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- Publicada em 29 de Agosto de 2016 às 17:44

Para o Palácio do Planalto, discurso de Dilma Rousseff não muda placar

Na avaliação de interlocutores do presidente interino Michel Temer (PMDB), o discurso da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) na manhã de ontem no Senado Federal "foi fraco politicamente", "não passou a emoção que prometeu" e "não muda nada no placar".
Na avaliação de interlocutores do presidente interino Michel Temer (PMDB), o discurso da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) na manhã de ontem no Senado Federal "foi fraco politicamente", "não passou a emoção que prometeu" e "não muda nada no placar".
O peemedebista Temer acompanhou o discurso da petista no Palácio do Jaburu, acompanhado do ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Padilha (PMDB). Ainda cedo, chegaram à residência oficial de Temer os ministros da Secretaria-Geral, Geddel Vieira Lima (PMDB); o ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira; e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz.
O governo está avaliando ainda, no entanto, se irá ou não responder às acusações de Dilma a Temer e à sua administração durante seu discurso. A ideia inicial é não retaliar para não polemizar com a presidente afastada e "não criar marola". Mas, se optar por fazê-lo, a resposta não virá por Temer, mas por algum ministro ou auxiliar direto do presidente em exercício. "O presidente Temer não vai bater boca com ela", disse um interlocutor do peemedebista.
Auxiliares do presidente interino avaliam que a fala de Dilma não teve novidades. "Foi mais do mesmo e mostrou que ela não conseguiu mudar nada", emendou outro assessor palaciano. Para eles, após o discurso, a presidente afastada voltou a mostrar, nas respostas aos congressistas, a sua "crônica incapacidade de verbalizar e construir suas ideias". Por fim, todos se dizem convencidos de que os votos computados anteriormente estão "totalmente preservados".
Entretanto, com receio de perder apoios na véspera da definição do processo de impeachment, Temer montou um gabinete para barrar a ofensiva de última hora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para reverter votos em favor de Dilma. A investida de Lula sobre senadores suscetíveis a mudar de posição causou preocupação ao peemedebista, que escalou assessores e líderes aliados para apurar as conversas do petista. Como contraofensiva, Temer tem telefonado a senadores procurados por Lula.
No Planalto, a avaliação é que o placar pró-impeachment chegue a 61 votos caso o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decida votar na fase final.
Para vários auxiliares de Temer, a presidente afastada queria mesmo era fazer um discurso "para a história" e para ficar registrado nos "inúmeros documentários que estão sendo feitos" sobre a vida dela, preservando sua biografia.
Uma preocupação ainda presente é com o tempo que irá durar a sessão no Senado e quando a votação final do impeachment será realizada. Temer tem pressa no finalização dos trabalhos, porque quer viajar para China o quanto antes, para participar da reunião do G-20.

Adversários nas eleições, Dilma e Aécio Neves se enfrentaram em plenário

Oponente da petista nas eleições de 2014, Aécio Neves ironizou encontro

Oponente da petista nas eleições de 2014, Aécio Neves ironizou encontro


GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO/JC
Adversários nas eleições presidenciais de 2014, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) voltaram a se enfrentar no plenário ontem, durante o julgamento do impeachment. "Não poderia imaginar que, depois do debate, nos encontraríamos no Senado Federal nesta posição", disse Aécio.
O senador destacou trechos do discurso inicial de Dilma e disse que "não é desonra alguma perder eleições, sobretudo quando se defende ideias e se cumpre a lei", mas que "não diria o mesmo quando se vence as eleições faltando com a verdade e cometendo ilegalidades".
Aécio citou falas de Dilma em debates eleitorais de 2014, mencionando respostas sobre inflação, baixo crescimento da economia e dívida pública.
Depois, perguntou: "Em que dimensão Vossa Excelência e seu governo se sentem sinceramente responsáveis por essa recessão, pelos 12 milhões de desempregados no Brasil, por 60 milhões de brasileiros com suas contas atrasadas e uma perda média de 5% da renda dos trabalhadores brasileiros?".
Dilma respondeu afirmando que também "jamais imaginaria" que, após os debates eleitorais em 2014, voltaria a encontrar o senador nesta situação.
Dilma Rousseff afirmou que Aécio a acusou "sistematicamente" após o pleito. Ela menciona tentativas de impugnar seu mandato, como recontagem das urnas eletrônicas e dos gastos com a campanha eleitoral.
A presidente afastada voltou a criticar a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados, o que, segundo ela, "produziu situação complexa" para o governo.
"Eu quero deixar claro, senador, que eu respeito o voto direto neste País. Acho que o voto direto é uma grande conquista nossa", afirmou. "Por isso respeito todos que concorreram comigo. Agora, não respeito a eleição indireta, que é produto de processo de impeachment sem crime de responsabilidade."

Temer não comenta discurso e diz que aguarda julgamento com 'tranquilidade'

Ontem, Michel Temer evitou comentar o discurso feito no Senado pela presidente afastada, Dilma Rousseff, com críticas ao governo interino. No final de encontro com medalhistas olímpicos, no Planalto, o peemedebista disse que não assistiu à petista, mas afirmou que aguarda o resultado da fase final do processo de impeachment com "absoluta tranquilidade".
"Eu sou obediente às instituições do país e espero que o Senado venha a decidir", disse o presidente interino.
A avaliação feita pelo governo interino após a fala inicial da petista foi a de que ela adotou poucos recursos emocionais, que poderiam conseguir votos de indecisos, e repetiu a retórica política dos últimos meses, sem trazer elementos novos com potencial de reverter apoios na fase final.
O entorno do peemedebista se irritou com as acusações feitas pela petista de que o governo interino é um "usurpador", mas a ordem no Palácio do Planalto é não rebatê-la publicamente para criar uma polarização política que dê mais espaço ao discurso da presidente afastada.
Na tentativa de passar a mensagem pública de que o governo interino não está preocupado ou paralisado com o processo de impeachment, o presidente interino promoveu um encontro com medalhistas olímpicos ao mesmo tempo em que a petista respondia a perguntas no Senado.
Em discurso, o peemedebista afirmou que os atletas olímpicos são "um exemplo para o país" e disse que, apesar da desconfiança da imprensa internacional, o país conseguiu promover um evento internacional com sucesso.
"Tudo isso foi desmentido pelos fatos", disse. "Vocês deram um espírito de unidade, de fraternidade que se espalha pelo país. E o que o país quer é união", acrescentou.
O encontro teve as presenças de Martine Grael e Kahena Kunze (da vela), Alisson e Bruno (vôlei de praia), Rafaela Silva (judô), Lucas Saatkamp (vôlei de quadra), entre outros medalhistas.
No final do evento, o peemedebista tirou fotos com os atletas e chegou a até mesmo vestir uma touca de polo aquático.
Com a aproximação da imprensa ao peemedebista, no entanto, a segurança presidencial agiu com truculência com jornalistas.
No trajeto até a rampa do Palácio do Planalto, enquanto o peemedebista respondia a perguntas, repórteres e cinegrafistas levaram empurrões e cotoveladas.

Petista exerce o direito à defesa e julgamento é democrático, diz PMDB

O PMDB, partido do presidente interino Michel Temer, publicou nesta segunda-feira uma mensagem nas redes sociais afirmando que a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) está cumprindo seu amplo direito à defesa no Senado e que o julgamento é democrático.
"A presidente afastada Dilma Rousseff faz sua defesa no Senado, cumprindo os passos previstos na Constituição do Brasil e exercendo o amplo direito à sua defesa", afirma o partido em mensagem no Facebook e no Twitter.
O PMDB reproduziu um vídeo com trecho da fala de Dilma em seu discurso inicial, no momento em que ela fala que sofre "de novo com o sentimento de injustiça e o receio de que, mais uma vez, a democracia seja condenada junto comigo."
Após trecho da fala de Dilma, a imagem é congelada sobre ela e aparece a frase: "Não se preocupe. A sua presença no Senado hoje é a comprovação de que esse julgamento é democrático". Na imagem, o partido coloca a logomarca da campanha "O novo Brasil já começou", que é usada desde o dia 26 de junho para promover o governo de Michel Temer.