Outra tendência observada em decorrência da taxa de desemprego é a migração dos empregos de carteira assinada para autônomos. De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), julho foi o quarto mês seguido em que se registrou aumento nos trabalhadores "por conta própria", que já são 240 mil pessoas na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ao mesmo tempo, os assalariados com carteira assinada são 985 mil, número 5,1% menor do que há um ano. A situação é vista com cautela, pois são os autônomos, também, que possuem menos benefícios, estabilidade e menor renda, resultando em uma deterioração do mercado de trabalho.
Apenas em junho (a pesquisa da renda é feita em relação ao mês anterior à coleta dos dados sobre emprego), a renda dos autônomos encolheu 3,2%, e já acumula 12,2% de perda em um ano. No mês, a única categoria que apresentou alta nos rendimentos foi a dos assalariados do setor privado com carteira assinada ( 0,6%). O motivo, segundo a economista do Dieese, Lucia Garcia, é a concentração de dissídios nos últimos meses, que conseguiram repor e até ultrapassar a inflação no período. No total de ocupados, que leva em conta também funcionários sem carteira assinada e do setor público, a redução nos rendimentos foi de 1,9% no mês, que resultou em uma retração de 6,9% em um ano.