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eleições 2016

- Publicada em 24 de Agosto de 2016 às 22:56

Coligações entre PT e PMDB diminuem 29% no Rio Grande do Sul

A polarização entre PMDB e PT nas eleições ao Piratini nas últimas décadas e a animosidade entre as duas siglas em nível nacional, com o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), parecem não ter afetado a disposição das legendas para coligações em cidades gaúchas.
O número de alianças diminuiu em relação a 2012, mas PT e PMDB estão coligados no pleito municipal deste ano em, pelo menos, 129 municípios, de acordo com levantamento da reportagem do Jornal do Comércio.
A aliança entre peemedebistas e petistas é pauta de discussões internas no PT desde a admissão do processo contra Dilma na Câmara dos Deputados, em 17 de abril.
No Estado, as alianças tiveram uma queda de 29%, em comparação com as 182 coligações entre os dois partidos registradas em 2012.
Estas coligações representam hoje 26% das candidaturas majoritárias no Estado – em 2012 eram 36%.
Em 2 de maio, a executiva estadual do PT lançou nota com a orientação de que alianças não fossem feitas com "partidos que apoiaram o golpe". A carta afirmava que as coligações com siglas que votaram favoravelmente ao impeachment não seriam homologadas pela direção, mas fez exceções a municípios com menos de 15 mil eleitores, ou em que haja exceção comprovada do apoio ao impeachment.
"A política que deve nortear as composições nas eleições municipais tem que estar em consonância com o enfrentamento e denúncia do golpe, bandeira de todos os lutadores sociais e defensores da democracia", diz o documento do PT-RS. Nacionalmente, a decisão foi de priorizar coligações com partidos como PCdoB e PDT.
Dos 129 municípios com coligações formadas por PT e PMDB, em 58 cidades o candidato a prefeito é peemedebista, número que representa 44% do total das candidaturas conjuntas. O PT é protagonista em 16 municípios, o que representa 12%.
O número de chapas encabeçadas pelo PMDB também era superior em 2012, com o total de 90 cidades, contra 53 do PT.
O maior colégio eleitoral a ter coligação entre os dois partidos neste ano é Sapucaia do Sul, com 104.318 mil eleitores. A aliança será em torno do nome de Dr. Link (PT), com o PMDB representado pelo vice Arlenio.
Para o cientista político Alfredo Alejandro Gugliano, a redução de alianças entre PT e PMDB é modesta no Estado se comparada com o quadro nacional. Em São Paulo, a diminuição foi de 158 cidades, passando de 282 para 124, segundo o pesquisador. "Das oito capitais onde houve acordos entre PT e PMDB em 2012, essa aliança só será mantida em uma delas", afirma.
Paulo Sérgio Peres, também cientista político, explica que as coligações são importantes do ponto de vista do poder político dado às legendas. Para ele, as alianças visam à articulação de três objetivos partidários: conquista de votos, cargos e realização de políticas interessantes às siglas. "Se um partido permanece ideologicamente rígido - e, por isso, não faz aliança com nenhum outro partido de ideologia um pouco mais distante da sua - pode não obter os votos necessários para conquistar cargos e, desde modo, tentar implementar algumas políticas de seu programa", estima.

PT libera aliança em cidades com menos de 15 mil eleitores

Como condição para formação de alianças no Rio Grande do Sul, a executiva estadual do PT orientou os diretórios municipais a não compactuarem com "partidos golpistas". Apesar disso, no pleito deste ano, há 129 alianças com o PMDB, único partido citado textualmente na nota.
Conforme o PT estadual, alguns critérios foram adotados para a formação dessas alianças. "Todos os municípios com mais de 15 mil eleitores, onde nos coligamos com o PMDB, têm declarações oficiais de que os aliados se posicionando contra o golpe", afirma o presidente estadual do PT, Ary Vanazzi. Ele alega que seria impossível uma guinada forte em uma política de alianças de mais de 15 anos.
A cientista política Céli Pinto aponta as peculiaridades das pequenas cidades. "As alianças são focadas em resolver questões locais. A eleição municipal é muito distante das eleições nacionais. Quanto menor é a cidade, mais se tem uma ligação direta entre os eleitores e os candidatos", afirma.
O PMDB entende ligar visões políticas distintas em sua política de alianças. "O partido que faz mais coligações heterogêneas é o PMDB, porque o PMDB ocupa o centro do espectro político, é um partido progressista e moderado. Ele acaba sendo ponte de comunicação entre posições opostas ou até extremas", aponta o deputado Ibsen Pinheiro, presidente estadual do PMDB.
Ibsen ainda afirma que as coligações peemedebistas são feitas meramente pela realidade local, que é sempre respeitada pelo partido.
Posição esta que Céli vê como "profundamente pragmática". A seu ver, está de acordo com a política nacional de "pragmatismo absoluto".