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Mercado financeiro

- Publicada em 12 de Setembro de 2016 às 15:12

Sobe oferta de papéis que replicam ação de empresa estrangeira

Bancos emitiram 16 opções de BDRs somente no final de julho

Bancos emitiram 16 opções de BDRs somente no final de julho


STOCKVAULT/DIVULGAÇÃO/JC
A quantidade de recibos de ações de empresas estrangeiras teve forte crescimento no mercado brasileiro, impulsionada por uma maior procura por esse investimento. No final de julho, foram lançadas na BM&FBovespa 16 opções dos chamados BDRs (Brazilian Depositary Receipts) emitidos por bancos, mas que têm como garantia real os papéis de companhias de fora. No total, há 122 recibos em negociação. Esse tipo de investimento chegou ao mercado brasileiro apenas em 2010.
A quantidade de recibos de ações de empresas estrangeiras teve forte crescimento no mercado brasileiro, impulsionada por uma maior procura por esse investimento. No final de julho, foram lançadas na BM&FBovespa 16 opções dos chamados BDRs (Brazilian Depositary Receipts) emitidos por bancos, mas que têm como garantia real os papéis de companhias de fora. No total, há 122 recibos em negociação. Esse tipo de investimento chegou ao mercado brasileiro apenas em 2010.
O aumento da oferta vai na contramão da rentabilidade dos BDRs, que tem caído, afetada pela variação cambial. O retorno dos recibos de ações sofre impacto tanto dos preços dos papéis das empresas de referência no exterior quanto das oscilações da moeda. Embora todas as operações com os BDRs sejam contabilizadas em reais, as cotações dependem da variação da moeda norte-americana.
Desde o seu lançamento no Brasil, os BDRs vinham registrando rentabilidade crescente na esteira da alta do dólar ante o real. Mas o cenário se inverteu em 2016, com a apreciação da moeda brasileira. Somente em 2015, o índice BDRX, que mede o desempenho dos BDRs não patrocinados (lançados por instituições financeiras), avançou 52,3%, pouco acima do ganho do dólar à vista (49,6%). Em 2016 até agosto, porém, o BDRX teve queda de 14,4%, influenciado pela desvalorização de cerca de 18% do dólar no mesmo período.
Quase todos os BDRs não patrocinados negociados no Brasil são lastreados em ações de empresas americanas, como Apple, Microsoft e Walt Disney - a exceção é a mexicana Femsa -, e replicam seu desempenho em Bolsa nos Estados Unidos. Apesar do efeito negativo do câmbio, o volume médio diário de BDRs não patrocinados negociados na Bolsa cresceu 67% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2015, para R$ 15,9 milhões.
Cristiana Pereira, diretora comercial e de desenvolvimento de empresas da BM&FBovespa, afirma que uma das vantagens dos BDRs é a facilidade operacional. "É uma oportunidade para o investidor diversificar a carteira com ativos do exterior, sem a necessidade de abrir uma conta em outro país", afirma. Entre os BDRs lançados recentemente estão os de empresas como Alcoa, American Airlines e General Motors. Entretanto, não é qualquer investidor que pode ter acesso direto a esses papéis. Para pessoas físicas, eles estão restritos a quem possui aplicações superiores a R$ 1 milhão.

Investidores menores têm acesso à aplicação

Os investidores menores têm algumas opções para acessar o mercado de recibos de ações estrangeiras. Uma delas são os BDRs patrocinados, emitidos pelas próprias companhias e também negociados na bolsa. Mas há apenas 10 papéis listados, entre eles os das companhias Dufry, Wilson Sons e GP Investments, e a liquidez é baixa. Outras opções são os fundos de investimentos em BDRs, que desde o ano passado estão liberados para qualquer perfil de investidor. O primeiro deles foi lançado pela Bram (Bradesco Asset Management), em 2011, e tem aplicação inicial de R$ 10 mil.
"Desde o seu lançamento, o fundo teve uma performance espetacular com o bom desempenho da Bolsa norte-americana e a desvalorização do real; somente neste ano, a trajetória do câmbio se inverteu", comenta Roberto Shinkai, gestor de renda variável da Bram. "Mas o fundo continua sendo uma boa opção para diversificar a carteira", diz.
A BB DTVM iniciou seu fundo de BDR em janeiro do ano passado. A aplicação anual é a partir de R$ 200. "Acredito que, quando o câmbio se estabilizar, esses papéis voltarão a ter bom desempenho, já que as perspectivas para a economia e para as empresas norte-americanas são bastante favoráveis", avalia Jorge Ricca, gerente executivo de fundos de ações da gestora de recursos.
Para Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, os BDRs têm potencial para continuar crescendo: "É um mercado relativamente novo, e a tendência é que, com o tempo, diminuam as restrições para investir".
A BM&FBovespa mantém conversas com instituições financeiras para elevar o número de BDRs não patrocinados disponíveis. "A ideia é continuar ampliando o leque de alternativas para o investidor", afirma Claudio Jacob, diretor internacional, comercial e de desenvolvimento de mercado da BM&FBovespa.

Passo a passo

1 - O que são?
Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são certificados que representam ações de empresas estrangeiras, mas são negociados no Brasil.
2 - Quais são as categorias existentes?
Os BDRs são de dois tipos: os patrocinados e os não patrocinados. Os papéis do primeiro grupo são emitidos diretamente pelas próprias companhias. Os não patrocinados são lançados por instituições financeiras, mas possuem lastro (garantia) nos papéis das empresas estrangeiras negociadas. Atualmente, há 122 programas de BDRs não patrocinados e 10 patrocinados no Brasil.
3 - Quem pode investir?
Só podem investir diretamente em BDRs não patrocinados os investidores com R$ 1 milhão em aplicações financeiras. Quem tem menos recursos pode aplicar nesses papéis por meio de fundos. Já os BDRs patrocinados disponíveis atualmente na Bolsa são acessíveis a qualquer tipo e perfil de investidor.
4 - Como aplicar?
O procedimento é o mesmo para ações brasileiras por meio de corretoras, no caso da aplicação direta, e gestoras de fundos de investimentos.
5 - Qual é a vantagem?
Esses certificados permitem investir em ações de companhias estrangeiras sem pagar os custos relacionados à remessa de recursos para o exterior e necessidade de ter uma conta fora do País.
6 - E a desvantagem?
Como qualquer ativo de renda variável, o investimento em BDRs envolve riscos, além de sofrer a influência do câmbio.

BDRs Mais negociados

Não patrocinados
  1. Apple
  2. Microsoft
  3. Time Warner
  4. Walt Disney
  5. Home Depot
Patrocinados
  1. Dufry
  2. Cosan Limited
  3. Wilson Sons
  4. GP Investments
  5. BTG
Fonte: BM&FBovespa