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Economia

- Publicada em 22 de Agosto de 2016 às 22:37

Opinião econômica: Parabéns, Rio; parabéns, Brasil

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa


Arquivo/JC
Na avassaladora onda de pessimismo que caracterizou o período de preparação dos Jogos Olímpicos do Rio, as previsões eram catastróficas: as obras não ficariam prontas a tempo; não teríamos condição de garantir a segurança das delegações estrangeiras ante as ameaças do terrorismo internacional; as picadas do mosquito Aedes aegypti fariam um estrago, espalhando zika, dengue e chikungunya entre os visitantes; a poluição da baía da Guanabara impediria as competições aquáticas; e a mobilidade urbana precária nos envergonharia perante o mundo.
Na avassaladora onda de pessimismo que caracterizou o período de preparação dos Jogos Olímpicos do Rio, as previsões eram catastróficas: as obras não ficariam prontas a tempo; não teríamos condição de garantir a segurança das delegações estrangeiras ante as ameaças do terrorismo internacional; as picadas do mosquito Aedes aegypti fariam um estrago, espalhando zika, dengue e chikungunya entre os visitantes; a poluição da baía da Guanabara impediria as competições aquáticas; e a mobilidade urbana precária nos envergonharia perante o mundo.
Houve alguns problemas nesses quesitos. O prédio da Austrália na Vila Olímpica tinha falhas de acabamento; um soldado da Força Nacional foi assassinado; um treinador morreu em acidente de carro; faltou comida no Parque Olímpico; uma câmera desabou. Mas o ambiente do Rio e a organização dos Jogos foram amplamente elogiados e a realidade se apresentou muito melhor do que apregoavam as profecias trágicas.
Embora com o melhor resultado em participações olímpicas, o Brasil teve um desempenho esportivo apenas razoável. Foram sete medalhas de ouro, seis de prata e seis de bronze. Como sempre, vitórias vieram mais em razão da determinação e da perseverança dos atletas do que do apoio efetivo ao esporte, tanto que alguns medalhistas eram desconhecidos do grande público.
Houve conquistas notáveis. A da judoca Rafaela Silva, formada na comunidade de Cidade de Deus, no Rio, foi um exemplo de superação, depois de ela ter sido covardemente insultada quatro anos atrás, após participação na Olimpíada de Londres. O ginasta Diego Hypolito viveu um grande momento ao ganhar a medalha de prata, exorcizando os fantasmas de Pequim e Londres, quando ele teve quedas fatais. O recorde olímpico do salto com vara de Thiago Braz, de 6,06 metros, constituiu uma grata surpresa - não dá para acreditar que um atleta desse nível fosse desconhecido até então. O canoísta Isaquias Queiroz, ganhador de três medalhas, algo que nenhum outro brasileiro conseguira em uma única edição olímpica. E houve ouros nas velas, uma tradição, no futebol masculino, havia muito esperado, e no vôlei masculino de praia e de quadra, além do boxe.
A lição número um a ser tirada do sucesso na organização dos Jogos é que os brasileiros devem acreditar em suas possibilidades e desvestir definitivamente a tradicional camiseta do complexo de inferioridade. A despeito de todos os problemas que o País enfrentou nesse período, na economia e na política, promoveu com brilhantismo nos últimos dois anos os dois maiores eventos esportivos do mundo. Isso não é pouco e precisa ser valorizado.
Os Jogos acabaram, o nó político está praticamente desatado e é hora de voltar à realidade do dia a dia. A lição olímpica, em duas palavras, é o velho lema de Obama: "Nós podemos". Podemos colocar a economia em ordem, sem complexos de inferioridade, ajustar o câmbio, reduzir juros para níveis civilizados, estimular investimentos e cultivar a austeridade, mas abandonando o discurso depressivo do ajuste fiscal e adotando o do crescimento da atividade e do emprego.
O sucesso da Olimpíada, que começou com aquela elogiadíssima festa de abertura no Maracanã, indica que o País pode ter pretensões de protagonismo. Parabéns, Rio. Parabéns, Brasil.
Diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa.
 
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