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Emprego

- Publicada em 30 de Agosto de 2016 às 20:12

Desemprego atinge 11,8 milhões de pessoas

Número de brasileiros atuando em atividades informais ou menos qualificadas cresceu nos últimos meses

Número de brasileiros atuando em atividades informais ou menos qualificadas cresceu nos últimos meses


MARCELO G. RIBEIRO/JC
A fila de pessoas em busca de um emprego já tem 11,847 milhões brasileiros em todo o País. A taxa de desemprego voltou a bater recorde no trimestre encerrado em julho: 11,6%, o maior patamar registrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), série histórica iniciada em 2012. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A fila de pessoas em busca de um emprego já tem 11,847 milhões brasileiros em todo o País. A taxa de desemprego voltou a bater recorde no trimestre encerrado em julho: 11,6%, o maior patamar registrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), série histórica iniciada em 2012. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A massa de rendimentos dos trabalhadores que permanecem ocupados encolheu 4% no trimestre encerrado em julho, ante o mesmo período do ano anterior, o que alimenta o círculo vicioso do desemprego, alertou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. "Você tem menos pessoas gastando, consumindo. Consequentemente, o comércio vai ter menos saída, a indústria vai produzir menos, e você vai ter mais pessoas sendo mandadas embora", disse.
Após sucessivos cortes de vagas e redução no salário de trabalhadores ainda ocupados, a massa de renda em circulação na economia, de R$ 175,3 bilhões, regrediu ao mesmo patamar de maio de 2013. "A desaceleração da inflação é o primeiro passo para sair desse círculo vicioso", disse Mauricio Nakahodo, economista do MUFG (Mitsubishi UFJ Financial Group), dono do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ Brasil. Segundo ele, a redução no IPCA (a taxa oficial de inflação) acumulado em 12 meses "acabará contribuindo para uma estabilização no poder de compras das famílias". Até julho, o IPCA em 12 meses acumula alta de 8,74%. O banco estima que fique um pouco acima de 7,1% no ano.
Em julho, o setor privado eliminou 1,396 milhão de vagas com carteira assinada. "A carteira de trabalho tem o menor patamar desde o trimestre encerrado em julho de 2012", observou Azeredo.
Como consequência, aumentou o número de ocupados em atividades informais ou menos qualificadas, como o trabalho por conta própria (527 mil pessoas a mais no trimestre encerrado em julho em relação ao mesmo trimestre de 2015), trabalho sem carteira assinada no setor privado (95 mil pessoas a mais) e o trabalho doméstico (mais 126 mil pessoas).
Entretanto, na comparação com o trimestre anterior, encerrado em abril, houve redução expressiva no contingente de pessoas trabalhando por conta própria (342 mil a menos), compensada em parte pela elevação no total de trabalhadores informais no setor privado (mais 207 mil).
Segundo Azeredo, o resultado significa que muitos dos trabalhadores com carteira assinada que foram demitidos e passaram a trabalhar por conta própria tiveram de voltar à informalidade no setor privado ou ficaram sem ocupação depois que seus negócios "não vingaram". Com mais pessoas em busca de uma vaga, aumenta ainda mais a taxa de desemprego.
Por grupamentos de atividade, houve estabilidade na população ocupada em todos os grupos na comparação com o trimestre encerrado em abril deste ano. Já frente ao mesmo período de 2015, a estabilidade foi verificada no contingente de trabalhadores na agricultura, construção, comércio, alojamento e alimentação e outros serviços. A população ocupada na indústria caiu 10,6%, em serviços de informação a ocupação reduziu 9,8%, enquanto que tiveram alta os grupos de transporte e armazenagem (4,8%), administração pública (2,7%) e serviços domésticos (3,5%).
Na semana passada, o Ministério do Trabalho divulgou os dados sobre emprego com carteira em julho. O País fechou o mês passado com 94.724 postos de trabalho com carteira assinada a menos do que em junho, o 16º mês consecutivo de saldo líquido negativo do mercado formal. No mesmo período de 2015, foram eliminados 157.905 empregos com carteira assinada, o pior resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciado em 1992.

Para economistas, situação só melhora em meados de 2017

Os sinais de que o pior momento da crise ficou para trás não chegaram ainda ao mercado de trabalho. Segundo economistas, o desemprego deve continuar crescendo até meados do ano que vem. Para Igor Velecico, economista do departamento de pesquisa do Bradesco, o ritmo de demissões no mercado deve ser menor no segundo semestre deste ano, mas a recuperação ainda vai demorar. "O mercado de trabalho reage com um a dois trimestres de defasagem a uma melhora na atividade econômica. Então só devemos ver uma queda da taxa de desemprego na metade de 2017", disse o economista.
O economista Daniel Silva, do Modal Asset, não faz projeção da taxa de desemprego para o próximo ano, mas também avalia que uma recuperação só ocorrerá em 2017. "O emprego é um dos últimos a reagir, porque, durante a recessão, a economia ganha uma margem de ociosidade, a jornada de trabalho é reduzida. Antes de recontratar, isso precisa ser preenchido", diz Silva.
Em relatório, o Itaú diz que a tendência de aumento da taxa de desemprego - que, pela série com ajuste sazonal, avançou pelo 20º mês consecutivo - deve continuar "à frente", já que a queda da economia ainda não teve "impacto completo" no mercado.
O pico do desemprego, segundo as projeções do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), será atingido no começo de 2017, atingindo 12,8% da força de trabalho, e se estabilizando nesse patamar ao longo do ano. A recuperação só virá em 2018. Na opinião de Bruno Ottoni, pesquisador do Ibre, a situação é das piores já vistas na economia. "Os índices de confiança descolaram do desempenho da atividade, e o desemprego já atinge os salários mais altos. Entramos num ciclo vicioso que vai pressionar a taxa ainda mais e que traz um problema de longo prazo, porque já afetou o chefe da família, o jovem que não pode se preparar, porque precisa imediatamente de um emprego e, quanto mais tempo as pessoas demoram a se recolocar, mais dificuldades têm para conseguir um emprego", explica.