Publicada em 23 de Agosto de 2016 às 18:34

Setor de máquinas agrícolas estima negócios no mesmo patamar do ano passado durante Expointer

Indústrias apostam em sua força junto aos produtores que visitam a Expointer para melhorar os resultados

Indústrias apostam em sua força junto aos produtores que visitam a Expointer para melhorar os resultados


MARCOS NAGELSTEIN/JC
A indústria de máquinas e implementos é, sem dúvida, o setor agrícola que mais sofreu os efeitos da retração econômica brasileira. Mais uma vez, o primeiro semestre apresentou queda na comercialização: foram 21,1 mil unidades vendidas, menos 26,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Trata-se do pior desempenho entre os meses de janeiro e julho desde 2007. Ainda assim, empresas e representantes do setor enxergam melhoras no último trimestre e citam a evolução de 1,3% em julho de 2016 em relação ao mês anterior para falar em retomada.
A indústria de máquinas e implementos é, sem dúvida, o setor agrícola que mais sofreu os efeitos da retração econômica brasileira. Mais uma vez, o primeiro semestre apresentou queda na comercialização: foram 21,1 mil unidades vendidas, menos 26,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Trata-se do pior desempenho entre os meses de janeiro e julho desde 2007. Ainda assim, empresas e representantes do setor enxergam melhoras no último trimestre e citam a evolução de 1,3% em julho de 2016 em relação ao mês anterior para falar em retomada.
"Tivemos uma leve recuperação no segundo trimestre. Paramos de cair e isso já é um sintoma a ser comemorado", analisa o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier. Tradicionalmente, com a safra de verão encerrada e as condições de financiamento para os principais programas do governo federal, como o Moderfrota, divulgadas, o segundo semestre costuma ser melhor. "Os agricultores estavam esperando acabar a colheita para verificar como o preço das commodities se comportaria", explica Bier.
Como a Expointer é a grande feira do segmento nesse período do ano, a indústria sempre aposta muito na sua força junto aos agricultores para melhorar os resultados. "Todos os setores estão sofrendo e não temos como ficar fora desse cenário, mas notamos uma retomada da confiança que queremos transformar em negócios na Expointer", afirma o presidente do Simers. Ainda assim, a expectativa é apenas de manter a estabilidade em relação ao ano passado, quando os contratos firmados em Esteio foram de R$ 1,690 bilhão.
O diretor de vendas da Massey Ferguson, Rodrigo Junqueira, garante que a recuperação, ainda que leve, começou em abril e deve se consolidar durante a Feira. "Se analisarmos os últimos anos, houve grande renovação da frota de máquinas no campo, mas o grau de renovação ainda é baixo. Há espaço para crescer", confia. Além do financiamento público, as grandes empresas do setor aproveitam a Expointer para divulgar os bancos fábrica, com objetivo de agilizar a liberação do crédito.
Para o diretor de vendas da John Deere Brasil, Rodrigo Bonato, o mercado passa por um ajuste tido como natural, principalmente em comparação com os picos de venda em 2013 e 2014. "Isso não acontece apenas no Brasil, mas em outros países também. É um ciclo que, aqui, sem dúvida reflete o complexo cenário macroeconômico", afirma. O foco para os próximos anos deve seguir na renovação tecnológica. "A tendência é os equipamentos deixarem de ser 'ferro' para se tornarem 'inteligência'. Isso é fundamental em uma agricultura de janelas cada vez mais curtas e de alta necessidade de produtividade", destaca Bonato.

Exportações têm o pior patamar da década

As exportações de máquinas seguem representando pouco em relação ao mercado interno, priorizado desde o início do boom do setor no Brasil, iniciado em 2008, quando foi atingido o patamar de 30 mil máquinas comercializadas. De lá para cá, as vendas externas de janeiro a julho caíram de 17,4 mil para apenas 5,1 mil unidades no primeiro semestre deste ano. Nesse caso, a pior performance do setor na última década. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
As barreiras argentinas à importação durante o mandato de Cristina Kirchner são apontadas como causa do cenário. "Nosso principal parceiro sempre foi a Argentina. Como tivemos esses problemas para exportar para lá, acabamos desanimando em um momento e nos voltamos ao mercado interno que ia muito bem", lembra o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos no Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier. Segundo Bier, a mudança de governo no país vizinho pode reverter o quadro. "Estamos tentando retomar, mas o mercado internacional não traz resultados imediatos. É questão de médio e longo prazo para reaver nossas posições fora", destaca.
Enquanto isso, as empresas buscam outros mercados na América do Sul, especialmente em países onde há demanda por mecanização e renovação da frota, como o Chile, o Paraguai, o Uruguai e a Bolívia. "Com as commodities internacionais melhorando, os países para os quais exportamos devem, pelo menos, voltar a reagir. E a cotação do dólar atualmente em relação ao começo do ano com certeza nos auxilia muito para uma retomada no segundo semestre", projeta o coordenador comercial da Valtra no Rio Grande do Sul, Fabrício Müller.

Empresas focam em suporte e gestão de qualidade

 EXPOINTER 2014 - MÁQUINAS AGRÍCOLAS CRÉDITO MARCOS NAGELSTEIN JC

EXPOINTER 2014 - MÁQUINAS AGRÍCOLAS CRÉDITO MARCOS NAGELSTEIN JC


MARCOS NAGELSTEIN/JC
Em um mercado competitivo como o de máquinas e implementos agrícolas, as grandes empresas do setor aproveitam a Expointer para estreitar o relacionamento com os clientes. Entretanto, para captar o agricultor em um dos espaços mais disputados da feira, além da exposição dos produtos e do investimento constante em tecnologia, a aposta tem sido em suporte de qualidade.
A intenção é não deixar o produtor sem assistência nos momentos decisivos. "Buscamos uma solução avançada de gerenciamento agrícola que tem como objetivo melhorar a gestão da propriedade de forma remota", destaca o diretor de vendas da John Deere Brasil, Rodrigo Bonato. A novidade em questão é o JD Link, a ser lançado na feira.
"Queremos oferecer soluções integradas aos agricultores em todas as fases do processo, do plantio à colheita, passando pelos tratos culturais", completa. Nesse sentido, o Fuse Connected Services, da AGCO, gera a possibilidade de controlar, em tempo real, o desempenho e as condições das máquinas. "Trata-se de uma nova perspectiva na relação com os clientes. Isso porque, ao aderir ao programa, o agricultor não opera a máquina sozinho, pois tem uma equipe apoiando remotamente", explica o diretor de vendas da Massey Ferguson, Rodrigo Junqueira.
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