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tecnologia

- Publicada em 26 de Setembro de 2016 às 12:56

Incubadoras turbinam operações para acelerar jovens empresas

Incubados estão no ambiente da Raiar, no Tecnopuc, que terá área de 600 m2 de co-working

Incubados estão no ambiente da Raiar, no Tecnopuc, que terá área de 600 m2 de co-working


ASCOM PUCRS/DIVULGAÇÃO/JC
A maior parte das inovações não virá das grandes empresas, que, apesar de possuírem recursos para investir em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), não têm conseguindo ser ágeis o suficiente para modificar suas estruturas em um mercado em plena transformação. É nas startups, com ideias muitas vezes disruptivas, que reside boa parte da esperança de os países aperfeiçoarem os modelos atuais de produção e aumentarem a competitividade.
A maior parte das inovações não virá das grandes empresas, que, apesar de possuírem recursos para investir em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), não têm conseguindo ser ágeis o suficiente para modificar suas estruturas em um mercado em plena transformação. É nas startups, com ideias muitas vezes disruptivas, que reside boa parte da esperança de os países aperfeiçoarem os modelos atuais de produção e aumentarem a competitividade.
Estruturar ambientes capazes de apoiar a criação de operações com potencial para serem globais e modificarem a sociedade, porém, é um grande desafio, especialmente no Brasil. "Vivemos em um país quase inóspito, em que é muito complicado para as empresas crescerem, em função da burocracia e da mentalidade vigente", observa o CEO da Litteris Consulting e evangelista de Tecnologia, Cezar Taurion.
Se não dá para contar com um ambiente conjuntural propício, um dos caminhos é apostar que as estruturas de incentivo ao empreendedorismo existentes deem uma passo à frente. E isso inclui as incubadoras de novos negócios - especialmente aquelas ligadas a ecossistemas de inovação já estruturados, como os parques científicos e tecnológicos.
Atualmente, o faturamento das startups apoiadas por essas instituições ultrapassa os R$ 15 bilhões por ano no Brasil. As operações incubadas ou que passaram pelo processo de incubação geram, indiretamente, 373.847 empregos e R$ 24 bilhões em produção, segundo dados recentes do estudo Impacto Econômico Segmento de Incubadoras de Empresas do Brasil, encomendado pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e pelo Sebrae, e realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
O aporte de capital e a participação em programas de incubação podem alterar, de forma positiva, o tempo de maturação de um negócio e sua curva de crescimento, incentivando o desenvolvimento de novos negócios que se transformarão em operações de crescimento acelerado, aponta o levantamento.
Um exemplo de como um ecossistema de empreendedorismo e inovação bem articulado pode garantir resultados diferenciados é a Silo Verde, que produz silos sustentáveis à partir de garrafas pet. O fundador da startup, Manolo Machado, foi aluno da Unisinos, desenvolveu um projeto, o submeteu ao Prêmio de Empreendedorismo da universidade e ganhou 12 meses de incubação gratuita na Unidade de Inovação e Tecnologia da Unisinos (Unitec).
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Nesse ambiente voltado para a inovação e com os apoios necessários, a empresa cresceu, se desenvolveu e, recentemente, fez uma captação R$ 1 milhão. Sem falar que, de olho na internacionalização, está conversando com potenciais clientes da Alemanha, Canadá e Suécia. "As incubadoras não podem ser passivas. É muito importante que contribuam para que suas empresas possam interagir e ter contatos com investidores e parceiros", destaca. Segundo ele, por mais que a empresa tenha um produto inovador, unir-se com o nome de estrutura de suporte idônea dá uma espécie de chancela. "Os contatos desenvolvidos aqui são mais importantes do que estrutura física", acrescenta Machado.
Aliás, reside exatamente aí o desafio das incubadoras para os próximos anos. Nessa escalada para apoiar a criação de startups que possam fazer a diferença, é fundamental oferecer, além de infraestrutura, algumas consultorias mais simples de apoio ao desenvolvimento do plano de negócios. "Uma startup de sucesso depende de uma ideia e de mecanismos eficientes para ajudar a transformar o projeto em um produto viável. E isso passa por oferecer mentorias - não só administrativas, mas para refinar o modelo de negócio -, aproximá-las dos investidores, criar sinergias e conduzir o go to market", sugere Taurion.
A boa notícia é que uma nova perspectiva sobre os mecanismos de geração de empreendimentos, consolidada em países mais desenvolvidos, começa a chegar ao Brasil. "Os modelos de incubação estão se hibridizando e passam a incorporar programas de aceleração e ambientes de co-working", explica o presidente da Anprotec, Jorge Audy.
É um conceito em que diversas estruturas voltadas para o fomento de negócios em fase inicial começam a atuar de forma articulada, oferecendo desde o encaminhamento de montagem dos planos de negócios, compartilhamento de recursos e de ambientes até possibilidade de financiamento das operações empresariais.
Poder contar com uma incubadora que, além de suporte material, ofereça mentoria de profissionais experientes, conforto e apoio psicológico para empreender e facilidades de acessos aos investidores é fundamental, alerta o CEO da TruckPad, Carlos Alberto Mira. "Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos empreendedores é a solidão. Por isso, ter todo esse aporte dá uma grande vantagem e capacidade de aceleração para as empresas", avalia.

Modelo de apoio inicial às startups está defasado

 Para Machado, contato com fornecedores e parceiros é fundamental

Para Machado, contato com fornecedores e parceiros é fundamental


CLAITON DORNELLES/JC
As incubadoras são decisivas para apoiar a criação de novos negócios, mas, para conseguirem fazer isso de forma efetiva, ainda precisam modernizar os seus processos, alertam especialistas em tecnologia e empreendedores. "O modelo vigente até aqui não deu certo. O número de empresas que saíram desses ambientes e realmente fizeram a diferença é muito pequeno. Via de regra, vemos uma gurizada entrando e saindo, mas sem criar projetos com sustentabilidade e terem sucesso, observa o CEO da Litteris Consulting e evangelista de tecnologia, Cezar Taurion.
Para que a atuação seja cada vez mais efetiva, vem aí o que as associações globais de parques tecnológicos estão chamando de terceira geração. O primeiro estágio, que tinha como foco oferecer espaço físico de boa qualidade e a baixo custo para os players nascentes - além de alguns recursos compartilhados, como salas de reuniões e assessorias jurídica e de marketing -, está cada vez mais no passado. As iniciativas incorporaram apoio para o desenvolvimento empresarial, por meio de mentorias e coaching.
No caso da terceira geração, o foco é ajudar a acessar mais rapidamente os mercados, o que impacta diretamente o modelo e incubadoras no Brasil. "Estamos todos sendo desafiados a criar redes de acesso para projetos compartilhados, ajudar essas players a trabalhar de forma colaborativa e, assim, fazer com que possam alcançar melhores resultados", observa o gerente da Unitec, Carlos Eduardo Aranha.
No entanto, criar sinergias capazes de impactar de forma positiva o resultado de cada empresa é realidade em poucas incubadoras brasileiras. Para tentar resolver esse gargalo, a Anprotec e o Sebrae criaram o Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos (Cerne), uma plataforma para melhorar o desempenho. A iniciativa busca reduzir mortalidade das empresas em estágio nascente e criar uma espinha dorsal que permita a essas instituições comparar os resultados.
No Estado, Unitec (Unisinos), Incubadora Raiar (Pucrs), Centro de Empreendimentos em Informática (CEI - Ufrgs) e Incubadora Tecnológica da Universidade Feevale estão com os projetos em andamento e devem conseguir a sua certificação entre 2016 e 2017. "Queremos nos tornar um Centro de Referência na formação de empreendimentos. Obter esse reconhecimento demonstra a qualificação nos processos", comenta a diretora do CEI e coordenadora da Rede de Incubadoras Tecnológicas da Ufrgs, Ingrid Jansch Porto.
A gestora orienta que os jovens também devem buscar oportunidades, o que não inclui apenas o auxílio para deslanchar os negócios e o foco no desenvolvimento tecnológico, mas também, e principalmente, ações de networking, discussão de modelos e a participação em eventos e palestras. "Eles nem sempre percebem que a oportunidade de escutar outras histórias resulta em inspiração para novas abordagens. Despertar este interesse é um trabalho de doutrinação da incubadora", diz.
Mauro Jeckel, sócio e CEO da SpumeNews, startup que utiliza inteligência artificial para organizar tweets, destaca outro parceiro cada vez mais importante no suporte às operações nascentes: as grandes empresas. "Na medida em que os grandes players perceberam que seus mercados estão em risco, passaram a investir na aquisição de startups para absorver a cultura da inovação e ter mais agilidade na oferta de soluções", analisa, ao citar como exemplo Bradesco e a Telefônica. A SpumeNews, aliás, foi incubada na Wayra, aceleradora do Grupo Telefônica (dona da marca Vivo). Como residente, recebeu mentoria e capital para o seu desenvolvimento.
O gestor executivo do Feevale Techpark, da Univeridade Feevale, Alexandre Peteffi, destaca a aproximação de médias e grandes empresas das incubadoras tecnológicas. "Muitos dos seus executivos atuam como mentores ou investidores nas empresas nascentes", observa. Para ele, a customização dos programas de incubação faz com que estejam mais alinhados com as necessidades individuais das startups. "As incubadoras aprenderam, em rede, sobre seus erros e acertos", complementa.

Instituições gaúchas largam na frente na modernização de suas estruturas de inovação

 Para Machado, contato com fornecedores e parceiros é fundamental

Para Machado, contato com fornecedores e parceiros é fundamental


CLAITON DORNELLES/JC
O Rio Grande do Sul, que sedia alguns dos parques tecnológicos de maior respeito no Brasil, está atento e ativo nesse movimento de modernizar o modelo de incubação. A Raiar, do Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) se prepara para começar a gerir uma área de 600 m2 de co-working, que está sendo estruturada dentro do Global Tecnopuc, em Porto Alegre.
A ideia é atuar cada vez mais como um hub inovação, em que os mundos relacionados ao empreendedorismo comecem a colidir e que disso surja um novo formato. "O melhor ambiente de incubação deve estabelecer um espaço mais seguro para empreendedores novatos se desenvolverem, trazer conceitos de aceleração de negócios, aproximação de capital, colaboração e co-working", observa o gerente Raiar, Leandro Pompermaier. A expectativa é que o resultado seja a geração de negócios sustentáveis e capazes de levar à transformação da sociedade.
A Unidade de Inovação e Tecnologia (Unitec) da Unisinos extrapolou a atuação como incubadora: possui um espaço de co-working e trabalha de forma compartilhada com a Ventiur, aceleradora que está dentro da sua estrutura e tem sido o elo entre as grandes empresas instaladas no Tecnosinos e as startups. "A nova geração de empreendedores quer conversar com os fundos de investimento e investidores-anjo para poder captar dinheiro e colocar os projetos para rodar rapidamente", comenta o gerente da Unitec, Carlos Eduardo Aranha.
Construir estruturas capazes de abrir espaço para que os empreendedores tenham contato com quem enxerga a empresa como um negócio (normalmente, este perfil é encontrado nos investidores) e estimulá-los a injetar capital para ganhar escala são alguns dos caminhos que as incubadoras deverão seguir daqui para frente. "É fundamental se quiserem contribuir mais efetivamente para o desenvolvimento de startups globais", aponta a diretora do CEI e coordenadora da Rede de Incubadoras Tecnológicas da Ufrgs, Ingrid Jansch Porto. "As ações efetuadas por essas instituições precisam ser contaminadas pelo que é feito pelas aceleradoras."
Muitos dos bons exemplos gaúchos vêm de incubadoras ligadas às universidades. Segundo o presidente da Anprotec, Jorge Audy, quando esses mecanismos estão dentro de ecossistemas de inovação, como parques científicos e tecnológicos, distritos de inovação e smart cities, a escalada é potencializada. "As múltiplas ações voltadas para a cultura do empreendedorismo ajudam a turbinar o processo de geração de startups de alto potencial de crescimento."

Grandes empresas são decisivas para evolução das startups

 Para Machado, contato com fornecedores e parceiros é fundamental

Para Machado, contato com fornecedores e parceiros é fundamental


CLAITON DORNELLES/JC
Todos querem ser a Plug & Play. Está aí uma boa forma de resumir o respeito que a instituição, localizada no Vale do Silício, a meca norte-americana da tecnologia mundial, conquistou no mercado global. Tudo graças ao modelo praticamente perfeito que desenvolveu de atuar como uma plataforma global de inovação, conectando startups com corporações e investidores. Players como PayPal, Dropbox e SoundHound passaram por ali - e, rapidamente, conquistaram usuários do mundo todo.
A Plug & Play realizou mais de 550 investimentos globais desde 2006, totalizando US$ 4 bilhões. São 110 parcerias e 180 VC Partners e, só em 2015, 205 startups aceleradas. Agora, a instituição está de olho nos projetos de startups brasileiras. "Já fizemos mais de 15 investimentos no Brasil nos últimos dois anos e pretendemos dobrar esse número", revela a diretora de operações internacionais da Plug & Play, Yael Oppenheimer.
JC Empresas & Negócios - Qual é a melhor maneira de ajudar os jovens empreendedores e as suas empresas a crescerem, se desenvolverem e terem sucesso com seus produtos e serviços em um mercado tão competitivo?
Yael Oppenheimer - O primeiro e mais importante passo é criar e manter um bom ecossistema com uma combinação de capital, consultorias específicas, um canal de parceiros relevante, talento técnico e experiência de gestão de negócios. O envolvimento empresarial neste ecossistema é outro fator primordial. Acreditamos que se contarem com a ajuda de grandes corporações parcerias, as startups têm uma maior chance de sucesso.
Empresas & Negócios - Qual é o ambiente ideal para apoiar a transformação de ideias em projetos inovadores e sustentáveis?
Yael - Um ambiente capaz de assimilar rapidamente talentos que pensem de forma parecida, com fácil acesso ao capital e com a perspectiva cultural de aceitar rapidamente as falhas e transformá-las em sucesso.
Empresas & Negócios - Como incubadoras e aceleradoras podem colaborar neste processo?
Yael - Eles colaboram na medida em que fornecem infraestrutura e linha direta entre as partes interessadas (agentes reguladores, investidores e universidades).
Empresas & Negócios - Que conselho você daria para as incubadoras conseguirem ser mais efetivas no apoio às empresas?
Yael - O que nós da Plug&Play fazemos é acelerar a tecnologia em relacionamentos e mercados já existentes. A inovação aberta é um elemento muito importante para ajudar as startups a escalarem rapidamente. Isso é feito capturando múltiplas partes de um domínio particular dentro de uma cadeia de valor.
Empresas & Negócios - O que faz com que o Vale do Silício seja tão diferenciado no fomento à operações inovadoras, altamente escaláveis e com capacidade de se tornarem globais? Como você enxerga o Brasil nessa área?
Yael - Cultura (independentemente de onde você vem, pois é tudo sobre ideias), concentração de capital e das melhores universidades, como Stanford e UC Berkeley, e de centros de inovação e desenvolvimento para grandes corporações. Em relação ao Brasil, acreditamos que este ecossistema está começando a se desenvolver - em meio a uma crise econômica e política. Novos empreendedores estão surgindo, tecnologias sendo desenvolvidas e, consequentemente, virão mais oportunidades para o investimento estrangeiro e local nessas empresas. Finalmente, em função da necessidade de incorporarem essas novas tecnologias, as grandes corporações estão sendo forçados a inovar e, dada a natureza lenta das suas estruturas, tentarão trabalhar com as startups ao invés de competir com elas.

Persistência dos empreendedores é estratégica para busca de resultados

 Para Machado, contato com fornecedores e parceiros é fundamental

Para Machado, contato com fornecedores e parceiros é fundamental


CLAITON DORNELLES/JC
Um aplicativo que conecta caminhoneiros às cargas ajudou a transformar a brasileira TruckPad em uma das startups mais notáveis do mercado. O sistema ajuda a resolver o problema dos profissionais autônomos, que costumam rodar muitas vezes vazio em busca de frete.
Além de perder tempo e dinheiro, eles costumavam usar muito combustível e, consequentemente, jogavam gás carbônico na atmosfera. Com o app, por meio de GPS, o sistema envia a oferta de carga mais próxima de onde ele está - a contratação é feita por indústrias e atacadistas e todos se comunicam por meio de um marketplace.
A TruckPad possui 53 funcionários, mais de US$ 100 milhões oferecidos em frente por mês na plataforma e atuação em todo Brasil. A empresa vai realizar em breve uma nova rodada de investimento, cujo foco é a internacionalização. México, Turquia e Índia, que possuem uma dinâmica de contratação de caminhoneiros autônomos similar ao Brasil, estão na mira.
É um sucesso que pode ser explicado por diversos fatores, como uma boa ideia, a persistência do empreendedor e, claro, a oportunidade de poder ter estruturado o seu negócio em um ambiente dos mais preparados do mundo para a geração de empresas sustentáveis, a Plug&Play, com sede em São Francisco (EUA).
Em 2013, o CEO da startup, Carlos Alberto Mira, participou do Google Startup Weekend e o aplicativo foi eleito a melhor ideia de startup do ano. Algum tempo depois, foi convidado a passar seis meses incubado na Plug&Play - de quem recebeu um investimento de US$ 50 mil para desenvolver o aplicativo. "Esse aporte foi muito importante, não tanto pelo dinheiro, mas por mostrar o comprometimento deles com a minha ideia", observa.
Durante seis meses, a empresa teve a oportunidade de vivenciar o dia a dia da instituição e trabalhar na instrumentalização da empresa. Lado a lado, estavam empreendedores do mundo todo se dedicavam a desenvolver os seus produtos ao mesmo tempo que dividam a atenção tentando contribuir com as demais ali incubadas.
"No Brasil, as pessoas costumam ter medo de abrir seus projetos e alguém roubar a ideia. Em São Francisco, a proposta é colocar na mesa de forma franca e permitir que as pessoas possam contribuir", comenta, destacando a cultura diferenciada que existe por lá.
No segundo semestre de 2014, a Plug and Play selecionou 30 das principais operações lá hospedadas, fez pitches de apresentação das ideias aos investidores e um concurso, que consagrou a TruckPad como a startup mais inovadora do mundo em 2014.
Depois disso, vieram várias propostas de investimentos, de companhias da Alemanha, Filipinas e outros países. A que mais interessou foi a da Movile, dona de startups como iFood e Ingressorapido.com. A empresa ficou com 35% da TruckPad (os valores não são revelados) e contribuiu muito com o aporte de tecnologia.
Nessa época, o sistema tinha 500 downloads e cerca de 20 companhias usando. A meta é chegar a setembro desse ano com 500 mil e mais de 8 mil empresas no sistema. Já foram mais de 10 mil jobs fechados por meio da plataforma.
É uma trajetória feliz para uma ideia que, para sair do papel, causou algumas decepções e rompimentos. Carlos Alberto Mira tem 48 anos e, durante 35 anos, trabalhou em uma transportadora de cargas, empresa da sua família, com faturamento de cerca de R$ 700 milhões e da qual ele era presidente.
Uma viagem para o São Francisco, em 2011, fez a sua vida mudar completamente. Durante uma palestra na Universidade de Stanford, teve a ideia de criar o aplicativo para conectar caminhoneiros autônomos à carga. Quando retornou ao Brasil, contou a sua ideia com o seu irmão e sócio na transportadora.
E o que ouviu passou longe de um incentivo. "Ele me disse: você é idiota de achar que caminhoneiros vão usar smartphones", relembra. Mas Mira apostava nessa ideia e, desconsiderando os conselhos dos amigos e familiares, e foi atrás da sua convicção. Vendeu a sua parte na empresa, rompeu com o irmão, com quem não fala até hoje, e criou a TruckPad, considerada uma das startups com mais rápido crescimento no ecossistema da Plug and Play.
"Enquanto eu estive em São Francisco, vi de forma cristalina que as pessoas usariam cada vez mais dispositivos móveis e que negócios inovadores nessa área tinham muito potencial. Eu estava conectado com futuro, mas aqui fui considerado doido", relembra.