia tem sido cada vez mais estratégica para atingir esse objetivo.
A transformação digital, que já acontece de forma acelerada em segmentos como o de transporte e varejo, também avança firme para garantir a eficiência da operação de navios de carga e de transporte de passageiros e das plataformas offshore de petroleiras. Tudo suportado por soluções de mobilidade, social business, Big Data, cloud e Internet das Coisas (IoT).
"A indústria naval envolve operações globais e milhares de fornecedores, então, a digitalização deve ser analisada com uma visão holística, buscando a conexão de todos os agentes. A ideia é gerar velocidade e aumentar a flexibilidade e a eficiência", afirma o gerente pré-vendas da Siemens PLM, Vicente Mazinetti.
O especialista em telecomunicações e consultor de empresas como a norueguesa Statoil, Waldo Russo, observa que o ponto de partida para esse segmento é ter capacidade de conseguir oferecer sistemas de comunicação de qualidade. "Quando o assunto é tecnologia, um dos focos da área marítima tem sido melhorar a qualidade de vida das pessoas embarcadas e o acesos a dados estratégicos para a operação. E isso envolve fornecer alta conectividade para quem fica embarcado", comenta.
Dados apontam que existem hoje 10 mil embarcações conectadas no mundo e a previsão é chegar a mais de 44 mil em 2018 globalmente, incluindo todo tipo de transporte suporte, como os que servem à indústria de óleo e gás, de cargas, passageiros e pesqueiros.
A internet de alta velocidade garante, por exemplo, atendimento médico remoto, via telemedicina, e interação com amigos e familiares - lembrando que boa parte da tripulação é formada por jovens e não quer se sentir isolada quando está em alto mar.
"Se a empresa não oferecer esses recursos, os profissionais vão buscar outras companhias que possam dar a eles acesso ao mundo exterior", afirma o diretor de Desenvolvimento de Negócios e Soluções de Conectividade da Orange Business Services para América Latina, Felipe Stutz. Segundo ele, o turn over é hoje um problema sério nesse setor, então, essa questão tem merecido cada vez mais cuidado.
A oferta de internet de alta qualidade é decisiva ainda para garantir que as aplicações corporativas estejam rodando perfeitamente. Disso depende a tomada de uma série de decisões dentro da embarcação, como qual rota seguir a partir dos dados climáticos que chegam em tempo real, troca de informações com as equipes em terra sobre consumo de combustível, necessidade de embarcar alguma peça para manutenção no próximo porto ou até mesmo para a criação de estratégias capazes de acelerar o despacho alfandegário.
As demandas por comunicação para quem está embarcado são similares as de quem está em terra, como acesso à internet e telefonia. A diferença é que, estando em alta mar, é preciso lançar mão da comunicação via satélite, como as chamadas redes VSAT, e de ações para gerenciar o acesso. Isso é importante, por exemplo, para evitar que o capitão tenha dificuldades em usar a rede para acessar as cartas náuticas - e assim detectar as melhores rotas e pontos com correntes fortes - porque a tripulação está utilizando sites como o Youtube.
"Não adianta a embarcação estar conectada se não houver controle de como se usa esses recursos. Existe uma limitação da conectividade que precisa ser levada em consideração", explica Stutz. A Orange é especializada em entregar soluções integradas de comunicação, o que inclui pacote com telefonia e internet e de forma segura e gerenciada.
Empresas da Europa e dos Estados Unidos estão mais avançadas no uso de tecnologias que garantam a conectividade. Porém, o Brasil e os demais países da América Latina estão avançando. "As companhias precisam melhorar a qualidade da produção e, para isso, é imprescindível investir em sistemas que possibilitem o acesso rápido a informações estratégicas antes que ocorram perdas, levando a uma maior eficiência dos processos", assegura Russo.

Soluções modernas permitem fazer simulação de ambientes

Produtos de alto valor agregado como navios, submarinos e plataformas de petróleo, não podem falhar durante as suas atividades, sob pena de causarem grandes riscos e prejuízos. Diante desse cenário, conseguir simular situações que serão vivenciadas em alto mar, e descobrir antes os detalhes importantes para as especificações de desenvolvimento, tem sido cada vez mais estratégico.
A Siemens, uma das gigantes globais de tecnologia, está de olho nesse mercado e vem investindo energia e recursos para ampliar a sua atuação na oferta de soluções de simulação - prova disso é que adquiriu, recentemente, três companhias dessa área.
A ideia é poder lançar mão de sistemas modernos que permitam análises como as que demonstram a direção e a intensidade de ventos e das marés e, até mesmo, fazem simulação humana, como a avaliação do esforço de uma pessoa para caminhar em uma plataforma ou indicando até onde é possível andar com segurança em áreas de radioatividade.
Realizar testes, construção de protótipos e simulação de produtos e fábricas é muito caro e a digitalização chega com essa proposta de permitir que o trabalho seja feito, o máximo possível, no mundo virtual. "Desenvolver protótipos virtuais e partir desses cenários possibilita antecipar problemas durante a fase de desenvolvimento de navios e validar virtualmente o ambiente de trabalho", observa o gerente pré-vendas da Siemens PLM, Vicente Mazinetti.
A tecnologia na área naval possui quatro marcos. Na década de 1990, começaram a surgir as primeiras iniciativas de computação gráfica, com soluções de 2D que, em seguida, migraram para as de 3D. Nos anos 2000 houve uma consolidação e expansão do conceito de gerenciamento de projetos e surgiu o termo Bill of Material (BOM), que envolve a documentação de todos os itens e códigos que compõem o produto (montagens e submontagens).
Dez anos depois, o gerenciamento do ciclo de vida do produto, processo conhecido como Product Lifecycle Management (PLM), é uma realidade nesse segmento e se torna cada vez mais decisivo. Isso porque, tudo precisa estar registrado eletronicamente para facilitar as ações quando o navio estiver em alto mar. Se foi feita a troca de um radar, por exemplo, informações como a data, o modelo e o fabricante devem estar documentados.
"Falar em digitalização significa ter uma engenharia de produto muito bem gerenciada, com banco de dados único e todas as informações "caminhando" para a manufatura, ou seja, para o uso de robôs nas fábricas, simulação de espaços físicos e movimentação de materiais", explica Mazinetti. E tudo isso, claro, precisa estar disponível para ser acessado por todos os profissionais envolvidos, dentro das regras de negócios previamente estabelecidas.
Dessa organização suportada pelo PLM depende, por exemplo, o próprio cumprimento do cronograma de produção ou manutenção dos navios. "A unicidade de informações permite que as pessoas possam trabalhar simultaneamente, como no casco, nas tubulações e no ar-condicionado, sem que os times precisem ficar esperando pelo outro", explica Mazinetti.
Para 2020, o gestor aposta que a grande tendência é que a conexão e dados entre todos os fornecedores esteja mais madura. Além disso, vai ocorrer uma evolução das áreas de serviços dessas corporações marítimas, que precisam também ser melhor gerenciadas, sobre quando fazer manutenção e quais as ferramentas que precisam estar disponíveis, entre outras ações. "Ainda vemos no Brasil o uso pontual dessas soluções, a adoção em nichos e desconectada da maioria da empresa e dos fornecedores. As corporações brasileiras precisam avançar mais rapidamente", sugere Mazinetti.
 

Gestão agiliza procedimentos portuários ao sincronizar equipes de terra e do mar

Um dos pontos de eficiência mais importantes no segmento marítimo é a etapa da carga e descarga de mercadorias. Para que isso seja possível, a coleta e o gerenciamento das informações precisam funcionar em perfeita sincronia entre as equipes de terra e do mar. Isso é decisivo, inclusive, para evitar que o navio fique mais tempo do que o previsto aguardando para carregar e a empresa acabe tendo prejuízos.
"Caso a previsão de chegada mude, o time de terra precisa ser comunicado para ou retardar a chegada ou providenciar alguma outra carga para colocar no lugar e aproveitar o espaço do navio. Uma gestão apurada ajuda a diminuir multas por espera ou por não ter feito carregamento", explica o especialista de soluções para o setor de Logística da SAP Brasil, Daniel Bio.
O executivo diz que existe muita tecnologia disponível hoje em dia para as empresas avançarem na transformação digital - o que nem sempre significa que as corporações estejam fazendo o melhor uso possível disso. No caso do Brasil, ainda é comum os players ficarem discutindo alguns temas, como a falta da qualidade da internet, ao invés de avançar no uso de soluções tecnológicas estratégicas para os negócios.
Um caminho é conhecer o que está sendo feito em outros países e replicar aqui as experiências positivas. Ele cita um projeto da SAP no porto de Hamburgo, na Alemanha, que automatizou toda a área das docas para coordenar a entrada e saída dos caminhões.
Os veículos ficam em um estacionamento longe do porto aguardando o chamado, para evitar filas. Os caminhoneiros são acionados pelos seus smartphones e só se deslocam para a doca no momento em que o navio estiver pronto para a carga e descarga das mercadorias. "É preciso criar ilhas de excelência usando as tecnologias disponíveis nos portos brasileiros. Assim poderemos ter um feito espiral positivo", acredita o executivo.
 

IoT aumenta a segurança ao viabilizar a manutenção antes de quebra em alto mar

 Daniel Hoe Divulgação Salesforce

Daniel Hoe Divulgação Salesforce


SALES FORCE/DIVULGAÇÃO/JC
Um dos pilares mais importantes da transformação digital, a Internet das Coisas (IoT), tem sido uma aliada e tanto para permitir que a indústria naval possa ter uma manutenção mais eficiente dos navios e plataformas. A coleta e envio de dados por meio de sensores inteligentes viabiliza que a embarcação antecipe problemas que poderão vir a acontecer a partir da análise do comportamento do navio.
Em uma operação de óleo e gás, por exemplo, os técnicos estão rotineiramente coletando dados que indicam a temperatura, vazão e pressão dos postos, bem como as operações de motores, energia consumida e nível de combustível disponível. Tudo isso precisa ser captado, digitalizado, comprimido, enviado e analisado.
Com o cruzamento de informações, é possível fazer uma análise que aponte, por exemplo, que com uma determinada condição de temperatura, a tendência é que uma peça tenha 12 horas de funcionamento até apresentar algum problema. "São dados decisivos para evitar que algum componente quebre em alto mar, acarretando prejuízos e riscos à segurança da tripulação", relata o especialista de soluções para o setor de Logística da SAP Brasil, Daniel Bio.
Em uma área menos ligada à engenharia, mas igualmente dependente de informações, a tecnologia também tem sido decisiva. É na identificação de oportunidades de negócios, a partir da análise dos dados, e posterior direcionamento da estratégia logística e comercial.
O diretor de marketing da Salesforce na América Latina, Daniel Hoe, observa que as operações de transporte precisam de plataforma para acompanhar consumo e realizar ações de marketing que estimulem novos negócios. E a resposta disso está nas soluções de CRM, que permitem a administração mais eficiente das áreas de vendas, atendimento ao cliente e realização de campanhas de marketing.
"Se a companhia conseguir identificar que há pouca capacidade de oferta em determinado mês, pode trabalhar melhor a questão do preço. Isso permite a realização de negociações por contêineres com base na sazonalidade", explica.
As ferramentas de CRM também apoiam a automação de força de vendas, facilitando a aprovação de preços. Isso é importante porque existem padrões internacionais de contêineres e de tamanhos de carga que mudam de acordo com cada país. "Muitas companhias fazem esse acompanhamento dentro do CRM e fazem a aprovação de acordo com padrões internacionais de precificação", explica Hoe.