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Impeachment

- Publicada em 16 de Agosto de 2016 às 17:39

Dilma defende plebiscito por novas eleições no País

País estará sofrendo um "inequívoco golpe' seguido de eleição indireta, avalia petista

País estará sofrendo um "inequívoco golpe' seguido de eleição indireta, avalia petista


WILSON DIAS/ABR/JC
A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) pediu ontem a senadores que "não façam a injustiça" de condená-la por um crime que "não cometeu", se disse, mais uma vez, vítima de um "inequívoco golpe" e defendeu a realização de um plebiscito para novas eleições e reforma política.
A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) pediu ontem a senadores que "não façam a injustiça" de condená-la por um crime que "não cometeu", se disse, mais uma vez, vítima de um "inequívoco golpe" e defendeu a realização de um plebiscito para novas eleições e reforma política.
Na carta aos senadores e ao povo brasileiro, lida em um pronunciamento no Palácio da Alvorada, Dilma avaliou que, caso o impeachment seja consumado "sem crime de responsabilidade", o Brasil estará sofrendo um "inequívoco golpe seguido de eleição indireta".
"O colégio eleitoral de 110 milhões de eleitores seria substituído, sem a devida sustentação constitucional, por um colégio eleitoral de 81 senadores. Seria um inequívoco golpe seguido de eleição indireta", afirmou a petista.
Batizada de "Mensagem ao Senado Federal e ao Povo Brasileiro", a carta trata o impeachment como "golpe" e diz que as denúncias contra a petista são "frágeis e inconsistentes". "Não é legítimo, como querem os meus acusadores, afastar o chefe de Estado e de governo pelo 'conjunto da obra'. Quem afasta o presidente pelo 'conjunto da obra' é o povo, e só o povo, nas eleições", disse.
No documento, Dilma defendeu a realização de um plebiscito para a realização de novas eleições e reforma política, com medidas como a fragmentação de partidos, moralização do financiamento das campanhas e mais poder aos eleitores. A questão da reforma política foi uma exigência dos movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). "Estou convencida da necessidade e darei meu apoio irrestrito à convocação de um plebiscito para consultar a população sobre a realização de eleições e reforma política e eleitoral."
Dilma disse ainda que, no período em que esteve afastada do Palácio do Planalto, ouviu "críticas duras" a seu governo, que "erros foram cometidos" e "medidas não foram tomadas". De maneira genérica, afirmou que "acolhe" essas críticas "com humildade e determinação".
De acordo com senadores aliados, Dilma divulgou a carta aos parlamentares enquanto fazia a leitura a jornalistas, o que irritou especialmente os petistas.
A presidente afastada não convidou nenhum dos senadores para estar ao lado dela durante a leitura do documento e estava acompanhada de cinco ex-ministros do PT: Jaques Wagner (Casa Civil), Aloizio Mercadante (Educação), Miguel Rossetto (Trabalho), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Eleonora Menicucci (Mulheres).
Dilma se disse "inocente" e afirmou que "jamais" encontrarão em sua trajetória "registro de desonestidade, covardia ou traição". Nesse momento, aproveitou para fazer uma crítica velada ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e afirmou que não tem "conta na Suíça".
Há semanas, aliados reclamam que Dilma "perdeu o timing" da divulgação da carta e que, agora, o documento não terá mais valor em troca de votos no julgamento final do impeachment, marcado para começar em 25 de agosto.
A presidente afastada fez diversas versões do documento, que, inicialmente, tinha cinco páginas. Na semana passada, em almoço com senadores no Alvorada, pediu mais seis dias para finalizar o texto, que contaria, segundo ela, com novos ajustes.
Dilma queria retirar sugestões de Cristovam Buarque (PPS-DF), que opinou sobre o documento, mas acabou fazendo discurso a favor do impeachment na sessão que tornou a petista ré.

Senado cumprirá seu papel constitucional, diz Renan

Minutos após a divulgação da carta da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), em que chama de "golpe" o processo de impeachment e defende a realização de eleições gerais se permanecer no cargo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que a Casa - no momento de conflagração nacional - vai cumprir o seu papel constitucional.
O peemedebista destacou que, como presidente do Senado, trabalhará para manter a isenção durante o julgamento, que será comandado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
Renan sinalizou ser favorável à realização de sessões do julgamento do processo do impeachment no fim de semana. Ele disse que, nesta quarta-feira, às 11h, haverá uma reunião com o presidente do Supremo e com líderes partidários para se discutir o roteiro do julgamento, cujo início está marcado para a quinta-feira da próxima semana, 25 de agosto.
Mais cedo, antes de se reunir com o presidente interino Michel Temer (PMDB), Renan disse ser contra a realização de um plebiscito para defender novas eleições e reforma política, defendido por Dilma na carta.
"Na democracia, a melhor saída sempre é a saída constitucional, e plebiscito e novas eleições não estão previstos na Constituição. Então isso não é bom", afirmou Renan.