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bancos

- Publicada em 21 de Agosto de 2016 às 22:00

Serviço digital permite abrir conta em minutos

O correntista que já aderiu ao internet banking está habituado a fazer transações pelo celular ou computadores, mas, fatalmente, terá que ir a uma agência dependendo do serviço que deseja realizar. A abertura de uma conta-corrente, por exemplo, que é a porta de acesso ao sistema bancário, depende da presença do cliente no estabelecimento, munido de documentos e comprovantes de renda e residência, a menos que, ao invés de se deslocar à agência, ele decida ligar o computador ou baixar um aplicativo no celular.
O correntista que já aderiu ao internet banking está habituado a fazer transações pelo celular ou computadores, mas, fatalmente, terá que ir a uma agência dependendo do serviço que deseja realizar. A abertura de uma conta-corrente, por exemplo, que é a porta de acesso ao sistema bancário, depende da presença do cliente no estabelecimento, munido de documentos e comprovantes de renda e residência, a menos que, ao invés de se deslocar à agência, ele decida ligar o computador ou baixar um aplicativo no celular.
A alternativa à tradicional prática das instituições financeiras é simples assim, como foi descrita. O serviço, inicialmente oferecido por empresas que já nasceram 100% digitais, já está levando empresas tradicionais do setor bancário a pensar em soluções para competir na modalidade. É o caso do Santander, que concluiu em março a aquisição da startup ContaSuper, voltada exclusivamente para esse nicho.
O negócio entre as duas empresas foi iniciado em janeiro de 2015, quando o Santander comprou metade das operações da ContaSuper. A startup já havia aberto 203 mil contas. Agora, com 500 mil, a empresa trabalha com a meta de chegar a marca de 1 milhão de contas até o fim deste ano. Um crescimento exponencial, descreve Ezequiel Archipretre, CEO da ContaSuper. "O número vem aumentando a cada semana. Estamos num ritmo bom e a integração com o próprio Santander potencializou o crescimento."
Para abrir a conta, é preciso CPF e preencher um cadastro simples. "É só baixar o aplicativo, e em dois minutos a conta está aberta. A partir daí é só fazer uma carga e começar a transacionar", descreve. O modelo pré-pago facilita a operação e dispensa a consulta aos órgãos de proteção de crédito.
No momento da abertura da conta, o cliente opta por uma modalidade de serviço, com mensalidades que variam de R$ 5,90 a R$ 10,60. Archipretre frisa que os valores só são debitados da conta nos meses em que usá-la.
Além da mensalidade, há tarifas adicionais por operações realizadas, como saques, emissão de extratos, saque no exterior e emissão de cartões extras, que variam de R$ 1,50 a R$ 14,90. Muitos serviços são feitos pelo aplicativo.
A junção do Santander com a ContaSuper representa a atual realidade colocada ao segmento bancário. O banco e a fintech (startup do setor financeiro) que teriam tudo para serem rivais e disputar um mesmo mercado se tornaram aliadas. "A parceria gera mais benefício", avalia Renan Costa Rego, gerente de Aceleração da Artemisia, organização sem fins lucrativos de fomento a negócios de impacto social. O banco quer inovação rápida e com custo reduzido, que as fintechs são capazes de gerar. Ao mesmo tempo, as startups se beneficiam da estrutura e da abrangência que as instituições bancárias oferecem. Juntos, os dois lados se mobilizam para se atender às expectativas do mercado.
De acordo com pesquisa feita pelo banco norte-americano Goldman Sachs, 33% dos jovens entre 18 e 34 anos acreditam que não irão precisar de um banco nos próximos cinco anos, sendo que metade deles acredita que os serviços financeiros de que dependem serão prestados por startups. Por isso, a estimativa da instituição é de que até 2020, 20% dos lucros do setor bancário irão para as fintechs.
Com pouco mais de uma centena de fintechs, segundo dados da FintechLab, o segmento recebeu cerca de R$ 200 milhões em investimentos, no ano passado, e deve chegar a R$ 450 milhões neste ano. "Estamos no começo dessa onda", destaca, otimista, Rego.

Folha de pagamento é opção para as empresas

CEO da ContaSuper, Ezequiel Archipretre, fala em crescimento exponencial

CEO da ContaSuper, Ezequiel Archipretre, fala em crescimento exponencial


ANDERSON SPADA /DIVULGAÇÃO/JC
Os 500 mil clientes da ContaSuper compõem grupos distintos. Um deles é o dos nativos digitais, familiarizados com canais on-line e que buscam agilidade e comunicação simples. Universitários fazem parte de outro segmento que recorreram aos serviços da empresa. Além deles, a fintech tem se voltado com afinco para os clientes corporativos.
As empresas já podem abrir a conta digital pessoa jurídica, salienta Ezequiel Archipretre, CEO da ContaSuper. Essa possibilidade facilita o pagamento dos trabalhadores, destaca, de forma mais rápida e desburocratizada.
Quem também viu no segmento um nicho de mercado foi a Conta Um, fintech criada há dois anos para oferecer serviços ao público desbancarizado. A diretora comercial da startup, Renata Ceschin, observou um grande contingente de pessoas que estavam fora do sistema bancário e que enfrentavam dificuldade em abrir uma conta-corrente quando chegavam ao mercado de trabalho. Foi aí que as soluções para folha de pagamento começaram a ser priorizadas.
"O que oferecemos é uma conta-corrente digital, onde o funcionário faz tudo o que faz com um banco só que com valores reduzidos", relata. O acesso pode ser feito por aplicativo ou pela web, além do cartão, bandeira Mastercard, que pode ser usado como cartão de débito, como o de qualquer banco. "Com a conta digital é possível pagar contas pelo aplicativo", elenca. Renata lembra, ainda, que como o cartão funciona no modelo pré-pago, não há risco de endividamento, já que não há limites ou serviços bancários que gerem cobranças.
Com cerca de 30 empresas entre seus clientes, a Conta Um tem como correntistas pessoas que recebem entre um salário-mínimo e R$ 4 mil. "Especialmente as que têm muita rotativa enxergam bastante vantagem, além de um custo reduzido em relação ao banco, já que não cobramos pelo processamento da folha."
Há cerca de três meses, o CEO da Via Indicadores, Rodrigo Martins, adotou a solução para pagamento da folha. A empresa de gestão tem, no momento, um de seus clientes com seis funcionários incluídos na conta-corrente digital. "Enxergamos grande dificuldade e resistência dos bancos em abrir conta salário", reclama. Com a mudança, ele notou redução no custo com serviços bancários, mas o que faz a diferença mesmo é a praticidade.
Na contratação, a empresa já cadastra o funcionário na conta digital. É um processo mais simples, a ponto de Martins indicar para outros clientes a opção. "Fiquei tão fã da conta digital que dei um cartão para cada uma das minhas duas filhas", conta, descrevendo que as meninas já pagam compras no débito, não dependem de andar com muito dinheiro e ele tem a facilidade de carregar o cartão pelo celular.

Correntista precisa observar regras e segurança, alerta advogado

Boucault sugere pesquisar antes

Boucault sugere pesquisar antes


ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Para quem não nasceu no mundo digital, abrir uma conta-corrente por meio de um dispositivo eletrônico pode parecer um procedimento pouco seguro ou confiável, observa o consultor financeiro e advogado de direitos do consumidor, Dori Boucault. Ele mesmo demonstra que fica com um pé atrás com a modalidade, ainda que a segurança seja um dos pontos fortes das fintechs.
"O público jovem encontra alguns atrativos, enquanto o pessoal de mais idade observa com preocupação, por exemplo, uma das situações é a segurança, que precisa estar privilegiada", comenta. A tendência, no entanto, veio para ficar. Por isso, é importante atentar para as regras de contratação do serviço e buscar informações sobre a credibilidade da empresa.
Nesse contexto, de expansão das fintechs, ele ressalta que há a possibilidade de surgimento de sites fraudulentos. "Em primeiro lugar, não pode haver surpresa, então é preciso que seja avaliado com cuidado o serviço que está sendo contratado", reforça. Além disso, ele orienta para que o usuário consulte se a empresa está de fato constituída, se existe registros em sites como os do Banco Central, Reclame Aqui, Idec e Procon. "Jamais aceite uma proposta que recebeu de cara, sem pesquisar antes."

Proposta favorece acesso ao mercado de investimentos

 Economia - Marcos Lacerda, diretor de comunicação e marketing do Banco Original - Banco digital - Crédito Divulgação banco original

Economia - Marcos Lacerda, diretor de comunicação e marketing do Banco Original - Banco digital - Crédito Divulgação banco original


BANCO ORIGINAL /DIVULGAÇÃO/JC
"A sociedade mudou totalmente, porque a relação com o dinheiro não mudou?" A pergunta retórica feita pelo diretor de comunicação e marketing do Banco Original, Marcos Lacerda, é, na verdade, uma provocação. Assim como para ouvir música você não precisa mais comprar um CD, basta adquirir um serviço que oferece acesso a milhares de canções, ou para pagar uma corrida de táxi não precisa mais do dinheiro ou do cartão se fizer a solicitação por meio de aplicativos, ir ao banco para resolver questões financeiras está se tornando um hábito arcaico.
Quem levantou a questão, inicialmente, foram as fintechs, desafiando o modelo tradicional (e excessivamente burocrático, na visão das novas gerações) dos bancos. Oferecer um serviço digital vai muito além do internet banking ou dos aplicativos bancários, que até facilitam o dia a dia do correntista, mas não eliminam completamente a necessidade de ida à agência ou de procedimentos que poderiam ser mais simples.
"Temos respeito pelos concorrentes, mas o fato é que os bancos clássicos pegaram o banco analógico e colocaram dentro do universo digital, mas é o mesmo banco", define Lacerda. Criado em março deste ano, o Original já nasceu totalmente inserido no universo digital, preparando um arcabouço para atuar nesse segmento, e isso inclui uma relação mais transparente com uma comunicação facilitada. "Todo dia eu vou para o trabalho pensando em como posso ter uma conversa normal, mais simples com os clientes do banco digital", exemplifica.
"A voz e o tom da conversa é normal, não usamos jargões do sistema bancário, quando eles aparecem é por uma exigência mais técnica. Quando o cliente vai fazer uma transferência, eu não pergunto se um TED ou um DOC." Com essa abordagem, o Original tem atraído como clientes jovens com pouca ou nenhuma experiência bancária que se interessam mais pela proposta digital. Outro grupo é o de pessoas que já fazem parte do sistema bancário tradicional, mas que buscam um segundo banco com característica diferente. Há ainda investidores que aderiram à proposta do Original, e que identificam vantagens em ingressar em um banco digital que tem forte atuação em investimentos.
"Temos, claramente, um público que busca a abertura da conta para investir. É um perfil de cliente mais racional, que compara índices de rentabilidade para tomar a decisão", esclarece. No início deste ano, quando foi lançado, o Original tinha como público-alvo correntistas de maior renda. O propósito inicial era ter manter essa segmentação específica no decorrer do primeiro ano e, posteriormente, a partir de março de 2017, criar produtos para atingir outros públicos. Porém, a procura pelos serviços da marca anteciparam essa projeção e hoje o banco, frisa Lacerda, é universal, aberto a todos os níveis de renda.
Mesmo para a população que não tem muito dinheiro para investir, mas quer ingressar no banco com esse objetivo, é possível aportar valores menores, detalha o diretor. Uma das marcas da conta-corrente digital é a acessibilidade, sobre essa ótica, Lacerda defende que o Original também facilita o acesso de seus clientes aos investimentos. "Com R$ 1 mil já é possível investir em CDB", demonstra.
Com projeção de chegar a 100 mil clientes no primeiro ano de operações, o Original se encaminha para concretizar essa meta em novembro deste ano - quatro meses antes do prazo. "Isso demonstra o sucesso do nosso plano", argumenta Lacerda. Controlado pela holding J&F - grupo que detém marcas como JBS (da Friboi e Seara), Vigor e Havaianas -, o projeto do Banco Original foi encabeçado pelo atual ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, com perspectiva de alcançar a marca de dois milhões de clientes em 10 anos.

Segmento tem potencial para promover a inclusão financeira

O baixo número de agências bancárias nas periferias brasileiras é um indício do quanto o sistema bancário pode ser excludente. Ainda que existam correspondentes bancários nessas localidades, eles são insuficientes para promover a inclusão de pessoas de baixa renda ao segmento financeiro. De acordo com levantamento feito pela aceleradora Artemisia, somente 26% dos correspondentes bancários estão autorizados a abrir contas, 68% recebem pagamentos e 62% encaminham empréstimos e financiamentos.
A pesquisa demonstra que cerca de 40% da população não tem acesso a contas bancárias, sejam poupança ou conta-corrente. Os desbancarizados somam aproximadamente 55 milhões de pessoas, complementa Renan Costa Rego, gerente de Aceleração da Artemisia. "São marginalizados", descreve. Além do acesso restrito aos serviços bancários, esse grupo enfrenta, ainda, um o desafio de arcar com custos de transação maiores, seja porque acabam recorrendo ao cartão de crédito ou porque precisam se deslocar para outras regiões quando vão fazer pagamento de contas.
Por trás do desafio que esse grupo enfrenta, há bons negócios que podem surgir para atender um mercado praticamente inexplorado. É aí que as fintechs ganham projeção. Criar serviços financeiros simples e acessíveis para pessoas de baixa renda faz muito sentido, defende o executivo.
O que os empreendedores desse segmento precisam ter como foco é a transparência, que é capaz de propiciar o acesso e também evitar riscos para essa população. Segundo o levantamento da Artemisia, 14 milhões de famílias comprometem mais de 30% da renda mensal com o pagamento de dívidas. E a falta de transparência é o principal componente por trás do endividamento excessivo.
Na Artemisia, os serviços financeiros contemplam entre 5% e 9% dos negócios prospectados nos últimos dois anos. Hoje, a organização conta com oito negócios acelerados desse setor - 10% dos 79 negócios do portfólio da aceleradora.

É banco ou fintech?

Para alcançar a marca de 2 milhões de clientes em uma década, o Banco Original, embora não se classifique como uma fintech recorre ao que as startups do setor fazem de melhor: a inovação. Marcos Lacerda, diretor de Comunicação e Marketing da companhia, explica que a plataforma já está indo para a terceira versão de atualização, buscando fortalecimento de segurança.
Além de aprimorar requisitos de segurança, o desenvolvimento busca também facilidade para o usuário. A esse respeito, o diretor antecipa que uma novidade que está sendo preparada pela empresa é a possibilidade de realizar transferência durante uma interação de duas pessoas por canais de messenger. A ideia é que da mesma maneira que um internauta transfere um arquivo para o outro, faça, da mesma forma, o repasse de valores. Sem precisar sair da tela de bate-papo, uma pessoa só precisa dar o comando, seguindo regras de segurança, para concluir o envio.
O que distingue um banco de uma fintech, explica Lacerda, são os regramentos aos quais cada um está sujeito. O Original não se posiciona como uma fintech porque está condicionada às normas do Banco Central. As condições colocadas pelo órgão de maior regulação do sistema bancário, restringem, por exemplo, que o Original explore áreas ainda não avaliadas pelo Bacen. Um exemplo é a moeda digital Bitcoin. "Essa conversa passa por elementos mais técnicos e amplos. O Bitcoin não faz parte da regulamentação", diz Lacerda.
Na avaliação de Renan Costa Rego, gerente de Aceleração da Artemisia, o usuário busca um serviço transparente, "sem letras pequenas", e que realmente seja simples. "O cliente não vai se preocupar em saber se o produto é oferecido por uma fintech ou por um banco", acrescenta. Ainda assim, a regulamentação pode ser o facilitador para pessoas que, até o momento, aina estão com um pé atrás em relação aos serviços financeiros digitais.