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finanças pessoais

- Publicada em 12 de Setembro de 2016 às 14:06

Limite de cheque especial e cartão de crédito supera renda

Crédito pré-aprovado pode trazer risco aos menos organizados

Crédito pré-aprovado pode trazer risco aos menos organizados


KENTEEGARDIN VIA VISUALHUNT/DIVULGAÇÃO/JC
As linhas de crédito emergenciais e mais caras do mercado, como cheque especial e cartão de crédito, seguem com ampla oferta nos principais bancos brasileiros. Uma pesquisa da associação de consumidores Proteste mostra que esse crédito pré-aprovado e, portanto, disponível a qualquer momento e sem burocracia, supera em praticamente quatro vezes a renda dos consumidores.
As linhas de crédito emergenciais e mais caras do mercado, como cheque especial e cartão de crédito, seguem com ampla oferta nos principais bancos brasileiros. Uma pesquisa da associação de consumidores Proteste mostra que esse crédito pré-aprovado e, portanto, disponível a qualquer momento e sem burocracia, supera em praticamente quatro vezes a renda dos consumidores.
Em um cenário de aumento do desemprego, queda da renda e persistência da inflação, o "dinheiro fácil" é um risco para os menos organizados com o orçamento. Um dos erros mais comuns, apontam os especialistas, é recorrer com frequência a esses limites, como se eles fossem uma extensão da renda. "O credito pré-aprovado já está na conta, não precisa de autorização, e o consumidor acaba sendo fisgado pela facilidade e se enrola facilmente", afirma Renata Pedro, técnica da Proteste.
O levantamento contabilizou todo o dinheiro liberado pelos bancos em três perfis reais de consumidores: uma mulher, com renda de R$ 5 mil, e dois homens, com rendimento de R$ 5 mil e de R$ 10 mil, respectivamente. Nos três casos, a remuneração mensal representa o máximo ganho dos entrevistados em um mês, porque, de acordo com a Proteste, parte da renda deles depende de fatores variáveis, como hora extra ou comissão. Isso significa que, num mês de vacas mais magras, a oferta de crédito representa, proporcionalmente, um peso ainda maior sobre o que esses consumidores têm disponível para pagar as contas.
No caso mais extremo encontrado, o consumidor com conta no Itaú Unibanco e salário de R$ 10 mil dispunha de um limite R$ 21,6 mil no cheque especial, valor que se somava a R$ 16,1 mil disponíveis no cartão de crédito. Isso sem contar que, no crédito pessoal, o banco oferecia outros R$ 55 mil, com possibilidade de parcelamento em 24 ou 48 vezes.
Procurado, o Itaú informou, em nota, que os limites de crédito levam em conta a renda do cliente e o histórico de relacionamento. O banco afirma, ainda, que revisa periodicamente o perfil dos correntistas e, com base nisso, pode reavaliar os limites quando notar qualquer mudança que eleve o risco. O Santander, também apontado na pesquisa como um dos que mais oferecem crédito, afirmou que não teria ninguém disponível para comentar.
"A oferta de crédito é frequente e farta, inclusive para aqueles que não têm mais capacidade de pagamento. Muitos bancos e financeiras têm o costume de ligar oferecendo novas linhas de crédito como um benefício", destaca Renata. O alto volume de crédito disponível é prejudicial, não só porque, de largada, ultrapassa o que o consumidor pode pagar. Como são linhas com alto risco de calote, os juros também estão nas alturas. No rotativo do cartão de crédito, por exemplo, a taxa chega a 470% ao ano e é a mais cara do sistema financeiro, segundo os dados mais recentes do Banco Central.
No cheque especial, a conta é um pouco menor, mas está longe de ser barata: 318% ao ano. E essa escalada não dá trégua. A taxa de juros do cheque especial vem subindo todos os meses nos últimos três anos, ignorando até a trajetória da Selic, referência para o custo do dinheiro, que está estacionada em 14,25% ao ano desde julho de 2015.
Os especialistas destacam, porém, que não está só com as instituições financeiras a responsabilidade de se evitar os altos níveis de endividamento. "Os bancos precisam oferecer crédito consciente, mas também é dever do consumidor ter um orçamento equilibrado e não gastar mais do que deve", afirma Renata.
Para a planejadora financeira Viviane Ferreira, faltam conhecimento e educação financeira para entender o momento em que a conta parou de fechar. "Os consumidores precisam acompanhar o orçamento o tempo todo, planejar os gastos semana a semana e fazer adaptações conforme os gastos imprevistos apareçam."

Cresce uso de pontos como alternativa para pagar as contas

 Empresas &Negócios - dívida - aperto - divulgação stockvault

Empresas &Negócios - dívida - aperto - divulgação stockvault


STOCKVAULT/DIVULGAÇÃO/JC
Com o avanço do dólar e a redução do uso do cartão de crédito no último ano, menos pontos foram emitidos em programas de fidelidade, apesar do aumento do número de usuários. Muito usadas em passagens aéreas, as conversões passaram a contemplar mais o pagamento de contas, o crédito em postos de gasolina e a troca por vale-presente.
"O consumo com cartão de crédito cresceu pouco; e o câmbio, que é usado na conversão de pontos em milhas, subiu. Isso reduziu o volume de pontos emitidos", diz Roberto Medeiros, diretor presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf). Segundo a entidade, o número de usuários desses programas cresceu 17% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano anterior. Enquanto isso, o volume de pontos emitidos caiu quase 8%, e o de pontos resgatados recuou 5%.
"Os consumidores têm usado mais os pontos para pagar suas contas", diz Emerson Moreira, presidente executivo do Grupo LTM, cujos programas fornecidos para outras empresas permitem quitar faturas de água, luz e telefone. Presidente da Dotz, Roberto Chade percebe o mesmo movimento e afirma: "O consumidor está mais consciente e seletivo". O executivo diz que os clientes da empresa, cuja emissão de pontos cresceu 19% neste ano, usam mais seus pontos para trocas em supermercados.
Uma pesquisa da consultoria britânica Collinson Group apontou que, nos últimos dois anos, o número de usuários de classe média-alta desses programas recuou em 10 países, incluindo o Brasil. Em relatório, a consultoria sugere que as empresas repensem a maneira como recompensam seus clientes e apostem em iniciativas mais personalizadas. "As empresas de fidelidade precisam se tornar mais relevantes para seus clientes", diz Silvio Laban, coordenador-geral dos programas de MBA e professor do Insper. Para ele, esses programas vivem um momento de transformação que deve beneficiar o consumidor.  
Companhias têm feito apostas nesse sentido. A Smiles, por exemplo, firmou, no primeiro semestre, parcerias com o Grupo Pão de Açúcar e a Shell. Presidente da empresa, Leonel Andrade afirma que o crescimento mais forte, no entanto, foi visto em passagens aéreas. Voltada para clientes do Banco do Brasil e do Bradesco, a Livelo também investe no varejo. "Buscamos mais parcerias para oferecer produtos e serviços", diz Alexandre Moshe, diretor executivo da companhia.
O diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, explica que não é só a renda que determina o limite do consumidor banco. Históricos de pontualidade nos pagamentos, por exemplo, também são considerados. De todo modo, Oliveira ressalta que essa política mais agressiva de crédito ficou para trás e não é mais praticada para os novos clientes que hoje entram nos bancos.
Além de prejudicar o padrão de vida, o descontrole dos gastos mensais atrapalha o planejamento para o futuro. "O consumidor reluta em aceitar que a renda de hoje deve garantir o padrão de vida também na aposentadoria", afirma. E nem os mais preocupados com a velhice estão imunes ao mau uso do dinheiro. Viviane explica que, em muitos casos, a ânsia em respeitar todos os compromissos mesmo quando a conta está no vermelho ajuda a perpetuar decisões equivocadas.

Taxa média de juros de operações de crédito tem 23ª alta seguida em agosto

As taxas de juros das operações de crédito cresceram em agosto, sendo a oitava alta no ano e a 23ª consecutiva. Das seis linhas de crédito pesquisadas, apenas uma não teve alteração na taxa de juros em agosto - CDC-bancos-financiamento de veículos. As demais taxas - juros do comércio, cartão de crédito-rotativo, cheque especial, empréstimo pessoal de bancos e empréstimo pessoal de financeiras - sofreram aumento, de acordo com a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou elevação de 0,04 ponto percentual no mês (1,13 ponto percentual no ano), correspondente à elevação de 0,49% no mês (0,73% em 12 meses), passando de 8,09% ao mês (154,35% ao ano) em julho para 8,13% ao mês (155,48% ao ano) em agosto, sendo esta a maior taxa de juros desde agosto de 2003.
De acordo com os economistas da Anefac, o cenário econômico atual aumenta o risco do crescimento nos índices de inadimplência. "Este cenário se baseia no fato de que os índices de inflação mais elevados, aumento de impostos e juros maiores reduziram a renda das famílias. Agregado a isto, a recessão econômica deve promover crescimento dos índices de desemprego. Tudo isto somado e o fato de as expectativas para 2016 serem igualmente negativas levam as instituições financeiras a aumentarem suas taxas de juros para compensarem prováveis perdas com a elevação da inadimplência."
Para a pessoa jurídica, as três linhas de crédito pesquisadas tiveram elevação. A taxa de juros média geral para pessoa jurídica subiu 0,03 ponto percentual no mês (0,59 ponto percentual em 12 meses), correspondente a uma elevação de 0,64% no mês (0,81% em doze meses), passando de 4,72% ao mês (73,92% ao ano) em julho para 4,75% ao mês (74,52% ao ano) em agosto. Esta foi a maior taxa de juros desde agosto de 2003.
Segundo os dados, a alta da taxa básica de juros (Selic) foi superior a 7 pontos percentuais (elevação de 96,55%), passando de 7,25% ao ano em março de 2013 para 14,25% ao ano em agosto de 2016.
Neste período, a taxa de juros média para pessoa física aumentou 67,51 pontos percentuais (elevação de 76,74%), de 87,97% ao ano em março de 2013 para 155,48% ao ano em agosto de 2016. Nas operações de crédito para pessoa jurídica, houve elevação de 30,94 pontos percentuais (elevação de 71%), de 43,58% ao ano em março de 2013 para 74,52% ao ano em agosto de 2016.
Para a Anefac, a tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito voltem a subir nos próximos meses. "Entretanto, como existe a expectativa de que o Banco Central possa vir a reduzir a taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses, este fato pode igualmente contribuir para a redução das taxas de juros das operações de crédito."