Sobre o Autor
Marcelo � professor da ESPM Foto: Arquivo Pessoal/JC

Marcelo Halpern

professor da ESPM e doutorando no Programa de P�s-Gradua��o em Design da Ufrgs

O outro lado do Pok�mon Go

O recém-lançado, e longe de ser unânime, jogo-aplicativo Pokémon Go, que tem despertado paixão e vício imediato em alguns, e ódio, preocupação e espanto em tantos outros, tem sido motivo de acirrados debates. Enquanto alguns exaltam a mecânica inovadora de interação social móvel na caça por personagens pelas ruas, outros condenam e rebatem com argumentos não tão otimistas em relação à privacidade e segurança. A significativa parcela das críticas ao aplicativo se resumem a uma transferência injustificada e ingênua de responsabilidades pessoais de segurança ou de bom senso do usuário a uma plataforma digital.
Apesar da grande repercussão popular, o Pokémon Go não pode ser abordado apenas como um fenômeno midiático passageiro, mas como um importante marco envolvendo a tecnologia, comportamento e principalmente a mudança de hábitos. O impacto e relação da tecnologia com o comportamento humano vem sendo pesquisado por décadas, obtendo mais relevância com a popularização da internet nos anos 90.
Dentre os tantos campos de pesquisa, algumas áreas em específico, investem no estudo, avaliação e desenvolvimento de produtos e tecnologias orientadas à mudança de comportamento através da persuasão e influência social. Estas áreas partem do princípio de que é possível motivar, encorajar e persuadir pessoas a mudarem comportamentos e hábitos tornando-se mais saudáveis, sociáveis e disciplinadas.
Os videogames que por anos sofreram com a rotulação de estarem vinculados a gerações de jovens sedentários e antissociais, hoje se apresentam como ferramentas capazes de promoverem exatamente o contrário. O jogo propriamente dito é o menos relevante nesta história, mas o impacto que ele tem provocado fazendo com que os jogadores saiam de suas casas, conheçam novos lugares, se exercitem e façam novos amigos é que são os verdadeiros méritos da tecnologia. Esta definitivamente tem interferido positivamente na vida de uma significativa parcela dos usuários.
Apesar de obsoleta e ineficiente, a agenda negativa em relação ao Pokémon Go e a tantos outros aplicativos por vir é bastante compreensível, já que obedece a uma tradição de estranhamento a tecnologias novas e disruptivas que interferem na sociedade e em questões tão pessoais e particulares como os hábitos. Porém, ao invés de crucificar o jogo, e com um pouco mais de tolerância e curiosidade, talvez uma das principais discussões que deveriam ser abertas é de como e onde este tipo de tecnologia poderia ser introduzida de forma a persuadir as pessoas a novos hábitos e beneficiar a sociedade em inumeráveis campos, como a educação, cultura, cidadania, saúde e, principalmente, bem-estar individual.
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