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Empresas & Negócios

- Publicada em 01 de Setembro de 2016 às 17:05

E se a rua fosse seu lar?

Estudantes se dedicam a elaborar ações voltadas à população de rua

Estudantes se dedicam a elaborar ações voltadas à população de rua


NATÁLIA PEGORER /DIVULGAÇÃO/JC
Nicole Feijó
Como podemos transformar a realidade dos moradores das ruas de Porto Alegre? Essa pergunta motiva um grupo de 20 universitários a se reunir e pensar em ações de conscientização social sobre essas pessoas, em um movimento chamado Margens Poa. Longe da crença de que a mudança do mundo começa com a ação individual, eles acreditam que mudanças sociais só serão efetivas e mais amplas quando mobilizarem a sociedade como um todo.
Como podemos transformar a realidade dos moradores das ruas de Porto Alegre? Essa pergunta motiva um grupo de 20 universitários a se reunir e pensar em ações de conscientização social sobre essas pessoas, em um movimento chamado Margens Poa. Longe da crença de que a mudança do mundo começa com a ação individual, eles acreditam que mudanças sociais só serão efetivas e mais amplas quando mobilizarem a sociedade como um todo.
A idealização do projeto é da estudante de Publicidade e Propaganda Helen Raphaelli, que, ao ouvir histórias de moradores de rua, se interessou pela vida e as perspectivas de futuro deles que, segundo ela, estão às margens da sociedade. "Comecei a pesquisar o assunto e acabei desconstruindo tudo o que eu pensava sobre o morador de rua", relembra. Os comentários negativos sobre essa parte da população a incomodaram, e foi então que ela passou a pensar em formas de mudar a visão da sociedade sobre eles. A convite dela, Álvaro Carvalho, Amanda Santana, Bruno Becker, Eduarda Bandeira, Eduardo Belucce, Ellen Baldissera, Erwin Victor, Filipe Marchiori, Gabrielly Hanzel, Guilherme Oliveira, Ingrid Barreto, Kainan Porto Alegre, Karoline Mazza, Leonardo Kirsch, Letícia Tonelo, Lorenzo Tedesco, Luiz Henrique Viegas, Natália Salvador e Rodrigo Pereira abraçaram a causa e formaram o grupo que hoje compõe o Margens. Em maio, começaram a desenvolver um projeto de comunicação e, em julho, iniciaram as entrevistas com os moradores para conhecer de perto a história deles.
A intenção do grupo é atuar em duas partes, sendo a primeira de conscientização e a segunda de assistencialismo. Em julho, realizaram a primeira ação no Parque da Redenção, durante a qual carregaram pedaços de papelão com questionamentos como "E se a rua fosse sua cama hoje?", com o objetivo de provocar as pessoas a se colocarem no lugar dos moradores de rua. Ainda em fase de entrevista, estão coletando material para fortalecer as ações elaboradas e previstas para acontecer ainda no segundo semestre deste ano, entre elas, intervenções urbanas, exposição fotográfica, atos de natal e um projeto que objetiva informar a população de rua sobre questões ligadas à saúde. Para realizá-las, eles contam com empresas parceiras, como Paim, Sinergy, Go Good e Shoot the shit.
Helen explica que o grupo acredita ser mais um movimento do que um projeto, isso porque defendem que a força da transformação está nas parcerias entre iniciativas, como, por exemplo, Amor no Cabide e Banho Solidário, que oferecem doação de roupas e duchas, respectivamente. Ela comenta que existem bons projetos por todo o País, mas que são focados em benefícios muito específicos. "São muito pontuais e momentâneos. É claro que ajudam, mas precisamos de algo maior do que uma doação." Essa ideia de comunhão entre organizações também está representada no nome do movimento. O "Poa", em seguida de "Margens", tem como objetivo informar que a iniciativa é da capital gaúcha, mas que pode acontecer em outras cidades. "É simples de ser replicada em qualquer estado, com as ações definidas, só precisam pessoas dispostas a colocá-las em prática pelo Brasil."
Se, em Porto Alegre, o último censo realizado pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) em 2011 contabilizou 1.347 pessoas em situação de rua; em São Paulo, esse número é muito maior. O último levantamento, pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), da prefeitura da cidade, em 2015, revela um total de 15.904 na mesma condição. Pensando nessa realidade e com objetivo semelhante ao dos estudantes do Margens, o Projeto Olhe surgiu na capital paulista para convocar a sociedade à olhar para essa população na rua.
A idealização é do Coletivo Criativo F5, núcleo de seis publicitários que usam a comunicação, o design e a publicidade para criar projetos com impacto social. Em parceria com ONGs que oferecem trabalhos de recuperação, acompanhamento psicológico e cursos técnicos a moradores de rua, e por meio de uma plataforma on-line, a iniciativa funciona como uma ponte de conexão entre essas pessoas e empresas dispostas a contratá-las. "O grande lance é empoderar elas de novo, para que recuperem o controle das suas vidas", explica Lucas Cordeiro, publicitário do Coletivo Criativo F5.
A ideia de uma iniciativa focada na empregabilidade dessa parte da população surgiu da percepção de esta era uma lacuna em branco, em meio a tantos projetos com caráter assistencialista. Assim como os participantes do Margens Poa, Cordeiro acredita que a união de iniciativas apenas engrandece qualquer tipo de movimento. "Estamos em processo de reestruturação e, para ganhar força, estamos focados em São Paulo, mas pretendemos, no futuro, atuar em outros estados do País", adianta.
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